Fotos: Claudio Cammarota
Na manhã desta quinta-feira (8 de maio), dirigentes do Sintrajud e de base estiveram no 4º Encontro da Justiça Eleitoral Paulista, na Universidade Mackenzie. Na abertura do evento, foram distribuídas braçadeiras em defesa dos/as servidores/as requisitados/as, que já começaram a ser dispensados/as, para serem usadas no dia a dia dos cartórios e chamar a atenção da população para os riscos da terceirização no órgão que detém o maior banco de dados do país.
Ao final deste primeiro dia do evento, o diretor-geral do Tribunal, Cláucio Corrêa, que havia se esquivado do tema na abertura do Encontro, informou que a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia, vai analisar a possibilidade de nova prorrogação do prazo de permanência dos/as requisitados/as porque considera a tercerização nos cartórios inconstitucional.
A ministra já havia assumido esse compromisso em conversa com a dirigente do Sintrajud Isabella Leal, em oportunidade na qual a servidora encontrou a ministra no aeroporto de Confins, e o Sindicato protocolou no TSE o abaixo-assinado que coletou cerca de 4.500 subscrições. A direção do Sintrajud lamenta que as diretorias-gerais de todos os TREs não tenham atuado para que a decisão já tivesse sido tomada. A notícia tardia dada pelo diretor-geral do Regional paulista nesta tarde confirma o que a ministra dissera ao Sindicato e vem na esteira de movimentação do diretor-geral do TRE-PA.
O tema do Encontro, que vai até amanhã (09), é “Por uma gestão saudável, inclusiva e colaborativa”. O objetivo declarado, no entanto, contrasta com a aflição que vivem hoje servidores e servidoras efetivos/as e requisitados/as, especialmente nos cartórios eleitorais, com a política da administração paulista de substituir a força de trabalho requisitada por contratos de terceirização.
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Dos/as 1800 servidores/as requisitados/as no estado de São Paulo que têm de retornar a seus órgãos de origem até 30 de junho deste ano Resolução TSE nº 23.643/2021, cerca de 600 já foram dispensados, de forma absolutamente desrespeitosa com quem dedicou 20, 30 anos de vida à Justiça Eleitoral. O que também vai na contramão da “gestão saudável” proclamada pela administração.
Além do desrespeito a esses/as colegas, a decisão do TRE-SP de terceirizar o serviço realizado pelos/as requisitados/as coloca para os/as efetivos/as a sobrecarga de trabalho e um risco à organização das eleições. Cerca de 38% do quadro do Tribunal é composto por colegas oriundos de prefeituras, do Governo do estado ou de outros órgãos federais.
“O tema do Encontro é muito bonito, mas nós ansiamos que ele tenha uma conexão com a realidade. Porque hoje a realidade dos cartórios eleitorais e dos gestores eleitorais ainda não é essa da gestão saudável e inclusiva”, ressalta o coordenador-geral Lutemberg Souza.
Sobre o limite de prazo de permanência dos/as requisitados/as, Lutemberg aponta que ela “não tem nenhuma conexão com a realidade. Porque os servidores ficam cinco anos com a gente, e quando aprenderam o que é uma eleição têm que retornar aos seus órgãos”.
Outro tema que chamou a atenção no Encontro foi a fala da ministra do TSE Edilene Lobo, a primeira mulher negra no órgão superior, que abordou os paradoxos da ultratecnologização da vida.
Além do isolamento social que a vida mediada pelas tecnologias tem estimulado, a ministra também apontou o problema da conectividade, trabalho decente e mundo sem assédio. O paradoxo “da produtividade versus exaustão, essa ideia difundida pelo mundo tecnológico de empreendedorismo de si mesmo, quando na verdade estamos falando da alta exploração”. O terceiro paradoxo apontado pela ministra “são as grandes construções tecnológicas que viriam para facilitar a vida, superar atividades cansativas, repetitivas, pesadas, perigosas, e, curiosamente, nós vemos a precarização das relações laborais”.
As três contradições citadas pela ministra são parte da realidade da Justiça Eleitoral Paulista que tendem a piorar com a ausência dos/as requisitados/as, aprofundando os índices de adoecimento físico e mental.
No próximo dia 19 de maio (segunda-feira), a partir das 14 horas, o Sintrajud realiza novo ato contra a terceirização, por nomeações e criação de cargos, e em defesa dos/as requisitados/as, em frente à sede do Regional. A manifestação vai cobrar a criação de mais cargos na Justiça Eleitoral, nomeação de todos/as os/as aprovados/as no último concurso e a permanência dos/as requisitados/as, que há anos prestam serviço de excelência no órgão.
A diretoria do Sindicato convoca todos/as servidores/as do Tribunal, cartórios e também aprovados/as no concurso ocorrido no ano passado a participar. A despesa de transporte será reembolsadas pelo Sintrajud mediante o envio do comprovante ao e-mail reembolso@sintrajud.org.br.
Chefes de cartórios com a braçadeira em defesa da permanência dos/as requisitados/as (Arquivo Sintrajud).