“Enquanto houver capitalismo, haverá exclusão”, afirmou liderança do movimento anticapacitista em reunião


01/08/2024 - Giselle Pereira

Com a participação de colegas do Sintrajud e de outras entidades, o Sindicato realizou a segunda reunião das servidoras e servidores com deficiência. Na oportunidade, discutiu-se “a luta anticapacitista no Brasil”, com Mayra Ribeiro, que é ativista. A atividade trouxe à tona o debate que vem sendo historicamente negligenciado e posto na invisibilidade.

Também foram repassados informes sobre a mobilização em defesa do PCCS, nos dias 7 e 8 de agosto, com atos em São Paulo e em Brasília; e ainda sobre o adiamento da audiência quanto ao Capacitismo no serviço público, que seria realizada em julho, no plenário da Câmara dos Deputados.

“Apesar de estar presente em toda a história da humanidade, as pessoas com deficiência foram tratadas de diferentes maneiras ao longo do tempo”, ponderou Mayra Ribeiro, que é assistente social e militante pelos direitos das pessoas com deficiência, que trouxe o debate sobre a luta anticapacitista no Brasil. Durante a apresentação, relacionou o capacitismo com o capitalismo.

Para ela, o capacitismo se sustenta em questões estruturais da sociedade capitalista, que é, em sua essência, excludente. Nesse modelo de sociedade, os corpos das pessoas com deficiência estão fora da ordem capitalista e, portanto, são um obstáculo. Isso resulta na invisibilidade das pessoas com deficiência e na ausência de políticas públicas.

Dentro desses limites, nas últimas décadas, a pauta teve avanços consideráveis, quando a Constituição de 1988 tratou do tema. Outro documento importante para fortalecer a luta das pessoas com deficiência foi a Convenção de Salamanca (1994), que trouxe o combate a atitudes discriminatórias. “Somente em 2015 foi criado o estatuto da pessoa com deficiência para assegurar e promover condições de igualdade, exercício dos direitos e das liberdades fundamentais”, lembrou, reforçando que, apesar dos avanços e conquistas, enquanto houver capitalismo, haverá exclusão.

Mayra criticou a fragmentação do movimento e salientou a importância da interseccionalidade diante das diferentes formas de preconceito e discriminação a que estão submetidas as pessoas com deficiência. Destacou a Parada do Orgulho das Pessoas com Deficiência, que vem sendo realizada como forma de gerar visibilidade à pauta do movimento. “Neste ano, a parada já ocorreu em Brasília, Belo Horizonte e em outros locais. E em São Paulo será no dia 22 de setembro”.

Durante a atividade houve relato de uma servidora, que se sente cotidianamente tida pela administração como alguém que quer tirar vantagens, por reivindicar direitos, inclusive preconizados pelo Conselho Nacional de Justiça. “Estou feliz por fazer parte desse grupo no Sintrajud, que vem enfrentando diversas administrações em defesa dos servidores e servidoras deficientes”, disse a colega.

Na avaliação da diretora Isabella Leal (TRT-2), o debate realizado na reunião foi enriquecedor. “Foram trazidos importantes aspectos sobre as pessoas com deficiência e de como o capitalismo leva ao capacitismo e como é necessário o conhecimento para combatê-lo”. A próxima reunião deverá ocorrer no dia 27 de agosto, às 19h30, via Zoom.

Informes

O coordenador geral da Fenajufe Fabiano dos Santos, tratou dos informes sobre a mobilização nacional em defesa do PCCS. Em São Paulo, os atos serão presenciais e ocorrerão nos dias 7 de agosto no TRT-2, na Barra Funda, e 8/8 no Fórum Pedro Lessa (Av. Paulista). Já os colegas que irão à caravana do Sintrajud a Brasília passarão o dia 7/8 organizando a manifestação no DF, fazendo contatos com ministros do CNJ e demais tribunais superiores; no dia 8/8 protestarão em frente ao CNJ, em atividade nacional unificada.

Outro informe foi repassado pela diretora Isabella Leal que disse aos colegas sobre a suspensão por Arthur Lira (PP-AL) da audiência da Comissão de Administrativo e Serviço Público que discutiria o “Capacitismo no serviço público”. A atividade foi adiada para o segundo semestre.

Isabella lembrou que na ida a Brasília, juntamente com a diretora Rosana Nanartonis (aposentada/TRE) e Mayra Oliveira, que estava representando a Frente das Pessoas com Deficiência, abordaram o senador Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e conseguiram dele um compromisso [que foi confirmado com a publicação da nomeação da senadora Mara Gabrilli (PSD/SP) para a relatória] quanto ao projeto que trata de cotas para pessoas com deficiência (PCDs) em cargos de chefia nos serviços públicos (PL 300/2017).

 

#paratodosverem

Na imagem vê-se uma reunião virtual, fundo preto, com fotos: Isabella Leal, branca, com batom vermelho e blusa colorida. Gilson Amaro, branco, de cabelo curto, liso e preto, usa camisa azul clara. Adonis Ferreira, branco, cabelos castanhos, óculos de grau e fone de ouvido. Rosana Nanartonis, branca, cabelos curtos, castanhos, com óculos de grau, blusa rosa e desenho na cor branca. Fabiano dos Santos, homem, branco, cabelos loiros e grisalhos, casaco cinza e blusa preta, usa óculos. Ciro Manzano, branco, com barba e cabelos também brancos, leva óculos de grau, camisa preta, sorriso largo. João Carlos, branco, cabelos castanhos escuros, de camisa azul. Robson, branco, calvo, moletom vermelho. Mayra, branca, veste blusa vermelha. Patricia Aguiar, branca, cabelo curto e preto, leva óculos, blusa preta com listras transversais. Quanto aos outros participantes: Mônica, Mateus, Ana Virginia, Renata, não aparecem seus registros fotográficos, apenas tendo sido disponibilizados seus nomes, porém participaram normalmente da reunião.

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