Debate sobre valorização da carreira marca terceiro dia do 11º Congrejufe


30/04/2022 - Shuellen Peixoto
Servidores debateram as mudanças do mundo do trabalho, reestruturação da carreira e recomposição salarial.

O terceiro dia do 11º Congresso Nacional da Fenajufe foi aberto com um debate sobre valorização e reestruturação da carreira dos servidores do Judiciário Federal e do MPU. Na manhã desta sexta-feira, 29 de abril, servidores participaram de um painel para debater o tema, além das mudanças no mundo do trabalho pós pandemia de covid-19 e tirar dúvidas sobre a luta pela recomposição salarial.

O painel teve a participação de Marilane Teixeira, doutora em Desenvolvimento Econômico; Ricardo Festi, professor de Sociologia da Universidade Nacional de Brasília; e dos assessores da Fenajufe no Fórum de Carreira do CNJ Luiz Alberto dos Santos, consultor legislativo, e Vera Miranda, especialista em gestão pública.

Todos os debatedores ressaltaram que a pandemia e o avanço do teletrabalho em todas as áreas, inclusive no Judiciário Federal, traz preocupações quanto a condições de trabalho. “Pensar no mundo do trabalho no pós pandemia é perceber o avanço do processo de uberização, que traz muita precarização. O problema não é o trabalho remoto, o problema é o aumento das metas e a responsabilização do trabalhador por todos os custos do trabalho, com materiais, internet, energia elétrica, por exemplo”, afirmou Ricardo Festi.

Para Vera Miranda, na categoria o processo de mudanças no formato do trabalho já vem sendo aplicado há bastante tempo. “Desde 2007 estamos passando por uma mudança total do processo de trabalho, com delimitação da jornada, sem o mínimo de proteção, além dos impactos das reformas trabalhistas, previdenciárias e da Emenda Constitucional 95, utilizadas para incremento da produtividade exigida, que impactaram na nossa carreira”, destacou Vera.

“A decisão do CNJ de aportar no PJe o pilar de formato do trabalho traz em si toda uma mudança para categoria, não é outro trabalho, mas é a mesma prestação jurisdicional que exige novas competências, são novas áreas que têm que ser expressas nas resoluções que tratam sobre o fazer do trabalho”, afirmou ainda a assessora da Fenajufe sobre o teletrabalho. Ainda na opinião de Vera Miranda, é preciso aprofundar o debate sobre as garantias de condições de trabalho remoto  no Judiciário Federal e MPU.

Luiz Alberto destacou as perdas salariais da categoria pela falta de reajuste e data-base. “No caso do Judiciário, observando a evolução remuneratória de 1996 a 2022 houve ganhos importantes, mas essa situação não tem se preservado, estamos em movimento de queda livre pelas perdas sistemáticas e aumento da inflação, temos a partir de 2019 uma perda bastante significativa”, disse Luiz Alberto.

Fotos: Jesus Carlos.

Luiz Alberto dos Santos afirmou ainda que a proposta de reajuste salarial de 5%, que, após a mobilização unificada dos servidores públicos federais vem sendo colocada pelo governo, está muito longe de alcançar as perdas que a categoria vem acumulando. “A projeção é que, de janeiro de 2019 a dezembro deste ano, a inflação acumulada chegue a 34,74%”, destacou o assessor. “O problema é uma bola de neve e temos que atuar para resolver. A hora é agora, é necessário prezar pela organização e mobilização dos servidores do serviço público nesta luta”, finalizou.

O 11º Congrejufe acontece até o dia 1º de maio. Na programação ainda acontecerão debates sobre a carreira dos servidores do PJU e MPU e aprovação da pauta de reivindicações e plano de lutas da categoria para o próximo período. O Congresso também elege a próxima diretoria da Fenajufe. Acompanhe aqui no site as informações sobre o evento.

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM