G20: Cúpula dos Povos reúne ativistas para debater lutas para garantir futuro à humanidade


19/11/2024 - Redação
A pluralidade de rostos, cores, locais de origem e de lutas travadas deu a medida do que realmente significa a Cúpula dos Povos frente ao G20. O evento organizado em contraposição à reunião das potenciais mundiais foi também o momento de reivindicar a vida, enquanto os capitalistas perpetuam genocídios pelo mundo.
Dirigente do Sintrajud e da CSP-Conlutas Ismael Souza fez intervenção no evento nacional: Foto: Arquivo Sintrajud

Diretor do Sintrajud Ismael Souza, que também é dirigente da CSP-Conlutas, durante intervenção na RCN. Foto: Arquivo Sintrajud

Você até pode ler em alguns outdoors espalhados pela cidade que o Rio de Janeiro é a capital do G20. No entanto, nesta quinta-feira (14), no prédio histórico da Associação Brasileira de Imprensa, o encontro dos excluídos pelo sistema mandou uma mensagem mais notável: o futuro da humanidade depende de ações quem rompam hoje com a lógica do Capitalismo.

O Sintrajud esteve representado na reunião da coordenação nacional da Central pelos diretores Camila Oliveira, Isabella Leal e Ismael Souza e os servidores Fabiano dos Santos e Luciana Carneiro (que integram a direção da central, junto com Ismael).

E foi assim, a compartilhar angústias, sonhos, desafios e esperanças que a Cúpula dos Povos, que teve a participação direta da CSP-Conlutas em sua realização, realizou seus trabalhos. Logo na abertura, para se encher de ancestralidade e representatividade, a apresentação de capoeira e o coral indígena atestaram que as lutas ocorrem em conjunto e não separadas.

Os capoeiristas do grupo Herança, do Morro do Vidigal, e os indígenas Guarani Tekoa ka Aguy, de Maricá (RJ) descobriram que têm muito mais em comum do que se imagina, assim como todo corpo de ativistas reunidos. Essa pluralidade na luta unificada se fez presente na primeira mesa do dia.

Diretora Camila Oliveira em reunião nacional da CSP-Conlutas. Foto: Arquivo Sintrajud

Cleusa Silva, coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras, juntou se à jornalista palestino-brasileira Soraya Misleh, da Frente Palestina São Paulo, e Dayron Lazo, educador de origem cubana e pesquisador do Instituto de Filosofia da Universidade de Havana

As lutas antirracistas pelo mundo e o debate a cerca das reparações históricas foi a linha guia no discurso de Cleusa para um plenário lotado.  Em seguida, Soraya Misleh apresentou um painel sobre o genocídio do povo palestino cometido por Israel e as relações do sionismo com o imperialismo representado no G20.

“Primeiro o imperialismo britânico, depois com os EUA, que destina milhões de dólares para manter seu enclave (Israel) na região. As armas americanas e européias matam na região, mas também uma cumplicidade histórica, nesses apertos de mãos manchados de sangue, inclusive aqui no Brasil”, explica Soraya.

Para fechar a primeira parte dos trabalhos, Dayron abordou a conjuntura levando-se em conta dos impactos da ascensão dos Brics e esgotamento do imperialismo do Ocidente. Para o companheiro, a saída para os planos fascistas que se avizinham em todo o mundo é a luta da classe trabalhadora internacionalista.

Dirigente do Sintrajud Isabella Leal participou de evento nacional. Foto: Arquivo Sintrajud

Plenárias temáticas
O segundo momento da Cúpula dos Povos foi marcado pelas plenárias temáticas que ocorreram de forma simultânea e dividiram os cerca de 600 participantes em quatro grupos com os temas: Justiça Socioambiental e Crise Climática, Lutas Antipatriarcais e Antirracistas no enfrentamento às desigualdades, A luta anticapitalista e a governança mundial e o Internacionalismo e a Soberania dos Povos.

