Servidores têm mais reuniões com deputados e intensificam pressão contra a PEC 32


01/10/2021 - Hélio Batista Barboza
Atividades em Brasília e nas redes sociais buscam virar votos e ganhar indecisos enquanto governo mostra sinais de desarticulação no Congresso.

A diretora do Sintrajud Luciana Carneiro e demais servidores fazem “recepção” aos parlamentares no aeroporto de Brasília (crédito: Valcir Araújo).

Os servidores que foram a Brasília para pressionar os parlamentares contra a aprovação da “reforma” administrativa (PEC 32) tiveram nesta semana mais reuniões com deputados de São Paulo, em meio a atividades de mobilização no aeroporto da capital e nos corredores do Congresso e a novos sinais de dificuldades da base governista para aprovar a matéria. Já se tornou público na mídia que o governo não tem os 308 votos necessários, em duas votações, para fazer o texto sair da Câmara para o Senado.

Fabiano dos Santos e Maria Ires, diretores do Sintrajud, conversam com o deputado Rogério Correia (PT-MG), coordenador da Frente Parlamentar do Serviço Público.

Os diretores do Sintrajud se juntaram aos dos sindicatos de outros estados, da Fenajufe e a servidores de todo o país, inclusive de outras categorias. A categoria aprovou em assembleia greve por tempo indeterminado contra a “reforma” e o Sindicato vem pautando a necessidade de uma greve geral para derrotar o governo.

As reuniões desta semana foram com os deputados Nilto Tatto (PT) e Rosana Valle (PSB) — virtualmente —, Darci de Matos (PSD-SC, que relatou a PEC na Comissão de Constituição e Justiça), Samuel Moreira (PSDB), Paulo Teixeira (PT) e Túlio Gadelha (PDT-PE). A todos, os servidores expuseram os prejuízos que a PEC 32 causa aos seus direitos, ao serviço público e à população. Eles também destacaram que no próximo ano as urnas devem rechaçar os parlamentares favoráveis ao projeto. Ainda no aeroporto, na terça-feira, 28 de setembro, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT) posou para fotos segurando o cartaz do Sintrajud contra a ‘reforma’.

A deputada Rosana Valle disse ao Sindicato que ainda estuda o texto da PEC, embora seu partido tenha fechado posição contra a reforma.

Fabiano dos Santos e Maria Helena Leal se reuniram com o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Já o deputado Samuel Moreira declarou que deve mudar de posição e votar contra a PEC. O próprio parlamentar marcou a reunião, que aconteceu na terça-feira, com o diretor do Sintrajud e coordenador da Fenajufe Fabiano dos Santos e com a servidora aposentada do TRF-3 Maria Helena Leal.

“Ele falou que até votou a favor na Comissão Especial, mas que esperavam que as emendas melhorassem o texto, o que não ocorreu”, relatou Fabiano dos Santos. Segundo o dirigente do Sintrajud e da Fenajufe, Moreira afirmou “que o ideal é nem votar [o texto], porque uma reforma dessas tem que ser votada em primeiro ano de mandato”.

Moreira afirmou ainda, segundo Fabiano, “que o texto como ficou agora é para agradar os policiais, que são base de [Jair] Bolsonaro”.

Na segunda, a deputada e ex-bolsonarista Joice Hasselman (PSL) divulgou vídeo em sua página no Facebook afirmando que, do jeito que está o texto, votará contra a ‘reforma’, embora defenda uma reestruturação com caráter liberalizante dos serviços públicos.

Pressão sobre indecisos

Diretores do Sintrajud já haviam se reunido com os deputados Herculano Passos (MDB), Roberto de Lucena (Podemos) e Ricardo Silva (PSB), e com as assessorias dos deputados Ivan Valente (PSOL), Carla Zambelli (PSL) e Adriana Ventura (Novo).

Nesta semana, na Câmara, houve ainda reuniões das quais participaram os representantes da caravana do Sintrajud, com as assessorias dos deputados Cezinha de Madureira (PSD-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), Luiz Carlos Motta (PL-SP), Marco Bertaioli (PSD-SP), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Policial Kátia Sastre (PSL-SP), Cacá Leão (PP-BA), Carlos Chiodini (MDB-SC), Charles Fernandes (PSD-BA), Elmar Nascimento (DEM-BA), Júnior Ferrari (PSD-PA), Liziane Bayer (PSB-RS), Profª Dayane Pimentel (PSL-BA), Tito (Avante-BA) e Sérgio Brito (PSD-BA).

“Procuramos todos os deputados que ainda se declaram indecisos e até alguns que votaram a favor na CCJ ou na Comissão Especial, para ressaltar que essa reforma é a destruição dos  serviços públicos. E nos surpreendemos que alguns deputados que sempre votam contra nós estão mudando de posição devido à pressão que têm recebido. Por isso é muito importante manter e intensificar essa pressão”, avalia Luciana Carneiro.

Dos representantes de São Paulo na Câmara, ainda não manifestaram posicionamento contrário em relação à PEC 32 os seguintes deputados:

Arnaldo Jardim (Cidadania) – [email protected] – WhatsApp: (61) 96904-8860

Baleia Rossi (MDB) – [email protected] – WhatsApp: (16) 99616-0015

Enrico Misasi (PV) – [email protected] – WhatsApp: (11) 99121-7379

Tiririca (PL) – [email protected] – WhatsApp: (61) 99828-5339

A diretoria do Sintrajud ressalta a importância de os servidores entrarem em contato com esses deputados, inclusive enviando a carta elaborada pelo Sindicato para explicar a rejeição da categoria à PEC 32.

Na próxima semana, o Sintrajud enviará a terceira caravana a Brasília, que recebeu inscrições até esta quinta-feira. O Sindicato já abriu inscrições para a quarta caravana, que estará na capital federal de 13 a 15 de outubro. Clique aqui para se inscrever.

Antes, o tema da rejeição à “reforma” administrativa será levado aos atos deste sábado, 2 de outubro, pelo Fora Bolsonaro.

Bolsonaro frágil no Congresso

Enquanto os servidores intensificam a pressão sobre os parlamentares, torna-se cada vez mais evidente a dificuldade do governo Bolsonaro para aprovar o texto, que depende de 308 votos na Câmara, em duas votações, antes de seguir para mais duas votações no Senado.

Dez deputados da base governista ouvidos pelo colunista Chico Alves, do portal UOL, disseram considerar muito difícil a aprovação, apontando a pressão dos servidores públicos e a proximidade do ano eleitoral. Nesta sexta, reportagem do jornal Valor Econômico informou que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), reconheceu em conversa com aliados a necessidade de adiar a votação da PEC em plenário.

Além disso, a derrubada em série de vetos presidenciais, juntamente com o adiamento e o fatiamento de votações importantes, expôs falhas na articulação de Bolsonaro no Congresso, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Num único dia, a segunda-feira (27), 12 vetos do presidente a projetos aprovados pelo Congresso foram derrubados.

Embora não haja, na opinião da diretoria do Sintrajud, confiabilidade da base governista quando se trata de atacar direitos, também para evitar qualquer manobra e para assegurar a derrota da ‘reforma’ ainda na Câmara, a direção do Sindicato convoca a categoria a manter a mobilização, que vem dando resultados.  “Essa dificuldade do governo é real e é resultado da intensa mobilização dos servidores, que tem frustrado as tentativas de cooptar parlamentares ao expor as falácias em torno do projeto, inclusive de que os atuais servidores não são atingidos”, ressalta Fabiano.

 

*Colaborou: Luciana Araujo.

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