O Estado e a Revolução


02/03/2017 - joebetho

“Os escravos assalariados de hoje, em consequência da exploração capitalista, vivem de tal forma acabrunhados pelas necessidades e pela miséria que nem tempo têm para se ocupar de ‘democracia’ ou da ‘política’; no curso normal e pacífico das coisas, a maioria da população encontra-se afastada da vida sociopolítica.” Lênin (1870-1924)

Extraído do 5º Capítulo de O Estado e a Revolução, um dos livros mais destacados de Lênin, a frase acima é atualíssima nos países capitalistas do planeta Terra.

De 3 de julho a 7 de outubro de 1917, Lênin esteve longe de Petrogrado, a então capital da Rússia. Declarando-o fora da lei, o governo provisório chefiado por Kerensky oferecia elevada quantia a quem o entregasse às autoridades. Estava a prêmio a cabeça de Lênin, a quem mais tarde Trotsky se referiu em sua História da Revolução Russa: “Ao lado das usinas, das casernas, das províncias, do front, dos Sovietes, a Revolução contava com outro laboratório: a cabeça de Lênin.”

Conseguindo chegar às margens do lago Razliv, perto da fronteira finlandesa, Lênin refugiou-se numa cabana, onde desenvolveu várias teses e começou a escrever O Marxismo sobre o Estado, que se transformou em O Estado e a Revolução.

Em síntese, Lênin expôs que o Partido Bolchevique não renunciava à luta por uma República Soviêtica, e que, devido à repressão violenta desencadeada pelo governo provisório, dissipavam-se as esperanças de desenvolvimento pacífico da revolução.
Em Petrogrado, no clandestino VI Congresso do Partido, Stalin apresentou como relatório político a tese leninista: “Aliança da classe operária com o campesinato, condição indispensável para a vitória da revolução socialista”. O partido contava, então, com mais de 300 mil bolcheviques filiados.

Tornando-se muito difícil para o líder bolchevique continuar na cabana, pois agentes do governo começavam a farejar em torno do lago Razliv, os operários que o abasteciam de alimentos e jornais o ajudaram, de trem, a chegar até Lahti, a 130 quilômetros de Helsinfors, atual Helsinque, capital da Finlândia. Ali, Lênin recebeu guarida do social-democrata Kustaa Rovio, concluindo o 6º capítulo de O Estado e a Revolução.

No posfácio à 1ª edição dessa obra (publicada em 1918), o próprio autor informa: “A presente brochura foi escrita em agosto e setembro de 1917”. Tinha já estabelecido o plano do capítulo seguinte, o 7º: “(…) Mas não tive tempo para escrever uma linha desse capítulo: impediu-me a crise política, à véspera da Revolução de Outubro. Só podemos alegrar-nos com tal impedimento; é mais agradável e mais útil viver a experiência da revolução do que escrever sobre ela.”

Em 1919, em meio à hercúlea implantação do socialismo na Rússia, Lênin revisou e ampliou o volume da segunda edição de O Estado e a Revolução, dando especial importância à abordagem do socialismo e do comunismo como duas fases da evolução da sociedade comunista. A sociedade não pode saltar do capitalismo para o comunismo sem passar pelo estágio socialista de desenvolvimento.

“Do capitalismo”, escreveu, “a humanidade só pode passar diretamente ao socialismo. Isto é, à propriedade social dos meios de produção e à distribuição dos produtos segundo o trabalho de cada um. No comunismo, que se desenvolve com base na consolidação do socialismo, vigorará este princípio fundamental: de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades”.

Prognosticando o líder da primeira Revolução Socialista vitoriosa do planeta – a Revolução de Outubro: “No plano político, a diferença entre a primeira fase, ou fase inferior, e a superior, do comunismo, será provavelmente enorme com o tempo.”

Joel de Andrade Teixeira é servidor aposentado da Justiça Federal

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