Eleição de Maia reforça urgência de unidade contra reformas, diz servidor


24/02/2017 - joebetho

A recondução do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara com uma larga votação, que lhe deu a vitória em primeiro turno, aumentou ainda mais a preocupação de dirigentes sindicais do funcionalismo público com as “reformas” previdenciária e trabalhista. O parlamentar obteve 293 votos e derrotou cinco candidatos, resultado que, em boa parte, pode ser creditado ao presidente Michel Temer (PMDB), que não chegou a declarar publicamente apoio à candidatura, mas teria trabalhado por ela nos bastidores.

Para o servidor Helênio Barros, da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro e dirigente da Fenajufe, a reeleição de Maia reforça a ideia de que o governo está com a “faca e o queijo” e a necessidade de muita mobilização que seja possível barrar as reformas: “Temos que ir para as ruas urgentemente”, disse o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU.  “Só a unidade da classe trabalhadora poderá barrar esses ataques, não adianta tentar nenhum lobby sem demonstrarmos força”, avaliou.

Citado na Operação Lava-Jato – que investiga as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos –, Rodrigo Maia declarou prioridade para as “reformas” previdenciária e trabalhista imediatamente antes e depois de ser reeleito. “Precisamos terminar 2018 com a certeza de que a Casa comanda a reforma do Estado brasileiro”, disse a jornalistas.

Disse ainda, no dia seguinte, que vai instalar na segunda semana de fevereiro a comissão especial da reforma da Previdência. Anunciou o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) como presidente da comissão especial da reforma da Previdência e o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) como relator. Para a reforma trabalhista, apontou Rogério Marinho (PSDB-RN) para a relatoria.

O bloco que o elegeu é composto por 13 partidos: PMDB, PSDB, PP, PR, PSD, PSB, DEM, PRB, PTN, PPS, PHS, PV e PTdoB. Ele derrotou Jovair Arantes (PTB-GO), que obteve 105 votos; André Figueiredo (PDT-CE), 59 votos; Júlio Delgado (PSB-MG), 28 votos; Luiza Erundina (Psol-SP), dez votos; e Jair Bolsonaro (PSC-RJ), quatro votos. Houve cinco votos em branco. O resultado demonstra que perdeu força o chamado ‘Centrão’, que reúne setores menos prestigiados na Câmara e que foi fomentado pelo ex-presidente da casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso por conta da Operação Lava-Jato.

O jornalista Raymundo Costa, do jornal “Valor Econômico”, avaliou que o resultado foi uma demonstração de força do governo para aprovar as reformas. “Maia venceu no primeiro turno com 293 votos, 15 a menos que o número necessário para aprovar emendas constitucionais, o que exige o quórum qualificado de 308 votos”, escreveu. O jornalista e colunista do “Valor” observa ainda que outro candidato da base do governo, Jovair Arantes (PTB-GO), foi a opção de outros 105 deputados. “A votação de Maia reforça a contradição da gestão Temer, um governo cuja popularidade é débil, mas é muito forte no Congresso”, disse. O colunista político observa, porém, que isso não significa que a aprovação das reformas será um passeio para o Planalto. “A mistura da baixa avaliação com a votação de medidas impopulares pode resultar numa combinação explosiva”, assinala.

No final do ano passado, na votação em segundo turno que votou a proposta de emenda constitucional 55 no Senado, o governo obteve apenas quatro votos além do mínimo de senadores exigidos para aprovar matérias que modificam a Constituição. O resultado da eleição na Câmara revela estar dando resultado as articulações políticas de Temer para se manter forte no Congresso apesar da imensa impopularidade que desfruta. O que não lhe assegura a aprovação das ‘reformas’, mas é visto por dirigentes sindicais como mais um sinal de que será preciso muita mobilização para barrar projetos que são classificados como próximos ao fim do direito à aposentadoria e das leis de proteção trabalhista.

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