Franceses ocupam as ruas e fazem greves contra reforma da Previdência


17/01/2020 - helio batista

Foto: Force Ouvrière

O povo ocupou as ruas e obrigou o governo a recuar na reforma da Previdência, mas as manifestações continuam e exigem o fim da reforma. Tudo isso vem acontecendo na França, onde mais de 40 dias de protestos e greves já levaram o governo de Emmanuel Macron a mudar pontos importantes do projeto que pretende ver aprovado no Parlamento ainda neste semestre.

Nesta quinta-feira, 16 de janeiro, as ruas de várias cidades francesas voltaram a ser ocupadas pelos manifestantes, em meio à continuidade da mais longa greve no setor de transportes do país. Desde o início dos protestos, no começo de dezembro, escolas e hospitais deixaram de funcionar, voos foram cancelados e vários serviços públicos ficaram paralisados. Em Paris, a Torre Eiffel chegou a ser fechada.

Em resposta, o governo Macron  retirou provisoriamente da proposta de reforma a instituição de um sistema de pontos para elevar a 64 anos a idade de aposentadoria integral. Atualmente, o benefício pode ser conseguido aos 62 anos. Macron também quer unificar os 42 regimes de aposentadoria em vigor no país.

Apesar do recuo, o governo  conclamou os sindicatos a voltarem à mesa de negociação e insiste na tramitação da reforma, que será apresentada na próxima semana ao Conselho de Ministros. A ideia é conseguir a aprovação do Parlamento até abril ou fazer as mudanças por decreto.

A CGT, principal sindicato dos trabalhadores ferroviários do país, não atendeu á convocação do governo e milhares de manifestantes seguem nas ruas. Pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 15, mostrou que 47% dos franceses apoiam as manifestações.

“Referência para o Brasil”

“Os ataques aos direitos dos trabalhadores no mundo todo têm a mesma natureza e a mesma motivação”, avalia Tarcísio Ferreira, diretor do Sintrajud. Segundo o dirigente, o caso da França serve de referência para o Brasil, que acaba de passar por uma reforma previdenciária contestada pelos trabalhadores e movimentos sociais. Ele lembra que a reforma brasileira elevou a idade mínima para 65 anos, patamar superior ao dos países ricos.

“O exemplo da França mostra que o caminho para enfrentar os ataques aos direitos e aos serviços púbiicos é a unidade e a mobilização”, afirma Tarcísio. “Para fazer frente ao poder político e econômico, só mesmo a voz das ruas.”

As centrais sindicais brasileiras marcaram para 18 de março uma greve geral contra os ataques do governo Bolsonaro – como a prometida reforma administrativa e as PECs que compõem o chamado “Pacote de Maldades”. O Sintrajud ,os demais sindicatos do Judiciário Federal e a Fenajufe vão participar da mobilização.

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