Painel inicial aborda cenário político, social e econômico e esquenta os debates no 9º Congresso


06/05/2023 - Helcio Duarte Filho
Painel sobre conjuntura e os desafios da classe trabalhadora, que reuniu Virgínia Fontes, Vera Lúcia e Plínio de Arruda Júnior, teve transmissão ao vivo cujo vídeo está acessível.

Foto: Joca Duarte

“Achei que o Congresso começou da melhor maneira possível, superou as minhas expectativas”. Foi o que avaliou a servidora aposentada Rosana Nanatornis, do TRE-SP, ao conversar com a reportagem logo após o painel que analisou o cenário político, social e econômico do país e abriu os debates em Atibaia (SP) –  no segundo dia do 9º Congresso do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de São Paulo.

Ocorrido no final da manhã e início da tarde desta sexta-feira, 5 de maio de 2023, o painel reuniu como palestrantes a professora Virgínia Fontes, da Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado, ex-candidata à presidência da república e da direção nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) e Plínio de Arruda Sampaio Júnior, professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp.

Rosana integrou a coordenação da mesa, ao lado da diretora do Sintrajud Luciana Carneiro, da Justiça Federal, e do diretor  Luiz Paiva, da Justiça Federal.

A parte inicial dos debates foi transmitida ao vivo pelo Sintrajud – na página da entidade no Facebook e no Canal do Youtube. Com isso, pode ser assistida a qualquer hora por quem perdeu o painel ou queira rever as argumentações.

Tema quente

O debate transcorreu em temperatura alta, porém de forma cordial entre palestrantes, servidores e servidoras que falaram e participaram da reflexão coletiva sobre o tema. Um termômetro dessa temperatura foi a quantidade de inscrições apresentadas à mesa quando se abriu para que congressistas falassem.

Apesar do atraso nos trabalhos que encostou o painel à hora do almoço, 17 pessoas entregaram seus cartões à coordenação da mesa, que foram submetidos à sorteio para cinco falas de mulheres e cinco falas de homens.

As palestras versaram por uma série de assuntos relacionados à conjuntura e à tarefa dada ao painel: abordar os desafios e os passos mais certeiros que podem ser dados pela classe trabalhadora neste momento – face ao governo Lula, à derrota do bolsonarismo, as acumuladas perdas de direitos históricos e de poder aquisitivo e a ainda inegável ameaça da extrema direita no país e no mundo.

Arcabouço fiscal, muito criticado, precarização do trabalho, pobreza, sindicalismo, meio ambiente, Novo Ensino Médio e discriminações raciais e de gênero e as lutas da classe trabalhadora foram temáticas inevitáveis ao debate.

Objetivos

“Eu sempre acho que abrir um Congresso com debate de conjuntura dá toda a tônica das demais discussões que ocorrerão durante o evento. E essa mesa foi particularmente muito bem pensada, para que ela suscitasse o debate”, observou a servidora Luciana Carneiro, pouco depois do encerramento da mesa.

A dirigente do Sintrajud mencionou que um dos objetivos desta primeira mesa do 9º Congresso era justamente ressaltar o perfil classista da entidade sindical, que historicamente se coloca ao lado das pautas da categoria e tem por obrigação enfrentar quaisquer que sejam os governos. “Não podemos deixar nos pautar pelo governo simplesmente por ele ser do campo progressista”, disse à reportagem.

Formação

Para Luiz Paiva, foi um momento necessário e importante ao fomentar e incentivar o debate e a participação. “Para haver justamente esse choque de ideias da militância mais ativa dentro do Sindicato”, observou. “Receber pessoas da academia, como Virgínia e Plínio, e representantes de campos políticos, como a Vera, é extremamente importante para fazer nossos debates, para trazer uma significação e explicações dessa realidade tão contraditória e de uma situação tão limite que a gente vive como classe trabalhadora hoje”, analisou.

“É uma oportunidade não só de esclarecimento, como uma possibilidade de aumento da formação política da classe como um todo. E todos esses embates que acontecem, essas posições contraditórias, elas vem para enriquecer ainda mais o conteúdo do Congresso”, ponderou.

E agora?

Para Rosana Nanatornis, o que ficou evidente nas palestras, é que a derrota da extrema direita nas eleições e a vitória de Lula foram importantes, porém o governo em curso é uma composição com forte presença de setores patronais. Os Sindicatos e a classe trabalhadora, portanto, precisam se pautar por suas demandas, necessidades e atuar de forma independente.

“Nós não demos um cheque em branco”, disse, expressando algo que permeou a maioria das falas do painel. A mesa demonstrou, relatou, que não tem soluções fáceis para enfrentar este novo momento político. “A gente tem que debater e descobrir como começar”, resumiu.

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