Sintrajud leva solidariedade à greve do INSS e defende aumentar pressão para o governo a negociar


20/04/2022 - Helcio Duarte Filho
Servidores observaram que sem a mobilização já em curso o governo teria concedido reajuste só a policiais e nem sequer falaria em 5%.

O diretor do Sintrajud e da Fenajufe Fabiano dos Santos fala aos trabalhadores do INSS em greve na ocupação da superintendência do órgão (Foto: Arquivo Sinsprev).

Não haveria sequer a cogitação de 5% se não fosse a mobilização e a movimentação em torno da construção da greve por tempo indeterminado do conjunto dos servidores públicos federais para derrubar o congelamento salarial.

Foi o que afirmou o servidor Fabiano dos Santos, diretor do Sintrajud e da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe), ao prestar solidariedade à greve dos servidores do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), que está sob ameaça de corte de ponto e retaliações. A prévia dos contracheques da categoria, paralisada desde o dia 23 de março em todo o país, saiu com a informação de desconto salarial, na última sexta-feira (15).

“Vocês estão num processo importante, que abre caminho para o que precisa ser a mobilização unitária do funcionalismo. Estamos prestando toda nossa solidariedade, efetiva e política”, disse Fabiano, ao visitar a ocupação que a categoria promove na Superintendência do INSS Regional Sudeste, no Centro de São Paulo, desde a madrugada do dia 18.

O dirigente do Sintrajud mencionou as declarações de integrantes do governo apontando a possibilidade de um reajuste de 5% para o funcionalismo federal. “Recebemos [via mídia] a notícia de um anúncio de 5%, mas a gente tem uma avaliação de que a intenção do governo é não nos dar nada. Nesse cenário em que o governo não tinha a menor intenção de nos dar nada, se estão falando em 5% é por causa da nossa movimentação de greve, que está sendo construída pelos trabalhadores do país inteiro”, analisou.

O servidor Henrique Sales, também da direção do Sintrajud, reafirmou a solidariedade e disse que o melhor apoio que os demais servidores podem fazer neste momento é trabalhar para organizar a mobilização e a greve nacional unificada pelo fim do congelamento salarial e em defesa dos serviços públicos.

“Já realizamos [no Judiciário] duas paralisações, uma de 24 horas e outra de 48 horas em São Paulo. Queremos avançar e nacionalizar essa mobilização”, disse, mencionando que haverá um congresso nacional da categoria (11º Congrejufe), na qual a direção do Sindicato defenderá que o evento também se constitua num polo mobilizador e impulsionador desta luta.

À reportagem do Sintrajud, a servidora do INSS Thaize Antunes, diretora da federação daquela categoria (Fenasps) e do sindicato em São Paulo (Sinsprev), defendeu a importância de o conjunto dos servidores estarem juntos e mobilizados. “Nós estamos num cenário, que é conjuntural, muito difícil no país em que somente [a mobilização da] classe trabalhadora será capaz de garantir algum avanço. Nenhum governo vai nos dar nada. Se o conjunto do funcionalismo não tivesse levantado em janeiro e dito que não aceitaria reajuste somente para uma parcela dos servidores ligados às carreiras policiais, certamente nós já teríamos tido o ato do Bolsonaro conseguindo o reajuste somente para eles”, disse.

A dirigente sindical também defendeu a construção da greve conjunta. “Nós entendemos que somente com a greve, somente com a construção da greve, neste momento, nós vamos garantir o mínimo? Porque nós não estamos falando de reajuste, nós estamos falando de reposição das perdas inflacionárias”, disse.

Também em mensagem ao Sintrajud, o presidente do Sindicato dos Servidores do Banco Central (Sinal), outra categoria em greve, Fábio Faiad, disse que a decisão do setor de paralisar as atividades foi acertada e decorreu da recusa do governo em negociar. “Infelizmente, como vocês já perceberam nas lutas de vocês, nós também percebemos que com esse governo só mobilizando com muita força e fazendo paralisações muito fortes, mostrando muita indignação e muito barulho, a gente vai conseguir avançar nas negociações”, disse.

Também em visita à ocupação dos servidores do INSS na superintendência do órgão, o Padre Júlio Lancellotti declarou apoio aos grevistas e disse que a luta por mais qualidade de trabalho nos serviços públicos é também uma luta em defesa da população. “A agenda do governo é sucatear a Previdência, sucatear todo acesso da população àquilo a que a população tem direito. Vocês estão lutando por qualidade de trabalho e isso tem que ficar claro: qualidade de trabalho não é um benefício só para vocês, é um benefício também para quem vocês vão atender”, afirmou.

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