A tarde desse sábado (23 de novembro) foi dedicada ao debate “Luta das mulheres – enfrentamento ao racismo, ao capacitismo e a todas as violências e opressões”. A atividade contou com a participação de três palestrantes, que discutiram de forma interseccional como as opressões e a exploração se combinam no dia a dia. O grupo reforçou a Campanha Sônia Livre, que pede liberdade para a mulher negra, surda, vítima de trabalho escravo em Santa Catarina.
O debate híbrido contou com a participação da jornalista e professora Manoella Back, da assessora da Deputada Sâmia Bomfim e membro do Coletivo Nacional Juntas Mayra Ribeiro e Vera Lúcia Salgado, mulher negra ex- candidata à Presidência da República e integrante da direção nacional do PSTU. “O Sintrajud reafirma o compromisso com a luta contra todas as formas de opressão e exploração”, disse durante a abertura do evento, dando boas-vindas, a diretora do Sindicato Ana Luiza Figueiredo, uma das mediadoras do debate.
Na avaliação da dirigente e coordenadora do Núcleo de Servidores e Servidoras com Deficiência Isabella Leal (TRT-2), discutir a violência contra as mulheres é importante, mas para isso é necessário se fazer recortes. “A mulher preta sofre mais violência que a mulher branca e a mulher com deficiência mais que as mulheres sem deficiência”, disse. Ponderou, ainda, que as pautas de opressões também precisam ser discutidas com os homens para combater o machismo, a misoginia e qualquer tipo de violência contra as mulheres. A atividade foi organizada pelo Coletivo de Mulheres Mara Helena dos Reis e o Núcleo de Servidores e Servidoras com Deficiência do Sindicato, com apoio da diretoria da entidade.
À mesa, no auditório do Sintrajud, Vera Lúcia Salgado, ex-candidata à Presidência da República e integrante da direção nacional do PSTU, enfatizou a luta contra a opressão das mulheres, o racismo e a exploração. “O sistema capitalista transforma as nossas diferenças em desigualdades. Por isso, nos mobilizamos para dar fim a esse sistema que nos explora”.
Outra que também contribuiu com o debate foi Mayra Oliveira, que explicou o conceito de capacitismo corponormativo. Alguns estudiosos afirmam que o preconceito contra pessoas com deficiência vem do que chamam de ‘corponormatividade’. “A sociedade tem uma norma de como deve ser o corpo das pessoas e não tolera a diversidade corporal que existe na realidade”, expôs a assessora da Deputada Sâmia Bomfim e membro do Coletivo Nacional Juntas.
Já a jornalista e professora Manoella Back lembrou que o capacitismo está para as pessoas com deficiência da mesma forma que o racismo para as pessoas negras, o machismo para as mulheres, a LGBTfobia para os LGBTQIA+. “A interseccionalidade é um conceito central para entender como os diferentes marcadores sociais se combinam”.
A Campanha Sônia Livre, que reúne apoios nacionais e internacionais pela reversão das decisões do ministro do STJ Mauro Campbell Marques e do ministro do STF André Mendonça, também esteve em discussão. A coordenadora do Coletivo de Mulheres Mara Helena dos Reis, Luciana Carneiro (TRF-3), fez um chamado à luta em defesa da liberalidade de Sônia. “Essa é uma situação interseccionada pelo racismo, machismo e o capacitismo que atinge mulheres negras com deficiência e que precisa de todo o nosso apoio”, finalizou.
O segundo painel, previsto para acontecer após a mesa das mulheres, devido a questões operacionais, foi adiado. A diretoria do Sintrajud pede desculpas. Tão logo seja marcada nova iniciativa, a categoria será informada. Além de dirigente Ana Luiza Figueiredo, o debate contou com a mediação da coordenadora do Núcleo de Servidores e Servidoras com Deficiência, Isabella Leal (TRT-2).
A atividade, que foi realizada em comemoração ao Novembro Negro – mês que marca as celebrações da luta antirracista no Brasil – e aos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.