Servidores cobram negociação em Brasília e podem parar contra 4 anos sem reajuste de Bolsonaro


03/02/2022 - Helcio Duarte Filho
Sintrajud participou do ato conjunto do funcionalismo, em Brasília, pela abertura de negociações com o governo, o Congresso e o STF

Representações sindicais dos servidores e servidoras públicas federais de diversos segmentos do setor cobraram a abertura de negociação em torno da recomposição das perdas salariais acumuladas nos três primeiros anos do governo Bolsonaro. 

Na retomada dos trabalhos legislativos e judiciários, a categoria promoveu um ato público em Brasília, na terça-feira, 2 de fevereiro de 2022, no qual fizeram um apelo à Presidência da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal para que dialoguem com os servidores. Ofícios solicitando reuniões já haviam sido protocolados nestes órgãos, porém a categoria não foi recebida.

Ao mesmo tempo que tentam pautar a negociação, reafirmaram a decisão de construir uma forte campanha salarial unitária. Essa movimentação inclui o indicativo de uma possível greve por tempo indeterminado, a partir de 9 de março, caso o governo federal e os chefes dos demais poderes não aceitem negociar uma solução que ponha fim à acelerada desvalorização dos salários.

Mobilização na Esplanada

A manifestação foi iniciada no Espaço do Servidor, na Esplanada dos Ministérios, com passagens pela Praça dos Três Poderes e encerramento em frente à Câmara dos Deputados. Representantes sindicais das servidoras e servidores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União participaram. “Nenhuma categoria do funcionalismo civil teve qualquer tipo de reajuste desde o início do governo Bolsonaro. Somente neste período nós temos perdas acumuladas, nos anos de 2019, 2020 e 2021, de 19,99%. Por esse motivo e pela compreensão de que existe espaço, tanto para o processo legislativo quanto de recursos orçamentários, para reposição salarial isonômica de todo funcionalismo, os servidores estão organizados num processo de mobilização reivindicando que seja implementado ainda em 2022 essa recomposição”, disse Fabiano dos Santos, da coordenação da federação nacional da categoria (Fenajufe) e do Sintrajud, falando direto de Brasília, durante transmissão ao vivo na página do Sindicato no Facebook.

O dirigente sindical lembrou que a articulação dessa mobilização ficou mais forte a partir de dezembro, quando ocorriam as definições orçamentárias da União. “Importante registrar que essa movimentação ganhou muita força quando o governo Bolsonaro anunciou que daria reajuste apenas para algumas poucas categorias, policiais que constituem base eleitoral do governo Bolsonaro. [Ele] se movimentou para não ter que enfrentar a difícil situação de não ter como dialogar com essas bases eleitorais, sendo o único presidente que não concedeu nenhum reajuste pro funcionalismo nos últimos anos”, disse Fabiano. “Nós defendemos a recomposição salarial das carreiras policiais, mas de forma isonômica com o conjunto do funcionalismo”, complementou. 

Ao longo da manifestação, e durante a entrevista coletiva concedida pelas entidades sindicais pouco depois, os servidores afirmaram que é a mobilização conjunta que pode ser capaz de derrubar o congelamento salarial. Voltou a ser mencionada como referência a campanha unitária que, em 2021, conseguiu deter a aprovação da ‘reforma’ administrativa (PEC 32).

O calendário de mobilização prevê uma jornada de atividades entre 14 e 25 de fevereiro, tendo como proposta aprovar ‘estado de greve’ nas assembleias de base, e a construção da greve para 9 de março, caso não haja um recuo por parte do governo. “Vamos construir com o conjunto do funcionalismo essa mobilização. Convocamos todos servidores e servidoras a aderir a esse processo de mobilização, nós temos condições sim de assegurar a recomposição”, disse.

A manifestação em frente ao Palácio do Planalto, no dia 2 de fevereiro – crédito: Valcir Araujo – em cobertura fotográfica conjunta para Sintrajud/Aduff/Sindscope

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