Profissionais de saúde serão aplaudidos em todo o país nesta terça-feira, às 20 horas


07/04/2020 - helio batista

Más condições de trabalho põem em risco a vida de quem luta contra a pandemia; manifestação convocada pelas centrais sindicais também defende o SUS.

As centrais sindicais se uniram numa iniciativa para homenagear os profissionais de saúde que estão arriscando a vida na luta contra a pandemia do novo coronavírus. As entidades convidam a população a aplaudir esses trabalhadores e se manifestar em defesa do SUS às 20 horas desta terça-feira, 7 de abril – Dia Mundial da Saúde.

Os profissionais de saúde compõem parte das estatísticas de casos notificados da covid-19 e de óbitos provocados pela doença. Estudos feitos em países com maior disseminação do vírus, como a Itália, mostram que cerca de 20% dos profissionais são contaminados.

O risco é ampliado pela falta de equipamentos de proteção individual (EPI’s) e pelas más condições de trabalho de médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e outras categorias.

No último sábado, 4 de abril, o TRT da 3ª Região (Minas Gerais) deu prazo de 72 horas para os hospitais fornecerem adequadamente equipamentos como máscaras, capotes, luvas e óculos. Em ação do Sindicato dos Médicos daquele estado (Sinmed-MG) contra o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde (Sindhob-MG), a desembargadora Paula Oliveira Cantelli apontou as normas de segurança definidas pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde e estipulou multa diária de R$ 1.000 por trabalhador prejudicado.

No Recife, funcionários do Hospital Otávio de Freitas se revoltaram e gravaram um vídeo denunciando a falta de EPI’s.

Afastamento do trabalho

Os hospitais da rede pública estadual de São Paulo têm 1.400 profissionais afastados por suspeita ou confirmação de covid-19, segundo o secretário de Saúde do Estado, José Henrique Germann. Outros 1.404 afastamentos pelo mesmo motivo são registrados na rede privada.

Até esta segunda-feira, 6, oito servidores da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo haviam morrido em meio ao combate ao coronavírus. Um dos óbitos, o do hematologista e hemoterapeuta Paulo Fernando Moreira Palazzo, foi causado pela covid-19. Para os outros sete, não havia confirmação sobre a causa da morte.

A Secretaria informou que desde o primeiro caso de coronavírus no país, em 26 de fevereiro, até a última sexta-feira, a Autarquia Hospitalar Municipal (AHM) registrou 1.841 afastamentos por quadros de síndrome respiratória, incluindo funcionários das áreas administrativas. O órgão responde por 19 hospitais e quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o número de afastados representa 9,3% do seu quadro de pessoal. Dos trabalhadores afastados, 95 eram casos confirmados de coronavírus.

Em Campinas, um levantamento do Conselho Municipal de Saúde registrou pelo menos 60 afastamentos de profissionais de saúde por suspeita de covid-19, somente nas unidades da rede pública. O levantamento se baseou em informação dos próprios trabalhadores e não abrange todos as unidades do SUS no município.

Até sexta-feira, Campinas contabilizava 53 casos confirmados de coronavírus, 92 descartados, 796 em investigação e 3 óbitos.

Defesa do SUS

O aplauso aos profissionais de saúde é um ritual que se repete todas as noites, às 20 horas, nas janelas da França, um dos países onde a pandemia avança mais rapidamente. No mesmo país, entretanto, esses trabalhadores têm sofrido ameaças de vizinhos que temem ser contaminados.

Casos de preconceito e intimidação também foram denunciados no Brasil, inclusive no transporte público.

Por outro lado, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebram em 2020 o ano internacional de profissionais de enfermagem e obstetrícia. A celebração foi instituída no ano passado para reconhecer o trabalho feito por enfermeiras, enfermeiros e parteiras em todo o mundo, defender mais investimentos para esses profissionais e melhorar suas condições de trabalho, educação e desenvolvimento profissional.

No Brasil, a manifestação convocada pelas centrais sindicais para esta terça-feira também defende o SUS, ameaçado pela Emenda 95 (teto de gastos) e por propostas do governo Bolsonaro, como a redução de salários e de jornada dos servidores públicos.

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM