NOTICIAS15/06/2020
Junho Violeta chama atenção ao combate da violência contra as pessoas idosas
Por: Shuellen Peixoto
Dia 15 de junho é a efeméride mundial de conscientização sobre este tipo de violência, que é invisibilizada; veja como reconhecer e denunciar.

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Por isso, este mês é conhecido como Junho Violeta, e é dedicado à valorização das pessoas idosas, combate à descriminação e a violência contra os mais velhos. Para Marisa Accioly, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e especialista em gerontologia, é um mês de conscientização sobre a importância das pessoas idosas, que são permanentemente excluídas de atividades na sociedade que vê o envelhecimento como algo ruim. “Os idosos são parte da nossa sociedade e devem ser integrados ao que fazem e ao seu meio, por isso a importância de núcleos de convivência. O envelhecimento pode ser ativo e saudável”, afirmou a especialista.
Os maus tratos contra idosos são uma grave violação aos direitos humanos, e no Brasil também trata-se de conduta criminosa. Segundo o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003, colocar em risco a vida ou a saúde do idoso, através de condições degradantes ou privação de alimentos ou cuidados indispensáveis, é crime.
Apesar do Estatuto do Idoso, os dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos apontam que, em 2018, o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) recebeu 13% mais denúncias de violações contra a pessoa idosa em relação ao ano anterior. No entanto, o Ministério aponta que ainda há muitos casos que não são denunciados. Para doutora Marisa, há um conjunto rigoroso de normas para salvaguardar a vida da pessoa idosa, no entanto, há dificuldades de implementação por conta do isolamento e descriminação dos idosos. “As políticas públicas precisam trabalhar cada vez mais com integrar o idoso na sociedade, lançando luz de quanto os idosos contribuem para a sociedade”, destacou Marisa.
Para servidora aposentada do TRF-3, Ana Luiza Figueiredo, diretora do Sintrajud, a pandemia evidencia a necessidade de proventos que garantam uma vida digna para os idosos, direito retirado pela "reforma" da Previdência aprovada no governo Bolsonaro. “ A maioria dos idosos no Brasil está submetida a um cotidiano de abandono, miséria e violência já faz tempo, e, neste momento de pandemia, essa realidade ficou extremamente agravada pela política genocida de Bolsonaro, que, com ajuda do Congresso e do Judiciário, aprovou o fim do direito à aposentadoria”, afirmou. “Neste momento, de sofrimento e dor da população, o governo defende o fim da quarentena e oferece aos idosos valas comuns como leito de morte, por isso, nós trabalhadores aposentados devemos nos somar aos jovens na luta em defesa da vida, por mais diretos e pelo fora Bolsonaro e Mourão”, concluiu Ana Luiza.
Denuncie
A violência contra idosos pode ser definida como qualquer ato, ou ainda a ausência de uma ação, que cause danos ou incômodo à pessoa idosa. Estão entre os casos mais comuns os abusos psicológicos, abusos financeiros, negligência, abusos físicos e os abusos sexuais.
As denúncias de violência contra idosos podem ser feitas pelo Disque 100, que funciona 24 horas. As ligações são gratuitas, de qualquer telefone fixo ou móvel, e a denúncia pode ser anônima. Ou seja, se souber de um vizinho ou vizinha que esteja sendo vítima de violência, qualquer pessoa pode comunicar ao telefone de emergência. A central registra a denúncia, encaminha para a rede de proteção e responsabilização e monitora as providências adotadas para informar a pessoa denunciante o andamento do caso.
Neste período de pandemia, o serviço também está recebendo ligações de pessoas idosas que vivem sozinhas e sentem-se mais ansiosas ou têm alguma dificuldade ou desamparo.