Servidores do TRE decidem ampliar mobilização por adiamento do trabalho presencial


17/07/2020 - helio batista
Assembleia setorial define ações para denunciar risco à saúde na preparação das eleições.

Em estado de greve sanitária desde a semana passada, os servidores do TRE deliberaram em assembleia setorial nesta terça-feira, 14 de julho, desencadear uma série de ações para ampliar a mobilização pelo adiamento do expediente presencial no trabalho de preparação das eleições.

A categoria denuncia que a realização das eleições em novembro – conforme aprovado pelo Congresso Nacional – traz risco imediato à saúde de todos os envolvidos, devido à enorme quantidade de tarefas presenciais exigidas desde já para a preparação do pleito, ao contingente de trabalhadores que deve ser convocado e ao deslocamento dessas pessoas no transporte público.

Nesta terça-feira, o estado de São Paulo contabilizou 417 mortes causadas pela covid-19 em 24 horas, o segundo maior número diário, e um total de 12 mil novos casos, terceiro maior registro desde o início da pandemia no estado. Também nesta terça, o governo do estado anunciou que o réveillon, o carnaval e outros eventos que geram aglomeração só serão realizados quando houver a retomada total da economia e estiver disponível uma vacina contra o novo coronavírus.

Os servidores do TRE exigem que as atividades presenciais sejam retomadas apenas quando houver garantia de proteção à saúde de todos os servidores da sede do Tribunal e dos cartórios eleitorais, incluindo trabalhadores terceirizados e pessoal de apoio, com segurança para deslocamentos e permanência em locais fechados.

Para ampliar a mobilização, eles decidiram fazer circular um abaixo-assinado entre todos os servidores do TRE no estado, buscar o apoio da população por meio da imprensa, unir forças com colegas da Justiça Eleitoral nos outros estados e com colegas dos outros ramos do Judiciário Federal em São Paulo, além de se reunir com a administração do Tribunal.

Condições de trabalho

Nesta quinta-feira, 16 de julho, o Sintrajud transmitiu uma live sobre greve sanitária, instrumento que tem sido usado por outras categorias que resistem a colocar a saúde em risco no trabalho presencial, como os servidores do INSS.

Além de se dirigir à população por meio da mídia, os servidores também vão procurar divulgar sua posição nos canais de comunicação do TRE. Eles já lançaram um manifesto sobre o risco das eleições em meio à crise sanitária.

A Fenajufe realizará um Encontro Nacional dos Servidores da Justiça Eleitoral (Eneje) no dia 25 de julho, com três representantes de cada sindicato. Antes disso, sindicatos ligados ao coletivo LutaFenajufe pressionam pela organização de uma reunião virtual das entidades.

Em São Paulo, os servidores fazem na próxima quarta-feira, 22, assembleia geral da categoria, a fim de envolver os colegas dos outros ramos do Judiciário e eleger os três representantes de São Paulo para o Eneje. A assembleia está marcada para as 14 horas, por meio do aplicativo Zoom (o link será divulgado em breve). A Justiça Federal no estado também já anunciou o retorno presencial para 27 de julho, e o Sindicato realiza assembleia setorial deste ramo na segunda-feira (20), também às 14 horas, pelo Zoom.

“Temos o desafio de transcender os limites da Justiça Eleitoral”, disse o diretor do Sintrajud Henrique Sales Costa na assembleia desta terça-feira. “Urge a necessidade de nos organizarmos. Nosso enfoque não é saber se as eleições vão acontecer, e sim saber se teremos condições de trabalho”, declarou.

“As pessoas não sabem os trâmites internos e a quantidade de coisas que se tem de fazer para que uma eleição se realize. Temos de fazer chegar à mídia o que de fato fazemos para que a eleição aconteça”, acrescentou o servidor Marcos Pereira, do cartório eleitoral em Parelheiros, na zona sul de São Paulo, e diretor de base do Sintrajud.

A assembleia setorial contou com a participação do servidor do TRE-RS Edson Borowski, que trabalha em cartório eleitoral em Caxias do Sul. Ele criticou o que chamou de “terraplanismo” do TSE e contou que um servidor da Justiça Eleitoral no Rio Grande do Sul está hospitalizado com covid-19. “[O ministro Luís Roberto] Barroso acha que as urnas vão cair do céu e que as eleições vão acontecer naturalmente”, afirmou Edson, coordenador da Fenajufe e diretor do Sintrajufe/RS.

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