Live sobre saúde mental e prevenção do suicídio marca Setembro Amarelo no Sintrajud


24/09/2021 - Shuellen Peixoto
O psicólogo Bruno Chapadeiro e o oficial aposentado Ivo Farias conversaram sobre o tema em transmissão do Sindicato.

Nesta quarta-feira, 22, o Sintrajud realizou a live “Saúde mental na pandemia e prevenção ao suicídio”, para marcar o Setembro Amarelo – mês dedicado à campanha internacional de esclarecimento sobre prevenção e posvenção do suicídio. Como faz todos os anos, o Sintrajud incluiu essa discussão em sua agenda de atividades.

A transmissão teve a participação do oficial de justiça aposentado Ivo Farias, sobrevivente enlutado pelo suicídio e coordenador do Grupo Luta em Luto de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio, e de Bruno Chapadeiro, perito em Psicologia do Trabalho na Justiça Trabalhista. A conversa foi mediada pela diretora do Sintrajud Ester Nogueira. A live teve o objetivo de destacar a importância das campanhas do “Setembro Amarelo”, que ajudam na prevenção, acolhimento e apoio às vítimas.

Para o psicólogo Bruno Chapadeiro, é essencial dar atenção ao tema e à questão da saúde mental, principalmente em momentos de aumento das crises econômicas e desemprego. “Precisamos olhar um pouco mais a fundo para o que significa o suicídio, porque as maiores taxas de autoextermínio acontecem em períodos de mais austeridade e desproteção ao trabalho”, afirmou Bruno.

Segundo pesquisa divulgada em 2019 pelo Ministério da Saúde, a maioria dos óbitos por suicídio no Brasil são de jovens entre 10 e 29 anos, e com proporção maior entre a negra e indígena. “Suicídio já é a quarta maior causa morte no Brasil, com prevalência entre a juventude negra, mas também com altas taxas entre indígenas que, por conta do extermínio da sua cultura, buscam no autoextermínio o fim desta dor, e entre os idosos, a quem temos relegado aposentadorias insuficientes“, destacou o especialista.

Ainda na opinião de Bruno Chapadeiro, o combate ao suicídio passa por políticas de proteção e garantia de qualidade vida para a população. “Estudos apontam que países e estados com mais políticas de assistência social e até transferência de recursos apresentam menores taxas de suicídio”, ressaltou o psicólogo.

Apoio e acolhimento

Ivo Farias destacou a importância dos grupos de apoio para os sobreviventes e enlutados. Ele passou a frequentar esses grupos após a morte da sua filha Ariele, por suicídio, em 2014. “Luto por suicídio é diferente de qualquer luto, ele tem início, mas não tem fim, envolve uma série de sentimentos complexos. Os grupos de apoio são espaço de acolhimento de sobreviventes enlutados e tentantes, ou de quem teve ideação, espaço para falar sem julgamento e com muito apoio ”, afirmou Ivo.

Para Ivo, as campanhas de prevenção e posvenção ao suicídio no Setembro Amarelo têm a função de dar visibilidade e atenção a esta questão, que atinge diretamente a vida de muitas pessoas. “Suicídio, geralmente, é uma atitude extrema de alguém que tem uma explosão de vários sofrimentos, por isso a importância de acolher e falar sobre isso”, ressaltou o servidor que, além de militante da valorização da vida e da prevenção e posvenção do suicídio, é coordenador do Grupo “Luta em Luto” de apoio aos sobreviventes do suicídio, que foi fundado em 2019 e reunia-se na subsede do Sintrajud em Santos antes da pandemia, para onde retornará quando houver segurança sanitária.

Esta foi a 66ª live realizada pelo Sintrajud desde o início do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19, com objetivo de manter o diálogo com a categoria. Todos os vídeos estão disponíveis integralmente nas páginas do Youtube e Facebook do Sindicato.

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