Painel sobre reestruturação produtiva tem ampla participação dos congressistas

Foto: Joca Duarte

Antes mesmo da mesa dar início aos debates, a diretora do Sindicato Raquel Morel e o servidor Elizaldo Veríssimo, o Ely, ambos do Tribuna Regional Eleitoral (TRE) pediram para ocupar o púlpito. Emocionados, comunicaram o falecimento de um dos trabalhadores terceirizados do TRE, Jerivaldo Luiz da Silva, que teve o corpo encontrado no local de trabalho – vítima de suicídio, na manhã de quinta-feira, 5 de maio. Os colegas do trabalhador destacaram a lógica desumanizadora a que estão submetidos todos os trabalhadores e, sobretudo, os mais precarizados, como é o caso dos terceirizados e terceirizadas.

Uma das coordenadoras da mesa, Maria Angelica Olivieri, servidora aposentada, solidarizou-se com os colegas e declarou pesar com a notícia, lembrando que, infelizmente, o caso ilustra parte das discussões sobre reestruturação produtiva e precarização das condições de trabalho.  “Esse debate não é novo, ele permeia as assembleias do nosso sindicato há anos e precisa  continuar a ser discutido com a nossa base, como está acontecendo no Congresso”, disse sensibilizada e abrindo oficialmente o painel no auditório do Atibaia Residence Hotel, em Atibaia, no terceiro dia do 9º Congresso do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de São Paulo, o Sintrajud.

O painel reuniu a palestrante Fabiane Previtali, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Urbelândia; e  os palestrantes Israel Luz, professor do Instituto Latino Amaricano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese) e Ricardo Festi, professor do Departamento de Sociologia e do Programa da Pós-graduação em Sociologia da UnB. Além de Maria Angelica Oliviere, mediou o debate o diretor do Sintrajud  Tarciso Ferreira (TRT), e pela base, Fábio Rodrigues (Justiça Federal da Capital). Todos os painéis do 9º Congresso do Sintrajud estão sendo transmitidos ao vivo na página do Facebook e no Canal do Youtube do sindicato.

Ampla participação

Após as falas de apresentação do tema, muitos servidoras e servidores se inscreveram para fazer perguntas e apontamentos à mesa. Cerca de 20 crachás foram entregues aos coordenadores do debate e foram submetidos a sorteio para cinco falas de mulheres e cinco falas de homens. As palestras, de modo geral, destacaram a intensificação da flexibilização do trabalho, especialmente no contexto de teletrabalho, home office e uberização. Reestruturação produtiva, condições de trabalho, destruição das relações de solidariedade, produtivismo, assédio moral, sexual e a luta do movimento sindical diante do avanço do capital na forma de organizar a vida foram debatidos com afinco pelos congressistas.

Avaliação da mesa

“Os servidores do judiciário não estão imunes à precarização e à restruturação produtiva. O assunto está no centro da luta do sindicato e ela já vem fazendo parte de nossas palestras e assembleias. As apresentações de hoje cumprem um papel importante de estimular o debate sobre a temática”, disse Tarciso, diretor do Sintrajud. O dirigente ressaltou ainda que tem percebido o interesse pelo tema por parte da categoria. Para ele, o sindicato está no caminho certo e a direção sai com o compromisso de ampliar a discussão.

O representante da base, que também compôs a mesa do painel, Fábio Rodrigues (Justiça Federal da Capital), lembrou que é tarefa da direção considerar os argumentos dos palestrantes, mas também as dúvidas da categoria, que não está convencida que o retorno presencial é a melhor saída no pós-pandemia. “O momento é de avaliar o paradoxo que foi formado no interior dos servidores e esse é o principal  desafio do sindicato”.

Veja aqui a transmissão do painel

* Esse é o primeiro texto da cobertura do painel “Reestruturação produtiva: home office, teletrabalho, uberização e a política de fazer mais com menos”.

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