SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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29/3/2016

No Judiciário, luta das mulheres inclui redução da jornada

"Uma hora a menos de serviço faria grande diferença", diz psicóloga do TRE

Apesar de terem salários inferiores aos dos homens, as mulheres têm a mesma carga de trabalho. Mas as suas tarefas não se encerram ao final do seu expediente, pois, ao chegar em casa, elas começam a jornada dos trabalhos domésticos e essa não tem hora para terminar. Trazendo essa problemática para o ambiente do PJU, a psicóloga clínica da Coordenadoria de Atenção à Saúde do TRE, Christina Villaça, avalia que a redução da jornada de trabalho é fundamental para a qualidade de vida das servidoras do Judiciário.

JJ - Quais são os problemas de saúde mais frequentes entre as servidoras do Judiciário?

Os problemas que mais aparecem são os ligados à ansiedade, à depressão e às questões da vida em sociedade. Entre as mulheres, aparecem muito as questões da maternidade e sentimos que as pessoas precisam de um espaço para refletir sobre como lidar com os filhos. As mulheres separadas, em particular, têm muitos problemas em relação a isso porque a educação dos filhos fica mais com as mulheres, o que é muito angustiante para elas.

JJ - Como os processos de trabalho afetam a saúde dessas mulheres?

Essa é uma questão ampla, que não envolve somente as mulheres. Muitas pessoas se frustram ao buscar certa estabilidade e não poder escolher um emprego que faça sentido do ponto de vista existencial. Muitas vezes elas não têm uma lotação adequada, que esteja de acordo com seu perfil, e acabam sendo subutilizadas. Também trazem expectativas irreais quanto a conseguir outra lotação.

JJ - O que o Judiciário deveria fazer para proteger a saúde das servidoras?

Uma das coisas que o Judiciário poderia fazer seriam palestras de orientação para quem tem filhos, palestras sobre como evitar o estresse, além de programas de escuta para problemas com a chefia, sobre a questão do assédio, etc. Seria importante criar espaços que servissem como tentativa de evitar conflitos. É bom destacar o artigo 7º da Resolução 207/2015 do CNJ [que institui a Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário], que prevê equipe multiprofissional, com atuação transdisciplinar. Mas há também o aspecto preventivo, que poderia ser tratado com programas voltados à qualidade de vida.

JJ - Há relação entre a jornada de trabalho e os problemas de saúde das servidoras?

Essa questão é fundamental. A jornada de 6 horas é mais do que suficiente para o serviço, como ficou provado em vários tribunais. Além disso, penso que a informática deveria favorecer também o servidor e não apenas quem busca o Judiciário. Em nossas conversas com as mulheres, percebemos que uma hora a menos de serviço faria grande diferença, e não só para as que são mães.




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