Nesse mês que marca o Dia Internacional das Mulheres, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FNSP), publicou a 5ª edição da pesquisa ‘Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil’, cujos dados demonstram o aumento no percentual de violência de gênero desde 2017. A estimativa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto ao índice de prevalência de violência física ou sexual provocada por parceiro e/ou ex-parceiro, é de 27%, de acordo com dados de 2021. No Brasil, esse percentual é de 32,5%, de acordo com a pesquisa realizada em fevereiro de 2025.
Este estudo, cuja abrangência é nacional, revela dados alarmantes sobre os percentuais e tipos de violência sofrida pelas mulheres. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas, com uma amostra de cerca de 2 mil pessoas, das quais mais da metade são mulheres.
As perguntas foram divididas em quatro temas: conhecimento sobre a violência no bairro ou comunidade, violência provocada por parceiro íntimo ao longo da vida; controle coercitivo nas relações íntimas ao longo da vida; violência provocada por parceiro íntimo ao longo da vida; e violências sofridas nos últimos 12 meses.
Perfil das mulheres vítimas de violência
Considerando o universo de mulheres vítimas de violência os percentuais são:
Percepções sobre a violência contra mulheres
De acordo com a pesquisa, 55,6% dos brasileiros já ouviram ou presenciaram, pelo menos, uma ocorrência de violência contra meninas e/ou mulheres nos últimos 12 meses, cujos autores eram, parceiros íntimos, familiares ou desconhecidos. Os episódios mais relatados foram as abordagens desrespeitosas na rua, com índice de 38,2%; e xingamentos e humilhações praticados por homens contra suas parceiras ou ex-parceiras íntimas, somando 35,6% dos relatos.
Analisando o perfil de gênero das respostas, os resultados indicam que as mulheres têm maior percepção da violência: 33,4%, entre os homens esse percentual é de 20,5%. Essa diferença pode significar que eles vivenciaram menos episódios de violência, ou, que a percepção masculina para o reconhecimento de contextos violentos contra as mulheres é menor.
Dessa maneira, o estudo discorre que: “isso aconteceria mesmo quando a violência se apresenta de maneira explícita, como nos casos de agressões cometidas por companheiros, ex-companheiros ou familiares do sexo masculino, mas também em casos de outros tipos de violência, diferentes da física, cuja identificação como violência ainda é menos óbvia para grande parte da população”.
Violência provocada por parceiro ao longo da vida
Apenas as mulheres entrevistadas responderam questões sobre vitimização, dentre as quais 32,4% das brasileiras acima dos 16 anos informaram que sofreram violência física ou sexual praticada por parceiro ou ex-parceiro íntimo.
O estudo também relata que, ao menos 23,4 milhões de brasileiras sofreram agressões psicológicas: “quando incluímos as situações de violência psicológica vivenciadas, tais como “insultos, xingamentos e humilhações” ou “ter sido forçada a ficar sozinha por um longo período de tempo, ou impedida de se comunicar com amigos e familiares”, a prevalência de brasileiras que experimentaram violência por parte de parceiro íntimo ou ex-parceiro íntimo ao longo da vida chega a 40,7% das mulheres com 16 anos ou mais”.
No recorte de dados de cada população, ou seja, o percentual para cada grupo separado por perfil, os maiores índices de mulheres vítimas de violência ao longo da vida são:
Violências sofridas pelas mulheres nos últimos 12 meses
No Brasil, 21,4 milhões de mulheres foram vítimas de violência no último ano, um percentual de 37,5%. Deste total, classificando por tipo de agressão, os números são:
Esses dados revelam os maiores níveis de vitimização já registrados, em comparação com o ano de 2017.
Os dados das violências sofridas no último ano aumentaram em relação à 2017 confira os índices na tabela abaixo:
Perfil dos principais autores de violência e locais de ocorrência
A violência contra a mulher geralmente é praticada por homens que conhecem e convivem com as vítimas. Segundo os dados da pesquisa, dentre os principais autores, 40% é parceiro íntimo; 26,8% é ex-parceiro íntimo; 7,6% é amigo ou conhecido; e 5,2% é o pai ou a mãe.
Mais da metade das agressões ocorrem no ambiente doméstico, com um percentual de 57% nas residências, 11,6% na rua, 5% na internet/redes sociais, 3,3% no bar/balada e 2,3% no trabalho.
Mulheres sindicalistas em luta!
A realidade da vitimização das mulheres é alarmante e ainda é preciso muito enfrentamento para acabar com as opressões que, embora sejam proibidas por lei, são praticadas estruturalmente na nossa sociedade.
No Sintrajud, o Coletivo de Mulheres – Mara Helena dos Reis mobiliza a categoria no combate a violência e desigualdade de gênero. O Coletivo esteve presente ao ato unificado pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, dia 8 de março, na Avenida Paulista. Mulheres da categoria judiciária se somaram também às colegas previdenciárias e servidoras da saúde em nível federal para cobrar direitos e denunciar o machismo, o racismo, a LGBTfobia e o capitalismo.
Confira as fotos do ato unificado pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres: