‘Não há como não protestar’, diz servidor sobre atos contra a PEC-32 no dia da categoria

“A comemoração que se poderia fazer hoje é protestar”. Assim o servidor aposentado do TRE-SP Márcio Lois resume como começou a quinta-feira (28), Dia do Servidor e da Servidora, para a delegação do Sintrajud se encontrava em Brasília. “Queremos fazer com que esta PEC-32 seja arquivada definitivamente”, diz, pouco depois de participar da mobilização conjunta, que reuniu servidores de diversos setores e estados do país na manhã e início da tarde na capital federal.

A pressão contra a ‘reforma’ Administrativa teve a sua sétima semana consecutiva de atos quase diários em Brasília – o Sintrajud esteve presente em todas estas jornadas. Desta vez, nove pessoas integram a delegação que foi ao Distrito Federal. Após o ato na Esplanada dos Ministérios, os servidores iniciaram mais uma jornada de contato com parlamentares para defender os serviços públicos e argumentar a favor da rejeição da PEC-32.

A concentração para a atividade começou pela manhã no Espaço do Servidor, próximo ao antigo Ministério do Planejamento. De lá, a manifestação se dirigiu em caminhada pela Esplanada dos Ministérios até a Praça das Bandeiras e, em seguida, retornou até o Ministério da Economia.

Outra vez os servidores cantaram em coro o recado aos parlamentares: “Se votar, não volta”. Nos gramados da praça, os servidores escreveram com os próprios corpos a frase “Não à PEC 32”, manifestação registrada por imagens de drones. 

No Ministério da Economia, o ministro Paulo Guedes foi chamado de ‘parasita’, sendo mencionada a recente revelação de que o responsável pela economia brasileira mantém uma fortuna em um paraíso fiscal no exterior – e lucra cada vez que a cotação do dólar sobe e, com ele, os preços dos combustíveis e dos alimentos. Em um dos ataques aos trabalhadores no ano passado, Guedes disse que os servidores são ‘parasitas’, afirmação que, apesar de gravada e explícita, negou posteriormente.

O Dia do Servidor foi marcado por atos em vários estados, além do Distrito Federal. Também houve uma live nacional organizada pela campanha ‘Contra a PEC 32’, que reúne o Fórum Nacional dos Servidores (Fonasefe) e as centrais sindicais, entre elas a CSP-Conlutas – retransmitida pelo Sintrajud em sua página no Facebook.

Em São Paulo, o protesto presencial, com uso de máscaras obrigatório, começou na Praça da República. O Sintrajud participou. “Esse dia definitivamente a gente não tem muito o que comemorar, temos perdido muitos direitos ao longo dos anos e criminalizados. O governo mais uma vez tenta enganar a população dizendo que para aprovar o auxílio Brasil precisa aprovar a ‘reforma’ Administrativa”, disse, de Brasília, a servidora Luciana Carneiro, da direção do Sintrajud. “Esse 28 de outubro não poderia deixar de ser mais um dia de luta, inclusive para que possamos continuar tendo um [dia do servidor] “, observa.

A servidora ressalta que as caravanas a Brasília vão continuar. “Guedes deu uma entrevista falando que para pagar o auxílio precisa que a PEC seja aprovada. Integrantes da Frente a favor da PEC Administrativa também estão fazendo pressão para que seja colocada em votação. Não podemos arrefecer ou desmobilizar, temos que ficar atentos”, defende.

Márcio Lois corrobora com a preocupação em manter a mobilização. Aos 84 anos e 14 de aposentadoria, nem pensa em deixar de lado a luta. Pretende voltar a Brasília com a delegação do Sintrajud na primeira semana de novembro, logo após o feriado. “Eu estou fazendo só o que dá para fazer. Não digo que seja uma obrigação, é uma coisa natural. A gente tem um dever de pensar no futuro, na família, e também na [necessidade] de derrubar este governo, que na nossa opinião é um desvario total”, assinala.

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