“’Fora, Bolsonaro’ é a tarefa imediata dos trabalhadores”, afirma Plínio de Arruda Sampaio Jr.


29/04/2020 - Shuellen Peixoto
Economista e professor da Unicamp debateu a crise política do governo Bolsonaro na live do Sintrajud na segunda-feira, 27 de abril.

“Bolsonaro e Mourão representam um programa político antidemocrático e totalitário, por isso a tarefa imediata dos trabalhadores é derrubá-los”, esta foi a defesa do economista e professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr, durante a live do Sintrajud que aconteceu na tarde desta segunda-feira, 27 de abril. A décima quinta transmissão ao vivo também teve a participação dos diretores Fabiano dos Santos e Inês Leal.

A demissão do ex-ministro Sérgio Moro e as acusações de possíveis crimes que Bolsonaro teria cometido, aprofundaram a crise do governo. Já são 31 pedidos de impeachment contra o presidente da República protocolados na Câmara dos Deputados. A crise é aprofundada pela pandemia de coronavírus e as medidas governamentais que privilegiam os lucros dos empresários e retiram direitos dos trabalhadores.

Na opinião de Sampaio Jr, a saída de Sérgio Moro aprofunda a crise do país por se tratar de um dos pilares do governo. “Moro é uma das principais lideranças da ultradireita, um dos principais braços do governo e saiu explicitando a contradição entre concepção de Presidência como chefe supremo e o estado democrático de direito”, afirmou.

Ainda segundo o economista, a saída do ex-ministro da justiça é política e catalisa o movimento pela deposição do chefe do Executivo. “Moro sai como líder da oposição e disputa com Bolsonaro quem vai dar a solução autoritária para o país. A saída dele acontece porque ele sente que não tem mais espaço no governo e abandona o barco antes do naufrágio”, destacou Plínio.

No entanto, no jogo político da crise do governo nenhum dos dois demonstram qualquer preocupação com a população brasileira, que sofre as consequências da pandemia de coronavírus, que já vitimou milhares de cidadãos. “Nem Sérgio Moro, nem Bolsonaro estão preocupados com os trabalhadores que enfrentam a pandemia e com a morte das pessoas. Eles brigaram por outro motivo, brigaram por cargos”, ressaltou Inês Leal, servidora do TRT e diretora do Sindicato. “Não pode ser que o lucro e estas disputas sejam colocadas acima da vida das pessoas, isso mostra a necessidade de tirar o Bolsonaro e este projeto nefasto de governo”, concluiu a servidora.

Plínio também alertou que, apesar do aprofundamento da crise, não é fácil derrubar o governo em um momento em que não são possíveis protestos de rua. “Estamos num impasse histórico grave. De um lado, não é fácil fazer o impeachment do Bolsonaro sem estar nas ruas para legitimar, e, por outro, essa classe política que comanda [o país] não tem credibilidade para derrubar o presidente”, afirmou o professor que também não aposta na alternativa de golpe militar. “Não me parece que há base para um golpe como o de 1964 que, antes de militar, era civil-empresarial. Não está clara a base de apoio empresarial e nem mesmo se os militares de pijama que estão no governo representam a base militar”, ressaltou.

“Neste cenário, para que haja um desfecho favorável a esta crise é fundamental que os trabalhadores entrem em cena, construam o alicerce para combater a crise e para disputar o futuro”, concluiu o professor.

Para a diretoria do Sindicato, defender a saída de Jair Bolsonaro da Presidência ganha mais importância por ser parte da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, principalmente do funcionalismo público, que é o alvo da equipe do governo. Durante a live, o diretor Fabiano dos Santos lembrou que, durante um pronunciamento na segunda (27 de abril), o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que ‘servidor não pode ficar em casa com a geladeira cheia, enquanto milhões perdem o emprego”, desconsiderando que o funcionalismo está na linha de frente do combate à pandemia.

“Defender o ‘Fora, Bolsonaro’, neste cenário, é lutar contra este projeto de ataques aos trabalhadores, que se personifica hoje no presidente e no ministro da Economia, que não estão preocupados se as pessoas estão passando fome, mas com a parcela de trabalhadores que está com a geladeira cheia”, afirma Fabiano dos Santos, servidor do TRT e diretor do Sintrajud. “Guedes deveria discutir as condições de trabalho dos que estão enfrentando diretamente a pandemia e a preservação da vida das pessoas. É um absurdo que, ao invés disso, ataque mais uma vez os servidores públicos”,  finalizou.

Toda segunda e quinta-feira tem live

Buscando manter o diálogo com a categoria, desde o início do isolamento social para conter a propagação de coronavírus, o Sintrajud está realizando os bate-papos virtuais sobre temas de interesse da categoria. As lives do Sindicato acontecem sempre segunda-feira, 17h30, e quinta-feira, 11h, com transmissão pelas páginas no Facebook, no YouTube e também pelo site. Os vídeos ficam disponíveis em todos os canais.

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