Ensaio para a greve geral reúne milhares de trabalhadores na Paulista


03/04/2017 - helio batista

A quatro semanas da greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência, trabalhadores de diversas categorias mostraram que a mobilização para barrar os ataques do governo Temer já é grande e tende a crescer ainda mais. Na sexta-feira, 31, dia de protestos por todo o país, milhares de trabalhadores fecharam a Avenida Paulista com um ato público diante do Masp, seguido de caminhada pela rua da Consolação até a Praça da República.

O ato começou com uma assembleia dos professores da rede estadual, ganhou o reforço de outras categorias convocadas pelas centrais sindicais e, na Praça da República, juntou-se a uma manifestação dos professores municipais. Ao longo do dia, a capital paulista teve bloqueios de estradas, atos e passeatas, que se somaram a manifestações realizadas em cidades da região metropolitana, do interior e da Baixada Santista.

“Até o dia 28 [de abril], temos de fazer várias atividades para mobilizar as pessoas contra as reformas”, disse Maria Irês Graciano, diretora de base no TRF-3. “Isso aqui é só um ‘esquenta’ para a greve geral”, afirmou.

Em meio à diversidade de movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais, uma mesma pauta unificou a mobilização: o repúdio às mudanças na Previdência e na legislação trabalhista, incluindo o projeto que libera a terceirização em todos os postos de trabalho (sancionado pelo presidente Michel Temer no final do dia).

Ainda na sexta-feira, a divulgação de uma pesquisa do Ibope mostrou que a aprovação ao governo Temer caiu de 13% para 10%, enquanto a reprovação subiu de 46% para 55%.

“Há um ano eu conversava com alguns colegas que concordavam com a necessidade da reforma da Previdência e hoje eles não concordam mais, o que mostra que caiu por terra o argumento do governo Temer, de que a Previdência é deficitária”, afirmou Marcos Pereira, servidor da Justiça Eleitoral que participou do ato na Avenida Paulista.

“O povo já está percebendo que essas reformas rasgam a Constituição para retirar direitos”, acrescentou o oficial de justiça da JF Erlon Sampaio, diretor do Sintrajud e coordenador da Fenajufe.

“Com a construção de uma grande  greve geral poderemos derrotar as reformas da previdência e trabalhista e também botar para fora Temer e esse congresso de corruptos”, discursou, do alto do carro de som, a diretora do Sintrajud e servidora da JT Barra Funda Inês Leal de Castro.

O servidor do TRF-3 Antônio Melquíades, o Melqui (foto à esquerda), também diretor do Sindicato, chamou a atenção para a urgência da mobilização diante da rapidez com que
pode tramitar a reforma trabalhista. Ao contrário das mudanças na Previdência, a reforma que acaba com vários direitos garantidos na CLT não depende de emenda constitucional.

“O projeto pode sair da comissão especial da Câmara direto para o plenário do Senado”, observou. “Só o povo na rua pode barrar esses ataques; precisamos da greve geral para mostrar a esses deputados e senadores que não vamos permitir isso.”

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