Psicólogo discutiu o combate ao assédio moral durante a pandemia


15/05/2020 - Shuellen Peixoto
Transmissão online aconteceu na quinta-feira, 14 de maio, nas páginas do Facebook e Youtube do Sindicato.

A preservação da saúde mental dos servidores e o combate ao assédio moral durante a pandemia foram os temas da vigésima live do Sintrajud, que aconteceu nesta quinta-feira, 14 de maio. No bate-papo virtual, o psicólogo Daniel Luca, professor na Universidade Anhembi Morumbi, falou um pouco sobre como identificar, combater e denunciar as práticas de humilhação recorrente e violências psicológicas no exercício funcional que assumem novas formas no regime de teletrabalho compulsório. A transmissão também teve a participação das diretoras Inês Leal e Luciana Carneiro.

Desde o início da pandemia e da política de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus, os servidores do Judiciário Federal tiveram que adotar o regime de trabalho remoto sem qualquer preparação, e conciliando as atividades funcionais com os cuidados domésticos e com os filhos. No entanto, mesmo diante das dificuldades, as administrações seguem estabelecendo metas inatingíveis (acima até dos índices estabelecidos fora do período da pandemia). O TRF chegou a expedir comunicado responsabilizando os servidores pela infraestrutura de segurança das redes de dados da Terceira Região, o que foi questionado pelo Sintrajud.

O psicólogo explicou que durante a pandemia é necessário manter a atenção porque o assédio assume novas formas, principalmente, pela falta de compreensão com as mudanças no ambiente e estrutura de trabalho, as cobranças excessivas e até ameaças de retirada de funções comissionadas. “Numa situação de teletrabalho as ameaças podem acontecer sem que as outras pessoas vejam e percebam, pode ter características de certa perseguição ou opressão a um conjunto de pessoas, lidando de forma mais dura com aqueles que não se adaptam ao formato”, afirmou Daniel.

Para o psicólogo, o momento exige compreensão das administrações, pois as adversidades no ambiente de teletrabalho e a falta de fronteiras entre a atividade funcional e a vida pessoal, podem gerar dificuldades para os servidores. “Na pandemia a gente tem um acúmulo de elementos que são ponte de estresse que, obviamente, vão dificultar a produtividade de qualquer pessoa”, afirmou Daniel. “O Judiciário, enquanto instituição, tem que levar em consideração que não estamos numa situação normal e, ao invés de exigir 30% a mais de produtividade, entender que é uma situação atípica, estressante e desesperadora e que caberia, inclusive, redução de produtividade”, destacou.

Dentre os principais problemas enfrentados pela categoria neste período, está a falta de equipamentos adequados. “A administração tem colocado nas costas dos servidores a responsabilidade pelo maquinário e até pelo antivírus do computador, tem casos de servidores que têm FCs, e que não possuem notebook ou internet em casa, e a resposta da administração que esses servidores utilizem a contrapartida financeira da sua função adquirir os meios necessários para cumprir essa tarefa”, falou Luciana Carneiro.

A diretoria do Sintrajud também defende que as administrações precisam dar suporte aos servidores, que não podem ser penalizados com a responsabilidade na compra de equipamentos e aumento em suas contas de energia elétrica, por conta da situação de teletrabalho. “Hoje estamos todos nesta situação, com pessoas que não têm computador ou cadeira adequada para realizar o trabalho, é impossível exigir aumento de a produtividade, é preciso que os tribunais tenham um olhar e uma sensibilidade para essa situação”, destacou Inês Leal.

Assédio e saúde mental

Segundo Daniel Luca, a manutenção do vínculo com os colegas de equipe, seja por mensagens ou videochamadas, e a troca de experiência sobre o trabalho ajuda a identificar se está ocorrendo assédio. Além disso, o psicólogo orienta os servidores a manter um diário do assédio. “É importante ir anotando as situações, guardando e-mails e prints de conversa, isso ajuda na noção pessoal da situação e para o caso ação jurídica”, afirmou Daniel.

O psicólogo também chama a atenção para o autocuidado. “Quando o assédio moral acontece ele traz ansiedade, falta de motivação e depressão, por isso é importante perceber sintomas como alterações da fome e do sono, ansiedade quando vai começar a trabalhar. São sinais que o corpo vai dando de que a coisa não estão bem”, ressaltou Daniel. “A prática de exercício físico ajuda na busca pela saúde mental, mesmo com pouco espaço, neste momento, é importante que a gente busque formas de praticar algum exercício”, finalizou o psicólogo.

Apesar da suspensão do expediente presencial no Sindicato, os atendimentos à categoria continuam. A diretoria, junto com o  departamento Jurídico, acompanha as denúncias de assédio. Caso você esteja passando por isso, entre em contato com o Sintrajud pelo telefone  (11) 98933-6276 ou pelo e-mail <[email protected]>.

Lives do Sindicato

Durante o isolamento social, o Sindicato está realizando duas lives semanais, sempre às segundas (17h30) e quintas-feiras (11h),  para manter o diálogo com a categoria. Os bate-papos virtuais são transmitidos pelas páginas no Facebook, no YouTube e também aqui pelo site.

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