Sintrajud repudia o ataque de Bolsonaro aos cursos de Ciências Humanas


26/04/2019 - helio batista

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou nesta sexta-feira, 26 de abril, que o governo estuda “descentralizar” os investimentos nos cursos de Ciências Humanas nas universidades, principalmente Filosofia e Sociologia, num eufemismo para o fim dos cursos federais nessa área.

Ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, Bolsonaro disse que as verbas do governo na educação devem ir para o ensino de “leitura, escrita e fazer conta”, com o objetivo de que a formação “gere renda para a pessoa e bem-estar para a família”.

O anúncio levantou a reação da comunidade acadêmica, como demonstra a nota reproduzida abaixo, do Andes-SN, sindicato que representa os professores das universidades. A diretoria do Sintrajud também considera a medida absurda e repudia mais esse ataque do governo Bolsonaro ao pensamento crítico, à educação e aos serviços públicos.

Foto: Agência Brasil

 

Nota do ANDES-SN contra os ataques à formação na Área de Ciências Humanas

Na manhã desta sexta-feira, 26 de abril, o presidente Bolsonaro, por meio de sua conta de twitter, anunciou que pretende atacar os investimentos “em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)” em favor de “um ofício que gere renda” (SIC).

Ao mesmo tempo em que o presidente prometeu R$ 40.000.000,00 para verba de emendas parlamentares para quem votar a favor da reforma da previdência, ele justifica o ataque contra cursos de ciências humanas no ensino superior por um suposto respeito ao contribuinte. Segundo o presidente, cabe à educação garantir apenas o aprendizado da leitura, da escrita e de fazer contas matemáticas.

Desta forma, o presidente pretende reduzir o campo de possibilidades para a formação humana daquelas e daqueles que dependem única e exclusivamente da educação pública e gratuita, além de expressar que o projeto da extrema direita para o país é de uma educação cada vez mais restrita e alienante, que não permita uma compreensão da realidade social.

As taxas alarmantes de desemprego, para o presidente, não são resultado da crise econômica, da política de austeridade, do sistema da Dívida Pública que favorece banqueiros em detrimento dos investimentos sociais em educação, saúde, Seguridade Social, etc. A solução proposta é a destruição da formação humana, a redução das possibilidades de escolha para o(a)s jovens da classe trabalhadora.

O ataque contra a filosofia, a sociologia e outras áreas das ciências humanas é parte da suposta “guerra cultural” alimentada pelo presidente, por gurus obscurantistas e fundamentalistas religiosos, que hoje buscam uma educação domesticadora, tecnicista e anti-intelectual.

O ANDES-SN repudia tais ataques e reafirma seu projeto em favor da educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada. Para formar indivíduos autônomos, que se apropriam do patrimônio cultural, artístico e científico, historicamente produzido pela humanidade é necessária uma formação humana em que a filosofia, a sociologia e outras ciências estejam presentes. Não existe emancipação humana sem educação pública de qualidade!

Pelo direito de ensinar e aprender!
Por educação, ciência e tecnologia públicas!

Brasília (DF), 26 de abril de 2019
Diretoria do ANDES – Sindicato Nacional

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