SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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10/3/2016

Oficial de justiça da JF sofre sequestro relâmpago em SP

Administração deve criar medidas que minimizem os riscos dos servidores, diz diretor do Sintrajud

 

O oficial de justiça da Justiça Federal de São Paulo Fábio Hiroshi Suzuki foi mais uma vítima dos riscos a que estão submetidos os servidores desse segmento: no último sábado, 5, Fábio sofreu seqüestro relâmpago quando cumpria uma diligência na Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista.

Depois de ser agredido e de ficar em poder dos criminosos por cerca de quatro horas, Fábio foi obrigado a entregar-lhes seu carro e seus documentos, além da senha do cartão bancário.

“Sacaram o meu dinheiro e negociaram o meu carro [enquanto eu estava] no porta-malas, ouvindo”, relatou Fábio. “Falaram o tempo todo que me matariam”, contou o oficial de justiça. Ele foi abordado por dois bandidos e o terceiro entrou no carro antes de o levarem a um morro, onde sofreu agressões.

Fábio foi abandonado na divisa entre os municípios de Suzano e Ribeirão Pires. “Não reagi; saí dessa vivo, graças a Deus”, declarou.

Medidas especiais

O diretor do Sintrajud Erlon Sampaio, também oficial de justiça da JF, afirma que o seqüestro relâmpago de Fábio Hiroshi faz parte de uma sequência de atos violentos cometidos contra os oficiais. Erlon diz que nos últimos seis meses tomou conhecimento de outros cinco casos, somente na Central de Mandados da Capital de São Paulo (Ceuni), envolvendo assaltos, ameaças e agressões. Fábio e Erlon trabalham na Ceuni.

 “O Judiciário não tem conhecimento dos riscos a que estamos expostos”, observa Erlon. Ele defende a criação de medidas especiais para evitar que os oficiais arrisquem a vida ao cumprir diligências em locais sabidamente perigosos. Uma das possibilidades nesses casos seria o Judiciário firmar convênio e parceria com a polícia para delimitar as áreas de alto risco

“No Rio de Janeiro, a administração deu o primeiro passo no sentido de minimizar os riscos a que os oficiais de justiça estão expostos e fez isso através de ato administrativo, numa parceria com a polícia carioca”, diz Erlon.

No ano passado, a Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais de Goiás (Assojafgo) chegou a lançar um dossiê sobre Crimes cometidos contra oficiais de justiça durante o cumprimento de ordens judiciais, com informações atualizadas até março de 2015.

“A administração tem o dever moral de promover cursos de direção defensiva, de segurança pessoal e também criar medidas que minimizem os riscos dos servidores que trabalham externamente para dar efetividade às ordens judiciais”, afirma o diretor do Sintrajud.

Evento traumático

Procurado por Fábio Hiroshi, o Sintrajud ofereceu apoio jurídico e psicológico ao oficial. “Esse tipo de evento traumático pode ter várias consequências para as pessoas”, explica o psicólogo e assessor do Sindicato Daniel Luca. “Nessa situação, muitos trabalhadores desenvolvem estresse pós-traumático ou apresentam problemas como ataques de pânico, ansiedade e nervosismo.”

Daniel observa ainda que, diante dos sucessivos casos de violência, mesmo as pessoas que não passam por essa situação podem desenvolver algum tipo de desgaste mental, como ansiedade, tristeza e desmotivação para o trabalho.

O diretor Erlon Sampaio, que também é um dos coordenadores do Núcleo de Oficiais de Justiça do Sintrajud, disse que convocará uma reunião dos oficiais para debater a violência que eles têm enfrentado no dia a dia de trabalho.




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