"Os servidores receberam com indignação as ameaças do presidente Lula de reprimir as greves do funcionalismo. “É mais uma demonstração da intransigência do governo, que deu bilhões de reais aos banqueiros e agora se nega a atender as reivindicações dos servidores”, afirma Ana Luiza Figueiredo Gomes, da direção do Sintrajud e da federação nacional (Fenajufe).
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse a jornalistas, na segunda-feira (10), que o presidente Lula reuniu ministros para orientá-los a reprimir as greves e até mesmo descontar os dias parados.
Os sindicatos consideram a ameaças infundadas e sem respaldo na legislação. “As greves estão cumprindo os trâmites legais e não foram julgadas abusivas, o governo não pode falar em cortar o ponto dos servidores”, critica Claudio Klein, servidor do TRF de São Paulo e da coordenação do movimento Luta Fenajufe.
Os trabalhadores também vêem nas declarações uma tentativa de manipular a opinião pública. Lula teria dito, por exemplo, que categorias que terão aumento em junho estão ""fazendo greve porque é ano eleitoral”. É uma referência a setores do Executivo que têm a receber uma parcela de reajuste que foi dividido em prestações anuais ao longo de quatro anos
Na avaliação dos servidores, ocorre aí uma dupla injustiça, que se tornou rotina e atinge também o Judiciário: primeiro, o governo demora a conceder reajustes, sempre diferenciados e não-lineares; quando o faz, parcela o percentual acordado a perder de vista (mas trabalha com o valor total, como se as despesas fossem todas para já); depois, volta a ""usar"" essas parcelas para justificar sua política de arrocho, como se fossem reajustes novos e não referentes ao que deixou de ser pago à vista no passado.
Fortalecer a greve
Ao mesmo tempo em que ameaça reprimir os movimentos, o governo diz que as greves são fracas e envolvem poucos servidores. A pergunta inevitável é: se são fracas e não incomodam, por que reunir ministros, chamar a imprensa e ameaçar reprimi-las?
O que isso revela é que as greves incomodam sim e colocam em evidência as lutas dos servidores. É o que avaliam os dirigentes sindicais ouvidos pela reportagem. “A nossa resposta tem que ser fortalecer a greve e nos manter unidos”, defendeu Ana Luiza.
Nesta quarta-feira (12), os servidores fazem manifestações em Brasília para exigir a rejeição do PLP 549/2009, projeto que congela os salários pelos próximos dez anos. No Judiciário Federal, a previsão é de que servidores de pelo menos mais seis estados entrem na greve nacional da categoria.
Por Hélcio Duarte Filho
(colaborou Jocilene Chagas, da Redação do Sintrajud)
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