Feminicídio de Mara Helena completa dois anos sem julgamento


24/12/2020 - Luciana Araujo
Servidora é homenageada pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud, que cobra punição do assassino.

Na noite de 24 de dezembro de 2018,  dois dias antes de seu aniversário de 52 anos, Mara Helena dos Reis, servidora da Justiça Federal em São Bernardo do Campo, foi vítima de feminicídio em contexto de violência doméstica.

Mara era contadora de profissão e analista judiciária lotada no Núcleo de Apoio Regional da JF, onde atuava como supervisora de cálculos judiciais. Funcionária da Seção Judiciária de São Paulo desde 12 de novembro de 1996, foi diretora de base do Sintrajud e ativa participante e organizadora de greves e mobilizações da categoria.

O autor do crime, Leandro Lustoza dos Santos, vivia sob o mesmo teto de Mara em Ribeirão Pires, região do ABC Paulista. E confessou que, após ter sido interpelado pela servidora por estar alcoolizado, discutiu com ela, foi até a cozinha e lhe desferiu vários golpes de faca. Na sequência, pegou o cartão de crédito, o celular e o carro de Mara, deixando-a para trás. Dois dias depois, num bar em Juquitiba, comentou o que tinha feito e ao chegarem os agentes da PM confessou e levou a equipe ao local do crime. Preso desde então, Leandro vai a júri popular ainda sem data.

O Ministério Público pede a condenação de Leandro por feminicídio em contexto de violência doméstica e furto, por motivo fútil. A pena é de 12 a 30 de reclusão.

O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo. Dados do Atlas da Violência divulgados no ano passado indicam que os registros deste crime cresceram 17% em cinco anos. Na pandemia, o necessário isolamento social para preservação frente ao novo coronavírus também fez crescer os assassinatos de mulheres em contexto de violência doméstica (um dos aspectos que juridicamente qualificam o feminicídio).

Coletivo Mara Helena dos Reis

Como forma de homenagear a colega, o Coletivo de Mulheres do Sintrajud, fundado em novembro de 2017, recebeu o nome de Coletivo Mara Helena dos Reis. As integrantes acompanham o caso e cobram justiça para Mara.

O Coletivo é aberto a servidoras, terceirizadas, estagiárias e funcionárias do Sindicato.

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