NOTA: Há 56 anos fomos golpeados, e estamos sendo novamente


31/03/2020 - Redação

Confira abaixo a nota da diretoria do Sintrajud sobre o dia 31 de março, quando em 1964 teve início o golpe empresarial-militar que fez o Brasil sucumbir a 21 anos de torturas, mortes e desaparecimentos.

Há 56 anos fomos golpeados, e estamos sendo novamente

Nesta terça-feira (31 de março), quando se completam 56 anos do golpe orquestrado por parte do empresariado nacional e estrangeiro e a cúpula das forças armadas, mais uma vez o governo Bolsonaro ataca a memória, a verdade e o direito à justiça no país.

O Ministério da Defesa e os comandos das três armas divulgaram nota afirmando que o “Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira”. Na sequência, o vice-presidente Hamilton Mourão homenageou a ditadura e o presidente da República se referiu à data como “Dia da Liberdade”.

Os pronunciamentos governamentais, além de mentirosos, são uma afronta à Historia brasileira, às famílias dos mortos e desaparecidos, às condenações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que instam o país a acertar as contas com os crimes promovidos por agentes públicos sob ordens dos governos militares.

Além da vasta documentação, o uso da tortura e assassinatos como método restou comprovado com a divulgação dos memorandos assinados pelo general Ernesto Geisel.

O ídolo do presidente Bolsonaro, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, já foi condenado pelo Judiciário. Outros algozes da época são processados para que respondam por seus atos.

Mesmo assim, mais uma vez, o governo zomba da Nação. Ao mesmo tempo que incita a população mais empobrecida a encarar a morte saindo às ruas para “não parar a economia” ou morrer de fome, enquanto edita medidas provisórias diariamente para beneficiar patrões, banqueiros e o grande empresariado. E no mesmo momento em que tenta aproveitar a crise na qual o país está mergulhado pela falta de investimentos em saúde, moradia e educação para reduzir salários e atacar direitos do funcionalismo público.

A postura do governo repete os métodos da ditadura: a mentira, a ofensiva contra o povo, a disseminação do ódio e a retirada de direitos. Foi a ditadura empresarial-militar que extinguiu a estabilidade no emprego para os trabalhadores do setor privado, substituindo-a pelo FGTS e abrindo a chaga do desemprego que hoje atinge mais de 12 milhões de brasileiros.

O fato de não termos tido no Brasil uma justiça de transição e que a abertura “lenta e gradual”, acomodando os interesses patrocinadores da ditadura e dos militares, é o que dá margem à persistência desses fantasmas. Em outros países, como na Argentina ou na Alemanha pós-nazismo, manifestações desse tipo são passíveis de condenação e torturadores estão presos. Aqui no Brasil, não. Até mesmo presidente da Corte Constitucional do país, ministro Dias Toffoli, já se referiu à ditadura como um “movimento” – relativizando a História como o STF vem se permitindo relativizar a Constituição.

Não aceitaremos que a História seja reescrita sem direito à reparação histórica às vítimas da ditadura. Não aceitaremos ataques às conquistas arrancadas à custa do sangue de muitos.

Como derrotamos o golpe empresarial-militar com a força e organização da classe trabalhadora, vamos derrotar a política ultraliberal e de retirada de direitos do governo Bolsonaro o golpe da redução salarial e o golpe da zombaria com os mortos pelo coronavírus.

#ForaBolsonaro
#NenhumDireitoAMenos
#DitaduraNuncaMais
#TodosContraOCorona
#FiqueEmCasa

Diretoria executiva do Sintrajud

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