Sintrajud participa da Campanha Setembro Amarelo com live sobre prevenção e posvenção


03/09/2021 - Hélio Batista Barboza
Especialistas apontam retirada abrupta de ajuda econômica como um elemento de alerta para riscos; Setembro Amarelo terá live do Sindicato mais uma vez.

 

Esse Setembro Amarelo se inicia, ao menos no Brasil, com uma notícia melhor que a esperada. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho, o número de suicídios no Brasil não teve aumento expressivo durante a pandemia. O total de casos em 2020 foi de 12.895 – 0,4% acima do registrado em 2019, embora mantendo a tendência de alta. A título de comparação, em 2012 foram 6.905 casos.

No ano passado, a revista Lancet Psychiatry publicou estudos que apontavam a incidência de problemas psiquiátricos em 33% dos pacientes internados com covid-19 e em 23% dos profissionais de saúde. Especialistas alertavam para o potencial crescimento dos transtornos psicológicos e dos suicídios em decorrência não só da própria pandemia, como também das medidas de isolamento social, das dificuldades econômicas e da insegurança causada pelo novo cenário. Ao longo desse período, muitos pacientes psiquiátricos tiveram de interromper o tratamento.

O mês de setembro – chamado Setembro Amarelo – é dedicado, em mais de 170 países, à realização de campanhas de esclarecimento, prevenção e posvenção do suicídio. O Dia Mundial de Prevenção será na sexta-feira, 10.

Entrevistado pela CNN Brasil, o psiquiatra José Manoel Bertolote explicou que a pessoa com ideação suicida não busca exatamente a morte, mas a libertação de um sofrimento insuportável. “Ao ser confrontada com uma ameaça concreta de morte, seu instinto de sobrevivência é mobilizado para lutar contra o novo inimigo”, afirmou Bertolote, um dos idealizadores do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

Especialistas apontaram ainda que o isolamento social, embora tenha levado a um aumento da violência doméstica, contribuiu para que as pessoas iniciassem um processo de auto-organização. A proximidade dos membros da família também pode ter ajudado a diminuir casos de automutilação.

Por outro lado, a crise econômica prolongada e a retirada abrupta das medidas assistenciais (como o Auxílio Emergencial) reacendem o alerta quanto ao risco de crescimento dos casos de suicídio quando a pandemia terminar. Além disso, muitas pessoas ainda carregam o luto por familiares e amigos perdidos para a covid.

Live do Sintrajud discute o tema

Ivo Farias

“A perda de um filho ou filha, mesmo que não seja por suicídio, é sempre insuperável”, diz o oficial de justiça aposentado do TRT-2 Ivo Oliveira Farias, um dos fundadores do Sintrajud. “Os pais carregam essa dor pelo resto da vida”, afirma.

Ivo perdeu a filha mais velha para o suicídio em março de 2014 e desde então desenvolve uma militância pela prevenção e posvenção, chamando a atenção da sociedade para a gravidade do problema, para a necessidade de preveni-lo e para a importância de cuidar dos que ficam.

No dia 22 de setembro, às 18 horas, Ivo participa de uma live realizada pelo Sintrajud sobre o tema “Saúde mental na pandemia e prevenção ao suicídio”. Também estarão na transmissão ao vivo Bruno Chapadeiro, perito em Psicologia do Trabalho na Justiça Trabalhista, e a diretora do Sintrajud Luciana Carneiro.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV) mantêm o site oficial da campanha Setembro Amarelo, com informações sobre a prevenção e a posvenção do suicídio e sobre onde buscar ajuda.

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