O coletivo LutaFenajufe – formado por servidores e sindicatos que defende uma organização sindical para a categoria independente de governos e administrações – lamenta o ocorrido no sábado (8), em Brasília, durante a reunião ampliada da Fenajufe, a federação nacional da categoria. E faz um chamado ao conjunto dos servidores do Judiciário Federal e do MPU para que, a despeito dos setores majoritários que hoje dominam a Fenajufe, nos organizemos na base da categoria para defender nossos direitos, construir a greve geral convocada para o dia 28 de abril e enfrentar a ameaça de retrocessos históricos.
É inaceitável o que acaba de ocorrer em Brasília. É uma traição aos servidores que o campo majoritário na direção da federação apresente proposta extemporânea, que não estava na pauta, sem base no estatuto da entidade, para afastar sumariamente um dirigente legitimamente eleito no congresso da categoria.
Coube a Cledo Vieira, ex-dirigente do Sindjus-DF e da Fenajufe ligado à CUT e ao PT, derrotado nas eleições das duas entidades, cumprir esse papel, em associação com a maioria da atual direção do sindicato de Brasília. Ele entregou representação contra o oficial de justiça do Distrito Federal Gerardo Lima, um dos coordenadores da Fenajufe. O ato decorre de interesses particulares de alguns setores na disputa pela direção do Sindjus-DF e da Fenajufe – entre eles os de um coordenador-geral conhecido por furar greves.
Na véspera da ampliada, aconteceu algo que demonstra quais prioridades lhes movem. O campo majoritário usou dez horas de reunião da direção da Fenajufe para assuntos burocráticos e parcos minutos para a luta contra a reforma da Previdência e a construção da greve geral.
No dia seguinte, consumou-se na reunião ampliada a política que despreza a vontade da categoria e promove ataque à democracia interna sem precedentes na história da federação. Setores que dizem que houve um golpe neste país com o impeachment da presidente Dilma articularam alianças com correntes políticas como o “Fenajufe Sem Correntes” e o “Liberta” para forjar uma maioria ilegítima e tomar de assalto a Fenajufe e o Sindjus-DF.
O afastamento sumário do servidor eleito é grave precedente. Contou até com a “cassação” do direito dos demais de falar e expressar seus pontos de vista. Teve ainda vergonhosa manobra por parte dos defensores do golpe: eles se inscreveram, tomaram a vaga de quem desejava contribuir com o debate sobre a greve geral e a defesa dos direitos ameaçados, mas se calaram para que o tema prioritário e para o qual a reunião foi convocada se encerrasse às pressas.
Tudo para ‘assegurar’ o golpe contra o dirigente eleito pela categoria – o que só ocorreu perto das 22 horas e com um plenário muito esvaziado, quase quatro horas após o previsto para o término da reunião. Gerardo foi afastado sem sequer ter direito de defesa ou acesso prévio ao teor do que estaria sendo acusado, mesmo com a proibição estatutária para que assim se procedesse. Outra vez contrariando o estatuto, o campo majoritário decidiu que uma comissão será montada posteriormente pela direção Executiva da Fenajufe para tratar do caso.
Algo estapafúrdio, ilegítimo, ilegal e inconcebível sob todos os aspectos. É uma traição às necessidades da categoria, que vive um momento decisivo na manutenção ou não de direitos que, caso derrubados, podem jogar por terra planos de vida e histórias de dedicação ao trabalho.
O coletivo LutaFenajufe, porém, acredita que, da mesma forma que a categoria foi capaz de enfrentar o governo Dilma, de derrotar nas eleições da maioria dos sindicatos os setores ligados à CUT, ao PT e a governos que tentaram nos massacrar, saberá superar esses dirigentes burocratas para reverter esse golpe vergonhoso e construir a luta unitária na base.
Vamos juntos construir a mobilização e a greve geral do dia 28 de abril, apesar da direção majoritária da Fenajufe. Nos dias 8, 15 e 31 de março diversas categorias se mobilizaram e foram às ruas. O governo Temer já demonstra ter dificuldades para aprovar a ‘reforma’ da Previdência.
Mas nada está garantido. Ao contrário, sabemos que os deputados ‘vendem’ caro seus votos para faturar mais. Precisamos multiplicar as mobilizações para barrar as ‘reformas’ e pôr para fora Temer e todos os que atacam os serviços públicos e os direitos da classe trabalhadora.
No dia 28 de abril, apesar da burocracia sindical, o Judiciário e o país vão parar! AGORA É GREVE GERAL! FORA TEMER!