SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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05/05/2010

Negociação só terá efeito com greve, afirmam servidores do Judiciário e MPU

Greve nacional começa quinta e vai pressionar governo a negociar com servidores; No Amazonas e Mato Grosso, a paralisação contra o congelamento começou antes

A greve nacional dos servidores do Judiciário Federal e do MPU começa nesta quinta-feira, dia 6 de maio. A paralisação foi a resposta encontrada pela categoria para forçar o governo a negociar e abrir caminho para a tramitação dos projetos que revisam os planos de cargos e salários.

Em dois estados a greve já começou: no Amazonas, na segunda (3), e no Mato Grosso, nesta quarta (4). ?A greve já ocorre devido a percepção das inúmeras manobras do governo que culminaram com o engavetamento do projeto. Os servidores estão achando que estas negociações que estão sendo ventiladas entre o STF, TSE e o governo Lula só surtirão efeito com a categoria parada em todo o país?, relata, por email, o servidor Elongio Moreira, presidente do Sinjeam, o sindicato do TRE no Amazonas, onde a Justiça do Trabalho também parou, segundo ele, com boa adesão.

?Tem que ter coragem de começar?

A observação de que as negociações só vão ser para valer sob pressão da greve esteve em parte considerável dos discursos da reunião ampliada da categoria, convocada pela federação nacional (Fenajufe), que decidiu por ratificar o início da greve para 6 de maio. ?A posição hoje daqui é greve, não vamos conquistar o PCS só com articulações políticas?, disse Claudio Klein, do TRF de São Paulo, da delegação do Sintrajud. Será uma greve difícil, avaliou, mas necessária.

Nessa linha de argumentação, os representantes da categoria no Amazonas explicaram por que optaram por começar a greve três dias antes. ?A Justiça do Trabalho do Amazonas já vai cruzar os braços porque entende que se tem que ter negociação, essa negociação tem que ser com greve?, disse Luis Claudio, do Sitra-AM, o sindicato da Trabalhista naquele estado.

A tramitação arrastada na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara, a primeira das seis pelas quais as propostas têm que passar no Congresso Nacional, foi criticada pela servidora Madalena Nunes, do Sintrajufe, o sindicato do Piauí. ?O nosso projeto já teria sido aprovado pelo menos nessa comissão se houvesse uma negociação séria?, constatou. ?É difícil construir a greve, a gente sabe, mas tem que ter a coragem de começar?, disse.

Vozes do Sul do país também defenderam a greve para forçar as negociações. ?Todos estamos conscientes de que [sem mobilização] isso só vai ser protelado?, disse Rosicler Vaz, da Justiça do Trabalho do Paraná e delegada ao evento pelo Sinjutra.

Opinião reforçada por Fagner Azeredo, da delegação do Rio Grande do Sul. ?Esse governo não merece nenhuma confiança dos servidores do Judiciário, já sinalizou que quer acabar com o PCS na primeira comissão?, disse. Outros delegados do mesmo estado também defenderam o início da greve no dia 6: ?Tem que ser feito negociação sim, mas tem que ter povo na rua?, disse Miguel, eleito na assembleia do Sintrajufe-RS.

?Nossa paciência tem o limite da dignidade?

Para Alexandre Brandi, servidor da Justiça Eleitoral de Minas Gerais, mesmo que haja dificuldades a greve tem que ser construída em todos os estados, para que os servidores não negociem sem força aspectos do PCS. ?É óbvio que tem que existir negociação, mas essa negociação passa pela pressão. E a pressão agora é greve?, disse Alexandre, que é presidente do Sitraemg, durante reunião dos servidores que integram o movimento LutaFenajufe.

Para Eldo, eleito na assembleia de Brasília, onde o sindicato defendeu e aprovou parar a partir do dia 12, as negociações sem greve se mostraram ineficientes e, por isso, a categoria tem que cruzar os braços.

O servidor Luis Valério, também de Brasília, comentou que o ministro Cezar Peluso já poderia ter começado a negociar o PCS, pois sabia que seria o novo presidente do STF, mas não o fez. ?A nossa paciência tem o limite da dignidade?, declarou. E fez uma analogia que aposta na superação das dificuldades e das eventuais desigualdades nas mobilizações em cada estado rumo a uma grande paralisação nacional: ?Greve é igual a gripe: ela pega, contagia e se multiplica pela proximidade?.

Por Hélcio Duarte Filho
Luta Fenajufe Notícias




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