Servidores reafirmam luta conjunta para derrubar congelamento salarial


24/02/2022 - Helcio Duarte Filho
Sintrajud participou da plenária nacional por videoconferência que debateu o calendário de mobilização e a necessidade de construir a greve.

Por pouco mais de duas horas, servidoras e servidores públicos federais debateram, em plenária por videoconferência, a mobilização e a necessidade de construção da greve por tempo indeterminado para derrubar o congelamento salarial.

O Sintrajud esteve representado na atividade, transcorrida na noite da quarta-feira (23) e organizada pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) em parceria com o Fonacate (Fórum Nacional das Carreiras de Estado). Na véspera, veículos de comunicação divulgaram que, por conta da insatisfação do funcionalismo, o governo cogitaria conceder um bônus de R$ 400 para os servidores a título de auxílio-alimentação, o que exclui os aposentados. A ‘proposta’, até a publicação deste texto sem nenhuma formalização, foi criticada na plenária.

Ao longo do debate, foram relatadas as dificuldades enfrentadas pelas entidades sindicais — principalmente por conta da pandemia e do trabalho remoto —, mas também a indignação nas bases e a necessidade e a real possibilidade de construir um forte movimento grevista, caso o governo Bolsonaro não reveja a sua posição de não negociar nada.

“Essa plenária é mais um processo de organização do conjunto do funcionalismo público federal para [construção] de uma greve, para pensarmos nas nossas limitações e condições. O Fonasefe tem certeza da necessidade de uma greve [para enfrentar] um governo negacionista, que levou à morte milhares de pessoas neste país, que ataca os povos indígenas, a população negra, as mulheres, [promove] a destruição ambiental e faz um ataque específico aos servidores públicos como parte de uma estratégia para privatizar os serviços públicos, tão necessários à maioria da população”, disse a professora e servidora Regina Ávila, do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN), que representou o Fórum dos Servidores na coordenação da plenária, ao lado do servidor David Lobão, do Sinasefe, o sindicato dos institutos federais de educação.

Calendário

Foi a primeira plenária após a redefinição do calendário de mobilização — no qual a data indicada para início da greve passa de 9 de março para o dia 23 do mesmo mês e é proposto um dia de luta com paralisações para o dia 16. O debate na videoconferência, que reuniu mais de 200 servidores, abordou este aspecto e, embora tenha havido algumas críticas à mudança, foi ressaltado em vários momentos a importância de tentar se costurar esta unidade nacional do funcionalismo.

O servidor Fabiano dos Santos, da direção do Sintrajud, relatou o processo de construção da mobilização no Judiciário Federal em São Paulo, com a realização de 12 reuniões de base virtuais como parte da convocação da assembleia geral da categoria, realizada na noite deste dia 24. Ele ressaltou a importância de pôr em marcha uma luta conjunta. “A gente tem uma avaliação de que a mobilização e a construção unitária é o que vai nos fortalecer, inclusive nas especificidades [referentes] à nossa categoria no Poder Judiciário”, observou. Fabiano disse, ainda, que o Sintrajud trabalha com a perspectiva de fazer do dia 16 de março um ‘apagão’ no setor, de forma que as pessoas se ‘desconectem’ do trabalho, em boa parte remoto, e participem da jornada de protestos.

O evento teve a participação da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) e do deputado federal Rogério Correa (PT-MG), coordenadores da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Serviços Públicos. Ambos mencionaram a importância que a mobilização dos servidores teve para impedir a aprovação da ‘reforma’ administrativa em 2021. “Dobramos nossa força e musculatura quando o movimento sindical e social vem junto”, disse Alice Portugal, ao mencionar que a oposição ao governo é minoritária na Câmara dos Deputados. Os parlamentares relataram que há um pedido de audiência pública sobre a situação salarial dos servidores na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (Ctasp), além de um requerimento com as assinaturas necessárias para que haja uma sessão no Plenário para debater o assunto — que esbarra nas posições contrárias aos servidores do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Para vencer a intransigência do governo e seus aliados em negociar, os servidores ressaltaram, em vários momentos, que esse movimento precisa ter a força da unidade e da participação das bases da categoria. Não pode ser um blefe.

Como parte dessa construção, o calendário de mobilização aponta ainda a participação nos atos de 8 de Março — Dia Internacional das Mulheres — e o lançamento, no dia seguinte, do Comando Nacional de Construção da Greve, que deverá reunir representantes dos diversos segmentos do funcionalismo.

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