O povo equatoriano voltou às ruas nesta segunda-feira (14 de outubro) para comemorar a revogação do decreto dos combustíveis e o estabelecimento de uma mesa de negociações entre o governo do presidente Lenín Moreno e a Coordenadora Nacional de Entidades Indígenas do Equador (Conaie). As organizações populares informam que vão manter a mobilização até que haja justiça para os cidadãos assassinados, que os presos por participar dos protestos sejam libertados e que o estado assegure políticas de atenção aos feridos.
A diretoria do Sindicato reforça a manifestação de solidariedade aos trabalhadores equatorianos e o posicionamento contra os ataques governamentais ao conjunto da população e aos servidores públicos.
Na tarde deste domingo foi revogado o decreto 883, que elevou o preço dos combustíveis em 123% – e que foi o estopim das mobilizações -, e levantados o estado de exceção estabelecido nacionalmente e o toque de recolher na capital, Quito. Desde 2 de outubro o país foi tomado por mobilizações, em particular a capital federal, o que levou inclusive o governo Lenín Moreno a transferir a sede para a cidade de Guayaquil. A mobilização cresceu não só pela elevação do preços da gasolina e do diesel, mas também porque o governo anunciou um pacote de medidas de “austeridade fiscal” que inclui redução de salários e dias de férias para o funcionalismo público e isenção fiscal para exportadores.
O canal ‘Voces’, no YouTube, divulgou hoje em suas redes sociais que o movimento indígena equatoriano exige a renúncia dos ministros María Paula Romo, do Interior, e Oswaldo Jarrín, da Defesa, e sua responsabilização pelas mortes de cidadãos equatorianos decorrentes da repressão perpetrada pelo governo.
A Defensoria Pública do país, que também cobrou do governo a revogação de prisões ilegais e respeito aos direitos humanos durante todo o cerco aos protestos, divulgou informe contabilizando até à meia-noite do dia 13 de outubro oito mortos, 1.192 presos e 1.340 feridos.
No último dia 9, a CSP-Conlutas realizou ato em frente ao consulado do país em São Paulo, no qual o Sintrajud esteve representado. Durante o 4º congresso da Central, ocorrido entre os dias 3 e 6 deste mês na cidade paulista de Vinhedo, foi aprovada uma moção de solidariedade aos equatorianos.
MOÇÃO DE SOLIDARIEDADE ÀS LUTAS CONTRA O PACOTE DO GOVERNO NO EQUADOR
As políticas dos governos de Alianza País, em face da grave crise econômica equatoriana, levaram à redução do poder de compra dos trabalhadores e ao aumento da taxa de desemprego para 5,8%.
– A resposta à crise por parte do governo de Lenin Moreno foi solicitar um empréstimo ao FMI, aumentando a dependência do país do imperialismo e do capital estrangeiro.
– O pacote de medidas neoliberais apresentado na terça-feira, que inclui o aumento de combustíveis, a redução de salários dos funcionários públicos e a diminuição das férias, são exigências do imperialismo. Isso acentuará a crise social e econômica dos trabalhadores e dos setores populares da sociedade equatoriana.
– As medidas anunciadas favorecem os grandes empresários do comércio, que receberão aproximadamente 350 milhões em isenção de impostos, enquanto os funcionários públicos terão redução de aproximadamente 320 milhões com o desconto de 1 dia de salário mensal e dos 15 dias de férias.
– Na manhã de 3 de outubro, o país amanheceu com manifestações massivas contrárias ao pacote, que paralisou as principais cidades, estradas, setor produtivo e meios de transporte. Essa mobilização continuou em 4 de outubro.
– O governo respondeu com forte repressão, prendendo mais de 350, incluindo dirigentes nacionais do movimento e assinando um decreto de exceção que suspende o direito à liberdade de associação e reunião e enviou o exército para as ruas.
– A direção dos trabalhadores do transporte, a Federação Nacional das Cooperativas de Transporte Público de Passageiros do Equador, decretou o fim da paralisação do setor, sem ter conseguido nenhum compromisso do governo.
– As outras organizações de indígenas e trabalhadores, como a CONAIE (Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador), a Frente Unitária de Trabalhadores (FUT) e a CUTCOP (Coordenadora Unitária de Trabalhadores, Camponeses e Organizações Populares) chamaram a continuação da mobilização, convocando uma greve nacional em 9 de outubro contra o pacote.
O Congresso da CONLUTAS resolve:
– Pela libertação imediata de todos os presos políticos.
– Repúdio ao decreto do estado de exceção e pela restauração dos direitos democráticos.
– Repúdio à repressão do exército e da polícia nacional.
– Solidariedade com os trabalhadores, estudantes, povos indígenas e setores populares na luta contra os ataques neoliberais do governo Lenin Moreno e os setores burgueses apoiados pelo imperialismo.