Da esq. para a dir: Antônio Melquiades, Anna Karenina, o juiz Carlos Navarro, Maria Ires e Fabiano dos Santos (Foto: Arquivo Sintrajud).
A diretoria do Sintrajud cobrou ao presidente do Juizado Especial Federal da capital o cumprimento do compromisso firmado pela gestão anterior de oportunizar pedidos de trabalho remoto ou teletrabalho. A demanda foi apresentada em reunião nesta segunda-feira, 23 de maio, com o juiz Carlos Alberto Navarro Perez.
Participaram da audiência os diretores Anna Karenina, Antônio Melquiades (Melqui), Fabiano dos Santos (também dirigente da Fenajufe) e Maria Ires Graciano Lacerda, acompanhados pelo coordenador jurídico do Sindicato, o advogado César Lignelli.
Apesar das dificuldades colocadas pela pandemia de covid-19, o JEF fez a mudança do Sistema Eletrônico dos Juizados Especiais Federais (SisJEF) para o Processo Judicial Eletrônico (PJe). Para a implementação do novo sistema e com a justificativa de que seria melhor para servidores e servidoras “aprenderem” a lidar com o novo sistema, a administração propôs um “acordo” de cumprimento de expediente presencial integral temporário, ainda que a crise sanitária não tivesse sido debelada. Depois seria possibilitada a avaliação do trabalho a distância. A informação foi confirmada pela diretora de Processamento do Juizado, Cristiane Vanderlei.
Em dezembro do ano passado, a gestão anterior do JEF havia assumido compromisso com os servidores de avaliar os requerimentos de trabalho remoto após a mudança dos sistemas. Em meio ao processo de migração dos sistemas, houve a mudança de gestão. Agora, a administração se esquiva de cumprir o compromisso assumido.
Os servidores do JEF estão trabalhando integralmente em regime presencial nos cinco dias da semana, inclusive quem atende no balcão virtual. Só quem já tinha o deferimento do trabalho remoto está autorizado a atuar no regime presencial em sistema de rodízio.
Sob o argumento de que a Resolução 519 – que suspendeu por 60 dias a Resolução 514, que alterava as regras do teletrabalho – travou o sistema de gestão de pessoal (eGP), o juiz Carlos Navarro informou que não teria o que fazer. E frisou que acabou de assumir a gestão.
Os dirigentes do Sintrajud presentes à reunião ressaltaram que o compromisso assumido pela administração independe de gestão, e deve ser honrado. Os servidores, em demonstração inequívoca de compromisso com a prestação de serviço, foram orientados a regressar ao expediente presencial mediante acordo com proposta apresentada pela administração. Não podem agora ser prejudicados.
A direção do Sindicato entrará em contato com a Subsecretaria de Gestão de Pessoas (UGEP) da Justiça Federal e a Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal (SEGE), para melhor orientar os servidores, e continuará acompanhando a questão. Além de formalizar a demanda dos servidores interessados em retornar ao trabalho remoto ou teletrabalho.
Em relação à confirmação de casos de covid-19 no prédio do JEF, no dia 13 deste mês, o Sindicato também cobrou resposta às demandas apresentadas em requerimento protocolado naquele mesmo dia.
A administração informou que todos os servidores da divisão onde foram identificados casos de infecção pelo SarsCov2 e todos os que apresentaram sintomas gripais, com ou sem teste, foram dispensados do trabalho presencial por dez dias. A mesma determinação foi feita para quem convive com pessoas com sintomas ou teste positivo para covid-19. Também teria sido realizada limpeza extra, além do protocolo de desinfecção para o novo coronavírus.
Na resposta da presidência do JEF, chama a atenção o fato de que o Serviço de Saúde da JFSP recomenda o uso de máscara em ambientes fechados, assim como a manutenção de todos os cuidados de segurança, tais como: distanciamento mínimo de um metro, ventilação de ambientes onde for possível, higienização frequente das mãos e superfícies de contato (interruptores, maçanetas, balcões, mesas e cadeiras, teclados e áreas de alimentação).
No JEF, no entanto, a presidência reconheceu que o uso de máscara seria “obrigatório somente nos locais destinados à prestação de serviços de saúde (salas de perícias médicas)”, conforme orientado pela Diretoria do Foro e que teria sido ratificada pelo Núcleo de Saúde.
A diretoria do Sintrajud ressalta que limitar o uso de máscara às salas de perícias vai contra a própria recomendação do NUSA de uso de equipamento de proteção das vias aéreas em todos os ambientes fechados. A direção da entidade também ressalta que o vírus que provocou a maior pandemia em 100 anos não respeita fronteiras.
As unidades judiciárias não oferecem ventilação adequada, não há equipes suficientes para higienização das áreas recomendadas a cada atendimento, e tem sido comum a circulação sem máscara nos prédios. As barreiras de acrílico na divisão onde foram registrados os casos de covid-19 também não impediram as infecções.
O Sindicato segue cobrando a responsabilidade das administrações da Terceira Região com o efetivo controle sanitário, ressaltando que a retomada do expediente presencial foi açodada e só favorece as contaminações.
Nos juizados especiais federais a liberalidade com as regras sanitárias é ainda mais grave, pois as centenas de usuários atendidos todos os dias são cidadãos que já vivem com comorbidades, adoecidos e que têm contato com muitas pessoas no fluxo de atendimento para as perícias, além do uso de elevadores e salas de espera comuns. O Sintrajud defende que o protocolo de funcionamento dos JEFs deve ser o mesmo dos ambientes hospitalares.