Resolução de conjuntura aprovada aposta na mobilização e na independência da Fenajufe


06/08/2018 - Shuellen Peixoto

Foto: Valcir Araujo

O momento mais disputado da XXII Plenária da Fenajufe no seu terceiro dia ocorreu durante o debate sobre conjuntura nacional. A proposta vencedora foi “A crise e a necessidade de construir uma alternativa”, defendida por delegados dos sindicatos que integram o coletivo LutaFenajufe e que também teve apoio da Frente Fenajufe Pela Base.

O texto ressalta que a solução para os problemas dos trabalhadores deve ser construída por eles mesmos, organizados e na ação direta em defesa de seus direitos. A resolução, que obteve 65 votos, alerta para o fato de ser um erro criar expectativas com as eleições de outubro: a tendência é que, após as eleições, os ataques contra os serviços públicos e os direitos dos trabalhadores continuem. Também percorre a história de lutas e resistência da categoria aos projetos neoliberais implementados sucessivamente pelos governos FHC, Lula, Dilma e, agora, Temer.

Inicialmente, foram apresentadas quatro propostas de resolução. Uma delas, porém, foi retirada para que se construísse uma aliança em torno de uma posição comum no campo das concepções que fazem uma avaliação negativa também dos 13 anos de governo petista. A proposta “Conjuntura Nacional”, sustentada pelo servidor Guilherme Luiz da Silva, entre outros, obteve cinco votos.

A disputa efetiva se deu com a resolução “Para o Brasil retomar os avanços sociais e sua soberania: organizar a mobilização, a luta pela democracia e a reforma das instituições!”, que recebeu 55 votos, defendida, entre outros, pela servidora Mara Weber, da direção da Fenajufe. Entre as diferenças centrais com a proposta vencedora, esta tese faz, mesmo que indiretamente, uma avaliação positiva dos governos petistas, considera Dilma Rousseff vítima de um golpe e defende campanha pela liberdade de Lula e o seu direito de se candidatar.

Não há uma única crítica aos anos de governo petista. O texto rejeitado pela plenária cogita, inclusive, que a greve e as mobilizações da categoria em 2015 pela derrubada do veto de Dilma ao reajuste dos servidores, tratadas como um erro, contribuíram para o “golpe” e para a ascensão de um projeto autoritário no país.

Veja trecho da resolução aprovada:

“Os trabalhadores têm um enorme desafio. Depois de conquistar com muita luta um reajuste que afastou o congelamento e possibilitou a reposição de parte das perdas salariais, e vencida a batalha contra a reforma da Previdência no primeiro semestre deste ano, entre outras lutas e conquistas importantes, nos movemos em um cenário de grave crise e profundos ataques aos direitos historicamente conquistados. (…) Apesar do cenário difícil, temos o desafio de lutar, (…) a resistência deverá estar à altura”.

*Defendida por delegados que participam do coletivo LutaFenajufe e que recebeu apoio da Frente Fenajufe Pela Base.

Veja trecho da resolução rejeitada:

“Em boa parte, nossos sindicatos assistiram, se é que não alimentaram o golpe. A lógica derruba veto/derruba Dilma arrastou setores da categoria a flertarem com alternativas autoritárias.”

*Defendida por Mara Weber e outros servidores

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