Sarau cultural e rodas de conversa marcam Dia da Consciência Negra no Sintrajud


21/11/2022 - Shuellen Peixoto
Atividade aconteceu no sábado, 19, no formato híbrido e também marcou o início dos “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”.

Fotos: Claudio Cammarota

Roda de conversa, palestras e sarau com apresentação cultural dos servidores e servidoras: foi assim que os servidores e servidoras do Judiciário Federal de São Paulo comemoraram o Dia da Consciência Negra e a abertura dos “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” no último sábado, 19 de novembro. A atividade aconteceu no auditório do Sintrajud no formato híbrido, permitindo a participação remota dos colegas.

A atividade, organizada pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud – Mara Helena dos Reis e pela diretoria do Sindicato foi aberta com uma homenagem póstuma às servidoras Elza Francisco e Penha Freitas, servidoras negras que fizeram parte da história do Sindicato e das lutas da categoria ao longo das suas vidas. “Essas duas mulheres negras representam as mulheres da nossa categoria e país, e dedicaram parte das suas vidas às lutas por direitos e resistiram bravamente. Elza e Penha, Presente!”, disse Luciana Carneiro, diretora do Sindicato e integrante do Coletivo de Mulheres.

A tarde contou com palestras e uma mesa de discussão sobre a violência étnica e de gênero, com a participação de Raquel Tremembé, mulher indígena que concorreu à vice-presidência da República pelo PSTU, e Madalena Nunes, servidora da Justiça Federal do Piauí e dirigente do Sintrajufe-PI.

“Em momento de retrocesso os direitos das mulheres, pessoas negras e da classe trabalhadora são os primeiros a serem retirados, então é necessário, após a derrota de Bolsonaro nas eleições, retomar nossa luta por direitos e em defesa do nosso país”, afirmou Madalena, que foi candidata ao governo do Piauí pelo PSOL nas últimas eleições.

“O Dia da Consciência Negra é dia de luta, é o dia que nós, mulheres negras, conquistamos para que o Brasil discuta o racismo e políticas antirracistas, e mais, conseguimos ampliar por mais 21 dias para que a gente possa ter mais tempo de discutir a eliminação da violência de gênero”, ressaltou a servidora.

Raquel Tremembé destacou a resistência do movimento indígena no Brasil. “Fomos muito violentados e muitos dos casos foram subnotificados”, disse Raquel “Infelizmente, a violência só piora, parece que a todo momento temos que estar aqui com uma plaquinha: ‘eu existo e estou aqui’”.

Para a ativista, é essencial que as mulheres ocupem cada vez mais os espaços de poder. “Somos invisibilizadas e atacadas o tempo inteiro”, ressaltou. “Durante o período eleitoral, quando tive a honra de compor a chapa com a Vera Lucia [candidata do PSTU à Presidência], as pessoas ficavam impactadas sempre que chegávamos. Esse é um processo necessário de desconstrução de uma série de erros e estereótipos históricos.”

Na opinião da diretora do Sindicato Luciana Carneiro, ter uma atividade com a presença de duas mulheres que representaram as lutas nas últimas eleições enriqueceu o debate. “Hoje é dia de comemorarmos, mas é também dia de lembrar que nosso palco são as ruas, é nas ruas que conquistamos nosso direito de continuar existindo”, afirmou.

Capoeira e cultura negra

Fotos: Claudio Cammarota

Na segunda parte do evento o servidor do TRT Eduardo Galindo conduziu uma roda de conversa sobre a capoeira angola e sua relação com a cultura negra. Galindo é instrutor de capoeira nas aulas semanais oferecidas pelo Sintrajud à categoria.

“Considero a capoeira uma das poucas manifestações que não está inserida no contexto capitalista; não é possível comprar um curso e ser professor [de capoeira]; é preciso viver, estar lá e participar, quanto mais tempo você consegue estar próximo dos mais velhos, mais próximo vai estar da capoeira e poder avançar dentro do conhecimento”, disse o servidor. “Alguns questionam que é muito tempo, mas considero que temos que questionar o capitalismo que nos obriga a colocar o trabalho no centro da vida”, ressaltou Eduardo.

As aulas de capoeira com Eduardo Galindo são realizadas no Sintrajud todas as quartas-feiras, às 19h. “Não tem idade, peso ou necessidade de prévia experiência, qualquer pessoa pode vir e participar”, afirmou o servidor. A atividade é gratuita para sindicalizados. Quem não é sindicalizado paga R$ 70 por aula ou R$ 200,00 a mensalidade. Caso pague a aula avulsa e queira continuar no resto do mês pode pagar apenas a diferença para completar o valor mensal (veja aqui).

Galindo também convidou os servidores e servidoras a conhecer seu programa no Youtube Conexão Negra, no qual conversa sobre música e literatura produzidas por pessoas negras no país.

Conheça o Programa Conexão Negra aqui.

A programação do Dia da Consciência Negra e da abertura dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher foi encerrada com um sarau cultural. Cátia Toledo (servidora da JF Bauru) e Dinah Noleto (oficiala de justiça aposentada da JF) fizeram apresentações musicais, e Maria Helena Leal (servidora aposentada da JF) interpretou um texto, antes da confraternização e do coquetel para os que compareceram au Sindicato.

Veja a íntegra a da atividade:

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