Servidores do Judiciário expressam sua visão do #15M em vídeos, fotos e declarações


16/05/2019 - Luciana Araujo

A manifestação contra os cortes de 30% do orçamento destinado às universidades e institutos federais e à educação básica, neste dia 15 de maio, emocionou muitos dos participantes. Entre eles, servidores do Judiciário Federal que gravaram vídeos e registram o ato em fotos e postagens nas redes sociais.

Agente de segurança e servidor do TRF-3, Claudio Antônio Klein, fez um vídeo aéreo do ato (assista abaixo), a partir de uma das janelas do Masp, que dá dimensão da quantidade de pessoas presentes. “O ato me surpreendeu pelo tamanho e, sobretudo, pela energia boa dos estudantes. Há muito não via as pessoas tão entusiasmadas e determinadas. Eu acho que o governo mexeu num vespeiro e que os estudantes mostrarão quem é o idiota inútil. Penso que o próximo passo será a greve geral em junho”, afirmou o colega.

Videomaker premiado em concursos e festivais, incluindo a última edição da Mostra de Artes do Sintrajud, o servidor do TRE Washington Assis também produziu um vídeo com detalhes, cartazes e palavras de ordem que marcaram o protesto. Ao som de “É”, de Gonzaguinha, o vídeo mostra a diversidade da juventude e do conjunto do público presente à manifestação (assista abaixo).

“Ontem o país presenciou a maior manifestação, até o momento, contra a política implementada pelo governo Jair Bolsonaro. Foi um movimento unificado de professores, estudantes e trabalhadores de diversos setores. Uma reação da juventude e dos trabalhadores contra os cortes de verbas e a proposta nefasta de ‘reforma’ da Previdência. O recado está dado e caminho sinalizado. Ontem a aula foi na rua! Uma aula do que deve ser feito para derrotar essa política que só prejudica a juventude e o povo trabalhador”, relata.

A unidade entre trabalhadores do setores público e privado, estudantes secundaristas e universitários e pesquisadores levou cerca de 500 mil pessoas à Avenida Paulista, de acordo com a estimativa dos organizadores e o uso da fórmula de cálculo do Datafolha (o instituto não contabilizou a multidão, mas tem como critério em protestos de rua multiplicar o número de quarteirões ocupados pela área de solo e até sete pessoas por metro quadrado quando o protesto está compacto). No caso do ato de ontem, cinco quarteirões da principal Avenida da cidade foram tomados – das 14h às 20 horas as duas pistas foram fechadas e ainda assim as calçadas eram ocupadas. A Paulista tem 50 metros de largura e cerca de dois quilômetros foram ocupados. Usamos como base de cálculo cinco pessoas, e não sete, por metro quadrado.

Para Larissa Chryssafidis, diretora de base no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa,”todos os dias a gente abre os jornais e tem muitas notícias ruins deste governo, é muito desanimador e difícil ter forças e escolher que caminhos de construção a gente deve traçar. Estamos no caminho de uma greve geral contra a ‘reforma’ da Previdência e esse ataque à educação obviamente atinge toda a população e é muito mais palpável que outros temas mais complexos, até mesmo com a ‘reforma’ porque as pessoas pensam que está mais distante, que só velhinho a gente vai se aposentar. Então, acho que o ato teve esse papel muito importante de trazer força para a gente resistir aos ataques contra a população. E estava muito bonito e muito grande, fiquei muito emocionada e feliz em ver tantas pessoas diversas, de tantas idades, todos com o mesmo sentimento de revolta. E acho que a rua tem esse papel fundamental em qualquer luta, que é fazer a gente se enxergar nas outras pessoas, somar nossos corpos e ver que somos muitos e temos força”, afirmou.

Outro diretor de base no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, Pedro Breier afirmou à reportagem que o tamanho e diversidade do ato também foram os elementos que mais lhe tocaram. “Duas coisas me chamaram atenção no ato de ontem, a primeira foi o tamanho do ato, enorme, talvez o maior ato desde 2016 da esquerda. Tinha muita gente, mostra que as pessoas estão começando a se mobilizar, isso é muito bom. Tudo isso em menos cinco meses completos de um governo que ataca pesadamente os trabalhadores, estudantes, a educação e o serviço público, e a resposta está começando a surgir de maneira rápida. Então é um ótimo indício ter tanta gente na Paulista e no Brasil. A outra coisa é a presença, é claro, dos estudantes, tinha muita gente nova, de colégio e faculdade, até em função da pauta, mas é muito bom ver isso, uma juventude indo para as ruas. É um efeito natural de um governo de extrema direita que não respeita as organizações estudantis e sindicatos. Então parece que está começando a se criar uma cultura de resistência e ativismo, que acaba ficando suplantada em governos não tão autoritários e intransigentes”, disse.

Luciano Germano Pereira, há 11 anos no Judiciário e servidor na 8ª vara Previdenciária da Justiça Federal, na capital, avaliou que “foi extraordinária a adesão, não apenas dos servidores públicos como também de diversos segmentos sociais, o que apenas realçou em cores vivas a força popular pela preservação de um direito básico dos cidadãos, no caso, a educação, sinalizando para o governo que o povo se manterá lutando até às últimas consequências pelos direitos assegurados na Constituição.”

“O ato está incrível, muito cheio, está bonito mesmo ver as pessoas se empoderarem desse jeito, sobretudo a juventude. É muito encantador. E é um ato muito importante, porque realmente a educação e a seguridade social são o caminho do progresso para qualquer sociedade”, afirmou ainda durante o ato o oficial de justiça Lucas de Azevedo Teixeira, servidor do Judiciário Federal em São Paulo há cinco anos e lotado no Fórum Trabalhista de Ribeirão Pires.

Marcus Vergne, também servidor do TRT-2 e diretor do Sintrajud, e Ana Luiza de Figueiredo Gomes, aposentada do TRF e dirigente do Sindicato, produziram várias fotos do ato ao longo do trajeto (confira abaixo). A tenda montada pelo Sindicato, junto com entidades do funcionalismo que integram o Fórum dos Trabalhadores do Setor Público no Estado, também fez sucesso entre jovens e adultos durante o ato.

 

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