Sobre a temática da luta dos trabalhadores em todo o mundo e a solidariedade de classe, Herbert Claros, do Setorial Internacional da CSP-Conlutas, foi um dos responsáveis por abrir o debate e estabelecer as linhas que seriam discutidas por todos. O companheiro é trabalhador do setor aeronáutico e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

“Para Lula, deveria ser uma ser uma vergonha receber o G20. Estamos recebendo os líderes de países que atacam outros mais fracos, incluindo o nosso país”, afirma Herbert. “O principal ponto que une a solidariedade entre os lutadores hoje são os conflitos, como o que ocorre na Palestina, e uma naturalização da guerra que o sistema está impondo ao mundo”.

Luciana Carneiro, que integra a direção da central, durante intervenção na RCN. Foto: Arquivo Sintrajud

Já na pauta da crise climática o destaque ficou para a contradição do governo Lula em relação à política de meio ambiente que tenta conciliar o desenvolvimento econômico com o discurso da preservação e transição energética.

Em contrapartida, o governo fecha os olhos para a financeirização da natureza, com fundos de investimentos. Para os movimentos de oposição de esquerda ao governo Lula, é fundamental propor um enfretamento anticapitalista para frear o colapso energético ambiental.
A plenária sobre a luta contra as opressões abordou os direitos das mulheres e o feminicídio na sociedade brasileira; a política de segurança pública do Estado brasileiro e genocídio de jovens negros moradores de favelas e periferias dos grande centros urbanos; o ataque aos Povos Originários e Quilombolas, além da perseguição contra a população LGBTQIA+.

Nesse momento, Júlio Condaque, do Quilombo Raça e Classe e do Setorial de Negros e Negras da CSP-Conlutas falou aos presentes sobre a falta de políticas públicas de reparação denunciando o Banco do Brasil, que apesar de ter colaborado com a escravidão, não aceita nenhuma reparação efetiva.

“Eles que utilizaram nossos pais e avós, agora dizem que não farão a reparação. Disseram que apenas aceitam alguma ação de cultura ou show, mas não vão investir em concurso público, em saúde ou educação pros nossos filhos. Por isso que a solução para nós aqui é ir pra rua e construirmos uma carta de reivindicações para estes governos”, explica Julio.

Fabiano dos Santos e Luciana Carneiro, que integram a direção da central, durante reunião nacional. Foto: Arquivo Sintrajud

Ao final das discussões, tudo o que foi debatido e sistematizado foi lido para o plenário. Além de colocar todos a par das discussões, as sistematizações são um plano de luta traçado em conjunto e que ouviu centenas de ativistas de diferentes lugares, com diferentes desafios.

A luta continua
Para fechar o dia, os participantes da Cúpula dos Povos ainda saíram em cortejo pelas ruas do centro do Rio de Janeiro. A última parada seria um bom samba carioca nas redondezas da Lapa, mostrando que o povo faz “tudo junto e misturado”. Onde se vive, se luta, se canta e dança, imaginando um futuro melhor pra todos.

A CSP-Conlutas reitera a importância deste evento que se opõe ao G20 e ao G20 social, este criado pelo desespero do governo Lula, com anuência da CUT e do MST, para que não houvesse qualquer tipo de protesto durante os dias que antecedem à presença dos líderes mundiais no Brasil.

As dirigentes Isabella Leal e Camila Oliveira ao lado do integrante da coordenação da CSP-Conlutas fabiano dos Santos.

As lições que ficam é de que na luta a gente se encontra e que na luta será construída a sociedade que irá de fato emancipar o ser humano. Uma sociedade socialista, sem oprimidos nem explorados. Lutemos por ela!

Leia também:

RCN: Impactos das mudanças climáticas sobre a vida dos trabalhadores é tema de debate

RCN: Coordenação Nacional da CSP-Conlutas debate Reforma Administrativa e privatizações

*Com a informação: Da CSP-Conlutas/Com informações de André Lobão/Sindipetro RJ

*Foto de capa: CSP-Conlutas

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