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A mais recente Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese e da Fundação Seade confirma a discriminação do negro no mercado de trabalho. De acordo com a pesquisa, a proporção de negros no contingente de desempregados na maioria das regiões metropolitana superou 80%, exceto em Porto Alegre (19,1%) e São Paulo (42,6%).
Mesmo na capital paulista, porém, a taxa de desemprego entre a população negra foi de 12% no ano passado, contra 10% entre a população branca. A desigualdade salarial é ainda mais chocante, embora o rendimento médio por hora recebido pelos negros tenha crescido em todas as regiões metropolitanas. Em Fortaleza, onde a situação era menos desigual, eles recebiam apenas 77,5% do que recebiam os brancos.
“Os negros estão mais presentes em ocupações mais precárias, caracterizadas pela ausência de proteção social e, por consequência, menores remunerações”, afirmaram o Dieese e a Seade.
“Os negros são segregados nas entrevistas de emprego”, diz o diretor do Sintrajud Flávio Conrado Júnior, servidor aposentado da Justiça Militar. “Antigamente os recrutadores marcavam a ficha de emprego dos candidatos negros com o número nove e muitos empregadores recusavam trabalhadores negros”, denuncia o servidor.
A situação é ainda mais grave para as mulheres negras, que são a maioria entre os desempregados nessa população. “As desigualdades raciais e as desigualdades de gênero efetivamente se somam no mercado de trabalho”, diz o Dieese.
Por outro lado, entre as 500 maiores empresas do Brasil entrevistadas para uma pesquisa que o Instituto Ethos lançará no final deste mês, apenas 4,7% dos dirigentes são negros, 4,9% têm negros nos conselhos de administração e somente 1,6% das mulheres negras ocupam cargos de gerência.
