Servidores voltam a protestar em Brasília para exigir abertura de negociações


30/03/2022 - Helcio Duarte Filho
Sintrajud participou da manifestação na capital federal, que foi até o Ministério da Economia, mas não foi recebida por Paulo Guedes

Servidores da categoria e da Saúde e Previdência Social em Brasília (Fotos: Dandara Téia)

“Paulo Guedes, você está? Eu vim aqui negociar”. Esta foi uma das palavras de ordem que servidoras e servidores entoaram na manhã desta quarta-feira, 30 de março de 2022, em frente ao Ministério da Economia, em Brasília. Ela expressava de forma direta uma reivindicação da manifestação que é, como muitos dirigentes sindicais destacaram, uma demanda básica: o direito de negociar com o empregador a reposição das perdas salariais que derrubam o valor real da remuneração.

A revisão anual dos salários está prevista na Constituição Federal, mas é negada reiteradamente por governantes e, há três anos e quase três meses, também pelo presidente Jair Bolsonaro. A delegação do Sintrajud participou do protesto, iniciado no Espaço do Servidor logo pela manhã, de onde os trabalhadores saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios, até o prédio da Economia, onde se localiza o gabinete do ministro Paulo Guedes.

Uma comissão foi formada para tentar ser recebida no Ministério, porém, mais uma vez, o governo se negou a dialogar. “Recebemos respostas evasivas, dizendo que o ministro Paulo Guedes não está no país e que não tem ordem para que ninguém nos receba”, relata o servidor Fabiano dos Santos, da direção do Sintrajud e da federação nacional (Fenajufe), que integrou a comissão que acabou não sendo recebida pelos representantes da pasta.

O dirigente sindical avalia que o ato na capital federal foi o maior realizado até aqui na campanha salarial unificada do funcionalismo deste ano e que expressa a construção de uma mobilização que não pode parar. Ressaltou que alguns setores já estão em greve ou entram em breve, caso do INSS e do Banco Central, respectivamente, e que no Judiciário Federal este é um processo em construção. “Estamos aqui exigindo respeito com os servidores públicos e lutando contra uma política que resulta em fome, carestia e desemprego para a população”, disse Fabiano, pouco antes, ao falar no ato representando a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular à qual o Sintrajud é filiado).

Em São Paulo, a categoria faz dois dias de paralisação, iniciada nesta quarta (30), quando se realizou um ato em frente ao TRE. Em Brasília, os servidores voltam a se concentrar em frente ao Ministério da Economia pela manhã desta quinta-feira (31).

O governo prometeu dar uma resposta sobre a reivindicação de reposição salarial emergencial de 19,99% no dia 1º de abril, curiosamente escolheu o tradicional ‘Dia da Mentira’. As direções das entidades sindicais que integram o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Federais (Fonasefe) sabem que o mais provável é que Bolsonaro negue a reivindicação do funcionalismo. Por isso, reiteram a necessidade de construir e fortalecer a mobilização e a greve para forçar o governo a negociar. Jamais houve conquistas ou reposições salariais sem luta, ressaltaram.

Confira abaixo os vídeos dos atos ocorridos em Brasília e em frente ao TRE:

 

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