Randolfe ressalta importância da estabilidade e diz que PEC 32 não passa no Senado


06/10/2021 - Helcio Duarte Filho
Vice-presidente da CPI da Covid falou com dirigentes do Sintrajud num dia intenso de mobilização no DF, marcado pela convocação de Guedes à Câmara para explicar fortuna em paraíso fiscal.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, disse a dirigentes da delegação do Sintrajud que estão em Brasília que os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito demonstraram o quanto a estabilidade do servidor público é importante. Randolfe também avaliou que, caso a proposta do governo federal passe na Câmara dos Deputados, não terá votos suficientes no Senado Federal.

A conversa com representantes do Sindicato ocorreu ao final de um dia intenso de mobilização em Brasília, que teve passeata pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes, vigília na Câmara e peregrinação pelos corredores da Casa Legislativa para diálogo com os deputados que aceitaram dialogar com os servidores (leia mais aqui). A delegação do Sintrajud que está em Brasília é composta por 18 servidoras e servidores, que seguem na capital federal em atividades diárias do movimento em defesa dos serviços públicos.

O contato dos servidores com Randolfe fez com que o senador usasse, durante entrevista coletiva sobre a CPI da Covid, o adesivo do Sintrajud com a frase “PEC 32 NÃO!”. O adesivo foi entregue ao parlamentar pelo servidor Fabiano dos Santos, diretor do Sintrajud e da federação nacional (Fenajufe). Também participaram da conversa as servidoras Cláudia Vilapiano e Luciana Carneiro, ambas da direção do sindicato.

O dia de manifestações voltou a ter recorrentes referências críticas ao ministro Paulo Guedes (Economia), que assina a proposta de emenda constitucional com o presidente Jair Bolsonaro. No domingo (3), foi revelado por reportagem da revista “piauí” que Guedes possui uma empresa em paraíso fiscal no Caribe e mantém uma fortuna em dólares no exterior, que pelo câmbio atual representa ao menos R$51 milhões. A legislação proíbe que ocupantes de cargos como o do ministro possuam empresas desta natureza no exterior. O caso também repercutiu muito no Congresso Nacional – com 301 votos, os deputados aprovaram uma convocação para que o ministro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também possui recursos fora do país, compareçam à Câmara para explicar isso.

A ida de parte da delegação do Sintrajud ao Senado – enquanto os demais integrantes seguiam buscando sensibilizar os deputados – teve entre os objetivos, além de solicitar apoio, obter dos senadores uma avaliação sobre como esta casa legislativa está vendo a ‘reforma’ adminstrativa, que Bolsonaro tenta aprovar no Plenário da Câmara.

A conversa com Randolfe contou com a gravação de um vídeo para ser divulgado na campanha contra a PEC-32. “Ele concordou em gravar um vídeo com a gente, demonstrou estar bem inteirado sobre a reforma Administrativa e se colocou como um importante aliado nosso”, resume Cláudia.

‘Luta civilizatória’

Randolfe disse que a luta para derrotar a proposta do governo para os serviços públicos no Brasil é “civilizatória”. “Já estivemos juntos em outras lutas pelos direitos dos trabalhadores. O Sindicato de vocês e os servidores públicos de todo país estão numa luta nesse momento civilizatória, que é a luta contra a PEC-32, conhecida como PEC da Rachadinha, PEC do Jeitinho”, disse, pontuando que ela tenta acabar com a estabilidade e com o próprio instituto do concurso público, “uma das grandes conquistas do texto constitucional de 1988”.

O parlamentar também citou o depoimento de um servidor do Ministério da Saúde na CPI, no caso em que a ação do funcionário público foi determinante para impedir um golpe contra os cofres públicos na compra de vacinas indianas. “Nesta esta CPI nós descobrimos a importância da estabilidade. Descobrimos um escândalo de corrupção no valor de 1 bilhão e 600 milhões de reais, um golpe que ia ser dado nos cofres do povo brasileiro e que não foi dado porque um servidor público, Luís Ricardo Miranda, denunciou e trouxe a denúncia à CPI”, disse.

“Aqueles que dizem que a estabilidade é descartável, fiquem sabendo que não fosse a estabilidade teria tido um golpe de 1 bilhão e 600 milhões de reais nos cofres públicos. Aqueles que dizem que a estabilidade custa cara são aqueles mesmos que diziam que a reforma Trabalhista ia criar emprego, que a reforma da aposentadoria ia fazer o país crescer e está o país relegado à crise que está”, disse aos servidores.

Ao final, Randolfe afirmou não acreditar que a reforma passe no Senado caso seja aprovada na Câmara. “Rogo a Deus que os deputados e a luta de vocês segurem na Câmara a PEC-32. Se não for segura lá, tenho certeza que aqui eles não terão votos para aprovar”, disse.

Assista à entrevista concedida pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP):

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM