Propostas e posições defendidas pelo LutaFenajufe para o 12º Congrejufe


26/04/2025 - Helcio Duarte Filho
Veja os principais momentos da live do Coletivo LutaFenajufe que abordou os desafios da categoria no 12º Congrejufe, que teve início neste dia 26, em Foz do Iguaçu.

Não haverá conquistas sem superar o divisionismo, retomar a capacidade de articulação das lutas nacionais da categoria e sem organizar uma forte mobilização que aponte para construir uma greve nacional — com unidade e sem freio de mão puxado por parte de direções sindicais que capitulam às imposições de governos e administrações.

As exposições da live “Rumo ao 12º Congrejufe: o desafio de rearticular a luta nacional: unir a categoria para defender carreira, salário e saúde e voltar a conquistar direitos”, promovida pelo Coletivo LutaFenajufe – Oposição Nacional, convergiram para essa compreensão do momento atual.

A live apresentou as posições centrais do coletivo sobre a conjuntura e discorreu sobre propostas para superar os problemas observados na condução da organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário Federal e do MPU.

O evento foi marcado pela defesa da construção de uma greve nacional para, por um lado, forçar o Supremo Tribunal Federal a negociar e enviar o projeto de reestruturação das carreiras ao Congresso Nacional. E, por outro, enfrentar a política fiscal do governo Lula/Alckmin restritiva às pautas sociais e da classe trabalhadora no âmbito geral e que, no Judiciário, privilegia a magistratura enquanto asfixia todas as propostas que buscam valorizar os servidores e servidoras e corrigir injustiças.

A seguir, alguns dos momentos do debate e os respectivos links para assisti-los:

Por que surgiu o Coletivo LutaFenajufe

A servidora Luciana Carneiro, que integra o setor minoritário da coordenação da Fenajufe, iniciou o debate relatando os motivos que levaram à organização do Coletivo LutaFenajufe, no início dos anos 2000. Mencionou a inesquecível capitulação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) à reforma previdenciária aprovada no primeiro mandato do presidente Lula, em 2003, que taxou aposentadorias e pensões e inviabilizou ou retardou o direito de se aposentar de milhares de servidores e servidoras.

“O LutaFenajufe surgiu num contexto de uma federação que já não se organizava mais necessariamente em torno das pautas da classe trabalhadora. Uma federação que já se organizava mais em torno de um governo, mais vinculada a uma central sindical [CUT], que de forma lamentável apoiou e ajudou a desmobilizar a nossa categoria, num momento crucial para que pudéssemos impedir a reforma da Previdência que taxou aposentados e pensionistas”, disse.

Luciana ressaltou que “a independência de governos e administrações” é um dos princípios do coletivo, assim como a defesa da busca de unidade entre os diversos segmentos do funcionalismo público para defender os serviços públicos oferecidos à população e a valorização de quem ali trabalha. Citou o quanto essa unidade foi importante para deter a ‘reforma’ antisserviço público que Bolsonaro tentou aprovar.

 

‘Superar o divisionismo para defender nossas pautas e voltar a conquistar’

A necessidade de superar o divisionismo e a fragmentação da categoria foi reiteradamente defendida na live. “Sem um processo forte de mobilização de uma grande greve nacional a gente não vai conseguir avançar, enfrentando inclusive o divisionismo”, disse Fabiano dos Santos, também do setor minoritário da coordenação da Fenajufe.

O servidor identificou na política sindical desenvolvida pelo setor majoritário da federação como um dos fatores a alimentar essa divisão. “Ao invés de dizer para a categoria que nós precisamos construir um processo de luta com mobilização e uma grande greve nacional, a Fenajufe tem dito que nós vamos sentar num fórum de carreira, vamos discutir com eles e vamos avançar”, disse, mencionando que, com isso, ganha força a ideia de que tudo é uma questão de explicar melhor a sua proposta e convencer os representantes das administrações.

O resultado disso, continua, é que nada avança para os servidores, enquanto a cada reunião dos conselhos superiores aparece mais um penduricalho para atender à magistratura. “Não é dificuldade de explicar o problema, o que falta é uma liderança que unifique a categoria para lutar”, resumiu.

“É uma lógica de que nós precisamos nos adequar a todas essas restrições e temos que rebaixar o que vamos pedir. Isso não vai nos fazer chegar onde queremos chegar”, disse Fabiano. Ele sustentou que o rebaixamento das propostas só cria maior conforto a quem hoje faz a farra com o Orçamento. “Da parte do Judiciário, a magistratura. Da parte do Orçamento global, os rentistas da dívida pública, o sistema financeiro. Aí não sobra dinheiro para remuneração dos servidores e servidoras”, disse. “Não vamos resolver os nossos problemas apostando no ‘diálogo com administrações’ e secundarizando as lutas”, afirmou.

 

‘Nossas conquistas foram todas com muita luta e greve’

A servidora Denise Carneiro, da coordenação da federação e do Coletivo LutaFenajufe, destacou a importância histórica das lutas e greves da categoria para todas as conquistas alcançadas.

“É importante para quem está chegando agora, que é mais novo na categoria, saber como nós chegamos até aqui, como conseguimos [o que temos hoje]”, disse. Ela lembrou que, antes da primeira grande conquista salarial e de carreira, chegava-se ao ponto de ter complementação no contracheque para que o salário não ficasse aquém do salário mínimo. “Ninguém gosta de fazer greve, greve cansa, desgasta, mas todas as nossas conquistas foram com greve. Ainda não inventaram uma fórmula mágica [diferente] para isso”, disse.

Denise também criticou o divisionismo. “Temos que organizar nossa luta nacionalmente. Porque o divisionismo que nós tivemos, causado pelas perdas recentes, essa decepção tem que mover para luta, mover para unidade, e não achar que tem saída individual. A saída individual vai nos levar para o abismo”, alertou. “Quando a gente se afasta dos nossos sindicatos, quando a gente se afasta da luta, quando a gente se afasta do nosso colega do lado, não vai melhorar. Só vai piorar”, defendeu.

Outros momentos da live do LutaFenajufe para o 12º Congrejufe:

Camila, diretora do Sintrajud: ‘A gente já tem dez anos [sem grandes lutas] e tem conseguido só migalhas’

“O Congresso é onde a gente vai ter uma missão importante que é colocar o nosso calendário de luta para elaboração e deliberação pela categoria. A gente precisa fazer esse consenso de que sem luta não haverá avanço. Nós ficamos o ano todo no Fórum de Carreira e não há avanços. Temos essa missão importante que é mobilizar e isso só vai acontecer com unidade.

 

David Landau, de Minas Gerais: ‘Precisamos dizer para que serve o movimento sindical’

“Vejam a responsabilidade que a gente tem: uma categoria estressada, com acúmulo de trabalho, adoecendo, perdendo o poder aquisitivo ano a ano e a nossa responsabilidade é garantir conquistas. O movimento sindical existe para lutar e a nossa história mostra que sempre que a gente luta a gente alcança conquistas. Não podemos ficar reféns do governo ou de uma ameaça fascista… Temos que denunciar quem continua alimentando a expectativa na mesa de negociação. Quem faz isso alimenta as nossas perdas”

 

Fagner, do Rio Grande do Sul: ‘a greve precisa ser construída por todos os sindicatos’

“O que define efetivamente o que vamos conseguir ou não é a nossa mobilização.
Ao longo de todos esses 25 anos que trabalho no Judiciário, não houve nenhum avanço em relação ao salário, à carreira, sem que houvesse greve. Nunca mesmo. Todos os avanços reais em nossa carreira foram com grandes mobilização. E só os magistrados estão bem organizados e mobilizados e estão nos cozinhando. A resposta boa para a administração é o que temos hoje: zero, porque sobra mais dinheiro para os projetos deles. Nesse Congresso precisamos mudar isso”.

 

Helenio, do Rio de Janeiro: ‘A greve só se constrói no dia a dia, só se constrói com mobilização’

O que vai garantir alguma coisa para nós é a greve. E não adianta puxar a sardinha para um lado ou para outro, analista, técnico, oficial, TI… tem que todo mundo se unir”.

 

Falcão, de Alagoas: ‘Conquistas? Só com lutas’

Vivemos duríssimos ataques à nossa classe, no Brasil e no mundo. Precisamos manter nosso compromisso com a classe trabalhadora. É um momento importantíssimo que estamos vivendo e a unidade que precisamos tem que ser construída com base em diálogos verdadeiros”

 

Sandro, da Bahia: “Existe uma direção executiva na Fenajufe que infelizmente está com o freio de mão puxado”

“A nossa categoria se encontra dividida, se encontra fragmentada, coisa que só nos atrapalha. A realidade é que estamos com 70% de perdas remuneratórias. A magistratura come todas as fatias e não sobra nem o farelo. Quem já está aqui há 32 anos como eu viu que nada se conquistou sem greve”

 

Denise Carneiro, da Bahia: ‘Nossas conquistas foram todas com muita luta e greve’

A servidora Denise Carneiro, da coordenação da federação e do Coletivo LutaFenajufe, destacou a importância histórica das lutas e greves da categoria para todas as conquistas alcançadas.

“É importante para quem está chegando agora, que é mais novo na categoria, saber como nós chegamos até aqui, como conseguimos [o que temos hoje]”, disse. Ela lembrou que, antes da primeira grande conquista salarial e de carreira, chegava-se ao ponto de ter complementação no contracheque para que o salário não ficasse aquém do salário mínimo. “Ninguém gosta de fazer greve, greve cansa, desgasta, mas todas as nossas conquistas foram com greve. Ainda não inventaram uma fórmula mágica [diferente] para isso”, disse.

Denise também criticou o divisionismo. “Temos que organizar nossa luta nacionalmente. Porque o divisionismo que nós tivemos, causado pelas perdas recentes, essa decepção tem que mover para luta, mover para unidade, e não achar que tem saída individual. A saída individual vai nos levar para o abismo”, alertou. “Quando a gente se afasta dos nossos sindicatos, quando a gente se afasta da luta, quando a gente se afasta do nosso colega do lado, não vai melhorar. Só vai piorar”, defendeu.

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM