Lutas sociais e combate às opressões foram os temas da 4ª aula do ciclo de debates


23/09/2022 - Shuellen Peixoto
Atividade aconteceu nesta quinta-feira, 22, no auditório do Sindicato, e teve a participação dos professores Lívia Moraes e Wagner Miquéias Damasceno.

Foto: Jesus Carlos

A forma que o capitalismo se utiliza das opressões para super explorar a classe trabalhadora e obter mais lucros foi o tema debatido no quarto encontro do Ciclo de Debates Teletrabalho, metas e direitos: os impactos no serviço público que aconteceu nesta quinta-feira, 22 de setembro, no auditório do Sintrajud.

A mesa Classe, raça, gênero e lutas sociais teve a participação dos professores Lívia Moraes, do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e de Wagner Miquéias Damasceno, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e autor do livro Racismo, Escravidão e Capitalismo no Brasil: uma abordagem marxista (Editora MireVeja). Antes da atividade, Wagner autografou o livro para os colegas presentes.

Crédito: Jesus Carlos

Os palestrantes abordaram as diversas formas de opressões e como elas são utilizadas para reduzir direitos, em geral, e garantir mais lucros para as classes superiores. Na opinião dos professores, por isso, é impossível acabar com todas as formas de opressões dentro do capitalismo.

“Os corpos das mulheres, negros e negras e pessoas com deficiência, por exemplo, são tidos como corpos menos valorizados, desumanizados e mais explorados para pagar mais barato na mão de obra, e isso afeta a classe trabalhadora como um todo”, afirmou Lívia Moraes. “As opressões não acontecem só no plano do discurso ou ideologicamente, elas acontecem materialmente, quando pessoas negras são privadas do acesso à mesma educação que as brancas, ou têm que morar em bairros mais violentos e sem saneamento básico. Tudo isso são formas de fazer com que o custo da força de trabalho seja menor”, destacou a docente.

Crédito: Jesus Carlos

Para Wagner Miquéias Damasceno, além de lucrar com a opressão, o capitalismo utiliza dela para promover a divisão e a concorrência entre os trabalhadores. “O racismo, muitas vezes se torna uma arma para trabalhadores brancos, para garantir muitas vezes seu emprego ou uma promoção, garante benefícios aparentes e provisórios para o trabalhador branco e benefícios permanentes que a burguesia”, ressaltou. “No limite, a burguesia utiliza o racismo para reduzir a massa salarial de todos, não só dos negros, e eliminar postos de trabalho. Vimos isso com a terceirização”, disse Wagner.

A servidora Elaine Lídia Craus, do TRT-4, destacou a desigualdade racial que ainda predomina entre os colegas do Judiciário Federal. “Na JT da Quarta Região, negros e negras somam menos de 4% da força de trabalho entre os servidores, ao passo que entre terceirizados a maioria são negros. As mulheres são a maior parte da nossa categoria, mas percebemos que quando a hierarquia vai subindo, os postos de prestígio e poder são ocupados por homens brancos”, destacou a servidora que fez parte da mediação do debate.

No contexto de avanço do teletrabalho, a professora Lívia destacou a necessária atenção à situação das mulheres, que são responsabilizadas pelo trabalho doméstico e cuidados com a família, além o trabalho remunerado. “Há um cenário no teletrabalho que leva a mulher à exaustão. Ela pode até garantir a desconexão do seu trabalho assalariado, mas não consegue do doméstico”, afirmou a pesquisadora. “Para pensar o teletrabalho, não basta pensar na intensificação do trabalho, exploração ou aumento da jornada, é preciso pensar também no que está acontecendo no âmbito da reprodução, no cenário doméstico, no cortes orçamentários e como isto está afetando as mulheres”, ressaltou Lívia.

Ainda na opinião dos palestrantes, o desafio colocado para os sindicatos e movimentos sociais é colocar a luta contra toda a forma de opressão como parte cotidiana e intrínseca à luta dos trabalhadores como um todo.  “Este momento coloca para nós a necessidade de combinar as lutas que travamos em defesa da manutenção de todos os nossos direitos e conquistas, com uma luta antissistêmica para superar o sistema capitalista”, finalizou Wagner.

Veja a íntegra da 4ª aula:

Encerramento do ciclo de debates

Na próxima quinta-feira, 29 de setembro, acontece o último encontro do Ciclo de Debates Teletrabalho, metas e direitos: os impactos no serviço público. A Mesa Desafios dos sindicatos frente ao avanço da precarização do trabalho público terá o objetivo de fazer uma síntese de todo o debate que foi realizado ao longo do ciclo, com base nas experiências diárias de trabalhadores de diversas categorias do serviço público.

A atividade contará com a participação de Fabiano dos Santos, diretor do Sintrajud,  Michele Schultz, da direção do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior); Thaize Antunes, do Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado de São Paulo), e um representante do Sindjesp (Sindicato dos Trabalhadores do Tribunal de Justiça de São Paulo).

Ciclo de Debates Teletrabalho, metas e direitos: os impactos no serviço público, é uma iniciativa do Sintrajud, em parceria com diversas entidades. As aulas do ciclo estão acontecendo presencialmente todas as quintas-feiras de setembro, das 19h30 às 22h, havendo também a possibilidade de participar pela internet. Todas as aulas estão disponíveis na página do Sintrajud no Youtube.

Além das atividades do ciclo, a diretora do Sintrajud garantiu um desconto de 30% na compra de qualquer livro da Editora Boitempo nos próximos 15 dias. Para quem quiser garantir o desconto basta usar o código promocional SINTRAJUD.

 

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