O Tribunal Regional Eleitoral aproveitou o 4º Encontro da Justiça Eleitoral Paulista para contabilizar horas de treinamento pautadas pela política interna de enfrentamento ao assédio moral, com uma palestra ministrada pela psicóloga Lis Soboll. E a fala evidenciou as contradições do Tribunal no qual 43% dos/as funcionários/as respondentes de uma pesquisa interna apontaram já terem sofrido assédio moral.
“Uma gestão saudável, inclusiva e colaborativa só é possível se colocar o ser humano no centro”, frisou a especialista.
Lis também abordou que a superexploração tem levado muitos trabalhadores/as conscientes de sua capacidade a rejeitar cargos de liderança devido ao excesso de trabalho. “O período das eleições é de exceção. Todos já sabem que vão ter que se dedicar muito, mas esse não pode ser o padrão de sempre”, alertou a psicóloga.
Com a política da atual administração, no entanto, a conta não fecha, já que o efetivo será reduzido, e mesmo no plano de terceirização só se alcançaria o já reduzido quadro de servidores atual em 2028.
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“É preciso combinar o horário do não trabalho. Achar que alguém tem que responder às 21h é desconsiderar essa pessoa como ser humano”, frisou Lis.
Abordando que a pesquisa de assédio é saúde mental do Conselho Nacional de Justiça em 2023 levantou que 56,4% dos trabalhadores/as do Judiciário relataram já ter sofrido assédio, sendo 88% desses casos são de assédio moral, com 78% de adoecimento, a psicóloga reforçou: “São indicadores que gritam”.
“Não é por acaso que temos esses métodos de gestão [no setor público em geral]. Eles nos fazem produzir mais, mas a um custo humano imensurável”, disse Lis Soboll.
A psicóloga Lis Soboll. Foto: Claudio Cammarota
A especialista também falou do assédio institucional, que é a gestão pela humilhação e a colocação de metas que não são possíveis de cumprir. E encerrou sua palestra lembrando que as leis e normas contra o assédio não vão acabar com o problema se cada um/a não fizer a sua parte enfrentando e denunciando tais práticas, além de promover ambientes saudáveis.
No auditório, muitas cabeças balançavam e dezenas de pessoas demonstravam reconhecer vários dos elementos apontados na fala da psicóloga no dia-a-dia do TRE-SP.
O diretor do Sindicato Ciro Manzano frisou que a mobilização contra a terceirização e a dispensa dos/as requisitados é contra o fato de que “a Justiça Eleitoral está se autodestruindo”.
Nessa perspectiva, a ação do Sindicato no dia de hoje durante o Encontro do TRE-SP também teve como objetivo convocar para o ato que acontece no dia 19 de maio (segunda-feira), a partir das 14 horas, em frente à sede do Regional. Apesar da informação sobre a análise da questão dos/s requisitados/as, a direção do Sindicato avalia que ainda não é possível baixar a guarda e que há necessidade de seguir pressionando por solução para o problema, esepcialmente em São Paulo, que já começou a dispensar colegas requisitados/as.
A manifestação vai cobrar a criação de mais cargos na Justiça Eleitoral, nomeação de todos/as os/as aprovados/as no último concurso e a permanência dos/as requisitados/as, que há anos prestam serviço de excelência no órgão.
A diretoria do Sindicato convoca todos/as servidores/as do Tribunal, cartórios e também aprovados/as no concurso ocorrido no ano passado a participar. A despesa de transporte será reembolsadas pelo Sintrajud mediante o envio do comprovante ao e-mail reembolso@sintrajud.org.br.