Na antevéspera do prazo para envio da proposta orçamentária de 2024 ao Congresso Nacional, representantes do governo Lula devem receber as entidades sindicais nacionais do funcionalismo federal, na tarde desta terça-feira (29), para uma nova rodada de negociações sobre a pauta salarial.
A expectativa é de que o governo finalmente responda à reivindicação protocolada no dia 6 de julho passado e informe o que pretende em termos de recursos a serem destinados à recomposição das perdas salariais dos diversos segmentos do funcionalismo.
Gerou críticas e insatisfação a decisão do governo de postergar a resposta. Ela estava prevista para a rodada da Mesa Nacional de Negociação Permanente do início de agosto, o que não aconteceu. Os representantes do Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos alegaram que nada seria apresentado enquanto a votação do novo arcabouço fiscal não fosse concluída na Câmara dos Deputados.
Para pressionar o governo, o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), do qual o Sintrajud e a federação nacional (Fenajufe) participam, convocou um dia nacional de manifestações para esta quarta-feira, 30 de agosto de 2023. Haverá atos em Brasília e em alguns estados, além de mobilização pelas redes sociais.
A votação das novas regras fiscais foi concluída na terça-feira da semana passada. O texto final manteve o teto de gastos ‘contra’ os serviços públicos e um gatilho que prevê o congelamento de salários e benefícios de servidores, a ser acionado sempre que as metas fiscais não sejam atingidas.
Não há respostas, ainda, da administração do Supremo Tribunal Federal em relação à reivindicação salarial defendida pelo Sintrajud, pela federação nacional (Fenajufe) e demais sindicatos do setor: a antecipação da terceira parcela do reajuste, de fevereiro de 2025 para fevereiro de 2024, se somando à segunda parcela. O que integralizaria os 19,25% nos contracheques no período inicialmente previsto no projeto enviado, no ano passado, pelo STF ao Congresso Nacional.
Na semana passada, o diretor-geral do STF, Miguel Ricardo de Oliveira Piazzi, disse a dirigentes da federação nacional que os estudos técnicos sobre a viabilidade orçamentária de antecipar a parcela ainda não haviam sido concluídos.
Também participaram da reunião com os servidores os secretários Márcio Kazuaki Fusissava, da Secretaria de Orçamento, Finanças e Contratações (SOFC), e Cícero Rodrigues Oliveira Gomes, da Secretária de Gestão de Pessoas (SGP). O parecer técnico foi solicitado pela presidente do STF, ministra Rosa Weber, após receber dirigentes da Fenajufe em audiência.
Seja no âmbito do Judiciário, seja no Executivo, o que representantes sindicais dos servidores e servidoras vêm ressaltando é que essa luta enfrenta fortes obstáculos, reafirmados pela lógica fiscal mantida pelo novo arcabouço.
A recomposição das perdas salariais, a busca por mais recursos para benefícios como o auxílio-saúde, a reestruturação das carreiras e a valorização dos serviços públicos, avaliam, vão exigir muita mobilização e participação das categorias. Foi o que também se constatou na assembleia realizada pelo Sintrajud na semana passada: ‘Só a mobilização poderá gerar ganhos’.