Golpe de 64 completa 58 anos com elogios de Bolsonaro e ameaças à Justiça Eleitoral


01/04/2022 - Hélio Batista Barboza
Bolsonaro volta a saudar regime militar; presidente do TRE admite preocupação com segurança dos trabalhadores.

Em 2009 o próprio candidato havia afixado à porta de seu gabinete na Câmara dos Deputados cartaz onde debochava de desaparecidos durante a ditadura. (Foto: Reprodução/Facebook)

O golpe que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil completou 58 anos nesta quinta-feira, 31 de março, em meio a novas provocações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores contra o regime democrático. O cenário coloca os servidores da Justiça Eleitoral como alvos indiretos da violência política, como reconheceu nesta sexta-feira o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, num evento para presidentes de TREs.

“A Justiça Eleitoral está sob ataque. A democracia está ameaçada. A sociedade constitucional está em alerta”, declarou o ministro.

Na quinta-feira, em evento que reuniu chefes de cartório e marcou a abertura oficial do ano eleitoral, o presidente do TRE-SP, desembargador Paulo Galizia, alertou que há preocupações com a segurança dos servidores da JE e com a proteção dos sistemas digitais (leia aqui).

Elogio a torturador

Também nesta semana, Bolsonaro disse que o Brasil seria uma “republiqueta” sem as obras do “governo militar”. Na mesma linha, seu então ainda ministro da Defesa, general Braga Neto, divulgou nota na qual afirma que a ditadura “fortaleceu a democracia” no país.

No domingo, num evento em que se lançou pré-candidato à reeleição, Bolsonaro já havia feito novos elogios ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador do regime militar. Bolsonaro chamou Ustra de “velho amigo” e disse que o coronel, falecido em 2015, “lutou por democracia”.

As declarações causaram indignação em grupos de diretos humanos e familiares de mortos e desaparecidos, que nesta quinta realizaram a já tradicional caminhada do silêncio com cartazes denunciando a postura do governo como mais um crime do presidente da República (foto).

No ano passado, a pregação de Bolsonaro em defesa do voto impresso e suas alegações contra a confiabilidade da urna eletrônica incentivaram o aparecimento de ameaças aos servidores em grupos de WhatsApp, pichações e faixas colocadas próximas a cartórios. Episódios de violência contra servidores do Judiciário também foram registrados no processo eleitoral de 2018, que levou Bolsonaro à Presidência.

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