‘Querem retirar direitos de quem está salvando o país’: público critica PEC 32 na audiência na Câmara


26/04/2021 - Helcio Duarte Filho
Servidores também alertam na audiência pública na CCJ que deputados que votarem pelo desmonte dos serviços públicos será cobrado nas próximas eleições.

A deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-SP), sem máscara, preside a audiência na CCJ (crédito: Michel Jesus/Agência Câmara).

Sem acesso presencial à Câmara dos Deputados e sem abertura de espaço para intervenções de interessados, muita gente está expressando contrariedade com a ‘reforma’ administrativa por meio do chat de comentários da transmissão ao vivo da primeira audiência pública que trata da PEC 32/2020 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, via a plataforma do YouTube.

“É inaceitável mesmo a simples discussão nesse momento quando todas as atenções deveriam estar voltadas a salvar vidas”, escreveu logo no início da audiência o servidor do TRT-2 e diretor do Sintrajud Tarcisio Ferreira.

Mais de 80% dos comentários registrados, na tarde desta segunda-feira (26), são críticos à ‘reforma’ que o presidente Jair Bolsonaro quer aprovar no Congresso Nacional esse ano, em meio ao momento mais grave da pandemia da covid-19 no Brasil. Muitos servidores e servidoras acompanham os debates. “No meio de uma pandemia com servidores da saúde e os pesquisadores salvando o país eles estão demonizando essas pessoas? E retirando direitos delas? E políticos, juízes e ministros fora da reforma”, escreveu Gabriela Mariano​. “​Parabéns aos servidores da saúde, educação e segurança pública. Não à reforma administrativa”, disse Patrícia Nery.

Participam como convidados da audiência o secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape), Vicente Braga; o advogado e professor Emanuel de Abreu Pessoa; e a coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, a auditora fiscal aposentada Maria Lúcia Fattorelli. O governo tenta aprovar a PEC 32 na CCJ até o final de maio; a oposição busca obstruir a tramitação e defende que a matéria seja retirada de pauta para que todas as atenções sejam voltadas para o combate à pandemia.

‘Rachadinha’

Por acabar com o concurso público no modelo atual e com a estabilidade, muitos associaram a proposta à tentativa de substituir servidores de carreira por apadrinhados e pessoas subservientes aos governantes. “Teremos só os que aceitarem as rachadinhas”, disse o servidor Salomão Ferreira, que integra a direção do Sintrajud. Foi uma das referências ao escândalo envolvendo um dos filhos do presidente Bolsonaro, Flávio, que é acusado de se apropriar de parte dos salários de quem estava lotado em seu gabinete quando deputado estadual no Rio. “Contra o nepotismo, contra as rachadinhas, contra o loteamento de cargos públicos”, defendeu Renata Nogueira. “No que se transformarão] as prefeituras sem concurso público e estabilidade? Balcão de negócios”, afirmou Zeiner Costa de Souza​. “Servidor é essencial para o combate à corrupção”, foi assinalado em outro comentário.

A servidora Maria Madalena Nunes​ ressaltou que os trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário e do Legislativo também são atingidos. “Servidorxs do Judiciário e do Legislativo estão sim, na deforma. Quem não está são os privilegiados parlamentares, juízes, militares, promotores e outros. Abaixo a PEC 32 #ForaBolsonaro”, escreveu Madalena, servidora do PJU no Piauí.

Já Marta Almeida Moura ​lembrou que os que se posicionarem contra os serviços públicos serão cobrados. “Respeitem os servidores públicos. Ano que vem tem eleição e vamos tirar todos que fizerem o desmonte do serviço público!”, avisou.

Para assistir à audiência pública sobre a PEC 32/2020 na CCJ da Câmara: https://youtu.be/QHQ9j4PS_-Y

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