“Pandemia só será controlada com a vacinação de todo o mundo”, afirmam especialistas


02/09/2021 - Shuellen Peixoto
Transmissão aconteceu nesta quarta-feira, 1º de setembro, com a participação dos professores Domingos Alves e Gonzalo Vecina Neto.

Nesta quarta-feira, 1º de setembro, a diretoria do Sintrajud realizou a 64ª live desde o início da pandemia. A transmissão contou com a participação dos especialistas Domingo Alves, que é professor da Faculdade de Medicina da USP e integrante do grupo Covid-19 Brasil, e Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e docente da Faculdade de Saúde Pública da USP. Os docentes dialogaram com a categoria sobre o atual cenário da pandemia de covid-19 no Brasil, as perspectivas para os próximos meses diante do aumento dos índices de contaminação e internações e o avanço da vacinação. A atividade foi mediada pelas diretoras Anna Karenina e Luciana Carneiro.

Durante a transmissão os professores explicaram os riscos da chegada de novas variantes, que prolongam a existência da pandemia no Brasil e no mundo, tiraram dúvidas dos servidores e defenderam que a única forma de controlar a pandemia é a vacinação em massa de toda a população no mundo. “Temos no horizonte a chegada da variante Delta, que é mais infecciosa e que poderá causar um aumento na taxa de mortalidade e novos casos, revertendo a tendência de quedas nos números, assim como aconteceu em janeiro com a chegada da variante P1”, afirmou Domingos Alves. “Este cenário de distribuição desigual de vacinas no mundo contribui para o avanço da variante Delta e criação de novas variantes, e é completamente incompatível com os discursos dos governantes de fim da pandemia e reabertura do comércio”, destacou o professor.

O professor Gonzalo Vecina Neto, que foi um dos idealizadores do SUS e fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da qual foi presidente de 1999 a 2003, criticou a falta de vacina no país e a posição assumida pelos governadores de relaxar as medidas de redução de contágio sem garantia de vacinação em massa. “Infelizmente, por escolha deste governo não há vacina para todos, e a solução para reduzir a mortalidade é vacinar toda a população”, afirmou Vecina Neto.

Ainda na opinião de Gonzalo Vecina, a população em situação de vulnerabilidade e pobreza deveria ser a prioridade na aplicação de vacina. “A pandemia veio nos mostrar que o que mata mesmo é desigualdade. No Brasil estamos em risco sanitário por causa da desnutrição, por falta de acesso a comida e da dificuldade do governo enxergar a necessidade de políticas públicas para reduzir o impacto da desigualdade social na economia”, disse o professor. “Tem que vacinar é quem está exposto ao risco, é o pobre, é a pessoa que tem que sair às ruas para conseguir comer — o trabalhador de transporte coletivo, do supermercado, da farmácia. Ou seja, quem está mais exposto e tem mais risco de morrer”, destacou Vecina Neto.

Para a diretora do Sindicato Luciana Carneiro, servidora do TRF-3, a pandemia também demonstrou a importância dos serviços públicos para população, principalmente no cenário de aumento da pobreza em que mais pessoas precisam utilizá-los. “O Estado precisa ser o responsável por nos garantir políticas públicas de saúde de qualidade. Foram instituições públicas como o Butantan e a Fiocruz que conseguiram demonstrar a importância do ensino, da pesquisa e do desenvolvimento de tecnologia de saúde, e foram fundamentais para a vacinação no país”, afirmou Luciana.

Quem perdeu a live pode assistir ao vídeo na íntegra nas páginas do Facebook e Youtube do Sindicato, onde também podem ser encontradas todas as transmissões anteriores. Desde o início da pandemia, o Sintrajud tem promovido lives para manter a organização da categoria e aprofundar discussões sobre temas de interesse de servidores e servidoras.

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