SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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11/4/2016

Estudantes ocupam escolas no Rio e expõem abandono dos serviços públicos

Ocupação das escolas é não só em apoio à greve, mas também e por demandas próprias; estudantes prometem resistir à pressão do governo

Assim como ocorreu em São Paulo e em Goiás no ano passado, estudantes da rede estadual de ensino no Rio estão ocupando escolas. Na noite de sexta-feira (8), parte deles entrou no Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, na Zona Norte, pensando em não sair de lá tão cedo. Foi a 17ª escola ocupada por um movimento que começou no dia 21 de março e que vem ganhando força.

O movimento não só apoia a greve dos educadores, como constrói uma pauta própria, na qual defende mudanças nas condições de ensino. O primeiro colégio a ser ocupada foi o Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, no dia 21 de março. A iniciativa mobilizou estudantes da Zona Norte, que ocuparam outras escolas. O movimento se expandiu para outras áreas do estado, como o Norte Fluminense e as regiões Serrana e dos Lagos.

Participação de pais

Recebendo apoio de pais e estudantes de outras escolas, apesar da pressão da Secretaria de Educação, os alunos dizem que não vão desistir da ocupação. "A gente não vai retroceder, vamos continuar ocupando mais escolas. Fizemos atos, cartas, abaixo-assinado e nada mudou. Nosso último recurso é a ocupação", disse a secundarista Camila Queiroz.

Para a professora Ana Santos, o diferencial das ocupações é a organização e participação dos alunos e da comunidade na vida cotidiana da escola. "Os estudantes estão controlando o colégio desde limpeza a alimentação, todas as atividades de programações culturais e pelo menos a experiência que estamos tendo na Visconde de Cairú está sendo muito positiva e produtiva", disse à reportagem, explicando que as ocupações nas escolas cariocas, embora distintas das realizadas pelos secundaristas paulistas, têm como pano de fundo "a questão crítica e terrível da educação".

Apoio aos grevistas

A mobilização dos estudantes ocorre no momento em que a greve dos servidores estaduais ganha mais adesões e visibilidade. A categoria enfrenta o pacote de medidas do governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB), que está afastado porque está doente, substituído interinamente pelo vice, Francisco Dornelles, também do PMDB fluminense.

Os estudantes já estavam apoiando a greve e tentando somar forças antes das ocupações, principalmente participando dos atos públicos. “Temos visto a luta dos professores e viemos apoiar, já é a segunda manifestação que venho”, disse a estudante Isabella Soares, do Instituto de Educação Rangel Pestana, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, durante o ato conjunto do funcionalismo estadual realizado no dia 6 de abril, O protesto marcou a entrada em greve de outros setores, totalizando cerca de 30 segmentos do serviço público estadual paralisados – entre eles a Justiça, o Detran e a saúde.

Esse dia é um marco não só no crescimento da greve, como na visibilidade alcançada na mídia convencional e nas redes sociais. Pela primeira vez, o governador em exercício chegou a receber representantes dos grevistas e disse estar disposto a iniciar um processo de negociação, envolvendo as principais secretariais relacionadas ao setor – o que começaria no dia 14 de abril, data de mais protestos.

Escolas ocupadas

A ocupação das escolas, por sua vez, passa por um momento que pode ser delicado e decisivo: para ganhar relevância e vida mais longa, as ocupações precisam crescer, como ocorreu em São Paulo no ano passado. Há sinais que apontam para isso – em 48 horas, o número de escolas ocupadas pulou de dez para 17. Em uma delas, a Chico Anysio, na Tijuca, Zona Norte, o governo tentou impedir, acionando policiais militares para ocupá-la antes dos estudantes, que persistiram e acabaram consolidando o controle sobre o espaço físico do colégio.

A lista de escolas ocupadas, até a noite de sexta-feira (8), é a seguinte: colégios Gomes Freire e Heitor Lira, ambos na Penha, Visconde de Cairú, no Méier, Euclydes Paulo da Silva, em Maricá, Dr. João Nery, em Mendes, Matias Neto, em Macaé, ETE Helber Vignoli Muniz - Faetec Bacaxá, em Saquarema, Professor Clóvis Monteiro, no Jacaré, Irineu Marinho, em Caxias, Stuart Angel, em Bangu, o Instituto de Educação Ismael Coutinho, em Niterói, os colégios Guanabara e Professora Gloria Roussin Guedes, em Volta Redonda, e o Colégio Chico Anísio, na Tijuca, Doutor Francisco de Paula Paranhos, em Iguaba, Ciep 460 Thiophyla Bragança, em Araruama e Colégio Estadual Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos.

 




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