Em meio a bombas e gás, multidão entoa “Fora Temer” na Esplanada


24/05/2017 - Shuellen Peixoto

Foto: Thiago Macambira / Jornalistas Livres

Em meio a bombas de gás lacrimogênio, repressão da cavalaria e tiros de balas de borracha contra manifestantes, que em alguma medida revidam com pedras, mas resistem mesmo é com o corpo e a coragem, volta e meia eclode no extenso gramado que divide os dois sentidos da larga Esplanada dos Ministérios um vibrante grito de “Fora Temer”. Explosão de uma multidão revoltada com a ação policial, com os escândalos de corrupção e com os projetos que reduzem direitos sociais e trabalhistas que o governo e parte dos parlamentares querem aprovar.

O talvez mais forte desses momentos ocorreu quando faltavam poucos minutos para as 15 horas, quando a massa se recompôs em maior número, e foi seguido de uma nova e violenta investida da Polícia Militar do Distrito Federal contra os manifestantes. “Foi de arrepiar”, disse Arthur Freitas,  estudante que cursa Ciências Sociais na Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, sobre o coro entoado pela multidão.

Natural de uma pequena cidade de Mato Grosso do Sul, o estudante de 23 anos se disse impressionado com o tamanho do protesto. “Não precisava tanto”, conseguiu brincar com a reportagem ao ser indagado se o ato estava grande. Pela primeira vez em Brasília, disse jamais ter visto algo parecido, em dimensões e em violência policial. “A gente vê pela televisão a repressão aos atos, mas não tem ideia de como é viver isso na realidade”, disse.

Às 16h30 da tarde desta quarta-feira (24), milhares de pessoas ainda se reuniam na Esplanada, resistência da Marcha a Brasília que reuniu dezenas de milhares ou talvez mais de cem mil pessoas na capital federal. Caso tudo tivesse ocorrido como planejado na véspera, na reunião de todas as centrais sindicais, o ato contra as reformas da Previdência e trabalhista e pelo fim do governo Temer estaria começando nesta hora em frente ao Congresso Nacional.

Embora muitas centrais já tenham declarado o encerramento da manifestação – as principais exceções são a CSP-Conlutas e a Intersindical –, uma multidão permanece no centro do cambaleante poder político do país a insistir que o ato não acabou.

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