SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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29/3/2016

Mulheres são maioria entre os desempregados e ainda têm menores salários

Pesquisa do PNAD revela que brasileiras tem rendimentos 24% menores que homens

Em um país governado por uma mulher, a distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é de proporções enormes: elas ganham menos, pagam mais impostos, são maioria entre os desempregados e ocupam menos cargos de chefia.

De acordo com o último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os salários dos brasileiros superam em 24% os ganhos mensais das brasileiras. A pesquisa do boletim Mulher & Trabalho, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) em 2015, aponta que o rendimento mé- dio real das mulheres ocupadas na região metropolitana de São Paulo era R$ 1.667, enquanto a dos homens chegava a R$ 2.245.

E a disparidade do rendimento é apenas parte do problema. Ainda segundo a PNAD, há 52,433 milhões de homens empregados no Brasil, ante 39,656 milhões de mulheres. Já entre os desempregados, elas são maioria: 4,601 milhões mulheres não encontram trabalho, situação vivida por 4,378 milhões de homens.

Para piorar o quadro, grande parte das mulheres ainda está localizada nos empregos mais precarizados (trabalho doméstico, telemarketing, por exemplo) e, em pleno Século XXI, ainda são responsabilizadas pelas atribuições familiares, filhos e demais tarefas domésticas de sua casa, o que lhes acarreta duplas e até triplas jornadas de trabalho.

Dilma governa para os grandes empresários

Quem tinha esperança que em um governo de uma mulher a situação melhoraria, se enganou. A primeira presidente mulher do país piorou a situação das mulheres, em nome da aplicação do ajuste fiscal que, ao invés de solucionar a crise econômica, significa apenas arrocho salarial e retirada de direitos para os trabalhadores, em detrimento de garantir mais lucros para investidores e banqueiros.

Os ataques começaram antes do início do segundo mandato, logo após vencer as eleições, a presidente editou as Medidas Provisórias 664 e 665 que dificultaram o acesso ao seguro-desemprego, auxílio doença, PIS e pensão por morte. O impacto negativo das medidas sobre a vida dos trabalhadores é grande, no entanto, é maior para as mulheres, que são a maior parte das pensionistas no país e maioria entre os desempregados.

Mas não acaba aí. Dilma ainda retirou o status de ministério da Secretaria de Políticas para as Mulheres e continua investindo apenas 26 centavos para cada vítima de violência. Mesmo sabendo que o Brasil segue ocupando a sétima posição no ranking de países que mais matam mulheres, e ainda carrega o índice de cerca de 50 mil casos de estupros ao ano.

As mulheres também são diretamente afetadas com os cortes que o governo fez nas áreas sociais. Na educação, por exemplo, dos quase 10 bilhões de reais de redução no orçamento, 3,5 bi foram na área de educação infantil, ou seja, na construção e ampliação do número de creches. A ausência desse serviço é uma das principais causas para as mulheres não entrarem no mercado de trabalho formal, por que recai sobre elas a obrigação do cuidado com os filhos. Esse corte também acaba com as já poucas políticas de permanência das mulheres jovens nas universidades, sem contar os cortes nas bolsas do Fies.

Reforma da previdência

O mais novo ataque do governo federal é uma nova reforma na Previdência. O plano é unificar as regras da Previdência para homens e mulheres, trabalhadores urbanos e rurais, além de servidores públicos e trabalhadores do setor privado. A ideia é impor uma mesma idade mínima para todas as aposentadorias (hoje a aposentadoria por idade para os trabalhadores urbanos é de 65 anos para homens e 60 para mulheres) e, principalmente, elevar a idade com que os trabalhadores brasileiros se aposentam.

Na opinião da servidora da JT e diretora do Sindicato, Inês Leal, esta nova reforma da Previdência será um ataque sem precedentes do governo do PT aos trabalhadores brasileiros. “A proposta é nos fazer trabalhar ainda mais para sobrar mais dinheiro para o pagamento da dívida pública, o próprio INSS afirma que, em geral, se atinge os anos necessários de contribuição aos 53, eles querem que os trabalhadores contribuam por mais doze anos”, avaliou a servidora. “Será um forte ataque aos servidores públicos e, principalmente, às mulheres, pois desconsidera a dupla e tripla jornada cumprida pelas trabalhadoras brasileiras”, declarou.

Contra o machismo, nossa luta é todo dia

Para a servidora do TRE e diretora do Sindicato Raquel Morel, todas essas desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho ampliam os lucros dos empresários, que se aproveitam do machismo cotidiano, para superexplorar as mulheres. A diretora lembra ainda que as mulheres têm sido protagonistas de mobilizações, greves, ocupações de escolas. “Nossa categoria tem cerca de 54% de mulheres e vimos na nossa greve ano passado a força das mulheres, nos erguemos na luta e levantamos nossas vozes contra a política de arrocho salarial do governo”, afirmou.

“Nós mulheres sentimos diariamente o machismo na pele e no bolso, para acabar com essa realidade precisamos unir homens e mulheres e colocar um fim no machismo em nossa sociedade, e mais que isso, não podemos aceitar mais ataques do governo, precisamos nos mobilizar para combater todos esses ataques que prejudicam todos os trabalhadores em geral, não só as mulheres”, finalizou Raquel.




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